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Formato inovador faz do festival Doce Maravilha um acontecimento
Publicado em 07/08/2023

Shows que o público verá este fim de semana, no RJ, foram criados exclusivamente para o evento; artistas e realizadores comentam

Por Eduardo Fradkin, do Rio

Caetano Veloso: recriação do mítico álbum 'Transa' na íntegra. Foto: Twitter/Caetano Veloso

O Doce Maravilha, festival de música que ocupa a Marina da Glória, no Rio de Janeiro, este fim de semana, já se tornou um dos acontecimentos deste inverno. Não só por ser um evento inteiramente dedicado à música brasileira ou porque os ingressos para um dos dois dias (domingo) já se esgotaram. É, principalmente, pelo seu formato inovador que ele pretende deixar uma marca, transformando esta edição na primeira de várias. O que o público verá nos dois dias de shows será único, irrepetível, já que o veterano produtor Nelson Motta e o coletivo Mangolab (conhecido pelo festival Rock the Mountain) propuseram aos artistas criar apresentações singulares. 

"O Doce Maravilha difere de todos os outros festivais pela curadoria. Aliás, nem falamos muito a palavra festival. Para nós, ele é uma grande festa e homenagem à música brasileira e aos nossos artistas. O Nelson Motta trouxe toda a essência, como Caetano Veloso cantando o disco 'Transa', com a participação de Jards Macalé, depois de 50 anos do seu lançamento. Marcelo D2 vai tocar o álbum 'A Procura da Batida Perfeita'. Gilberto Gil se apresentará com o BaianaSystem. Michael Sullivan vai cantar Tim Maia e Xuxa. A parceria com a MangoLab trouxe as novidades, como Os Garotin, Tamenpi, DJ Tamy e outros. Então, foi uma junção de várias ideias e gerações para fazer um evento único e para todos os gostos", define Luiz Guilherme Niemeyer, da Bonus Track, empresa responsável pela realização do Doce Maravilha, que tem o apoio da UBC.

Em dois palcos — e uma pista reservada aos DJs —, os 28 artistas convidados farão shows para um público que pode chegar a 15 mil espectadores. Nelson Motta lembra, com alívio, que um primeiro esboço do festival, em um lugar com metade da capacidade de público e estacionamento difícil, foi malogrado.

"Faz muitos anos, eu e o Luiz Oscar Niemeyer projetamos um festival com um conceito parecido. Ia ser no Forte de Copacabana. Graças a Deus não deu certo. Não seria um lugar adequado. O Doce Maravilha é um update desse projeto. Além do Lulu (Luiz Oscar Niemeyer) e de mim, estão nessa empreitada o filho dele e o Rodrigo Tavares (CEO da Mangolab). Então, juntamos a experiência dos veteranos com essa juventude, que trouxe novas ideias. Isso deu uma diversidade geracional e musical ao evento. Tem artistas dos 20 aos 80 anos. Eu sempre achei a diversidade a maior qualidade da música brasileira", diz Nelson.

VEJA MAIS: O clipe de 'A Procura da Batida Perfeita'

Um dos atrativos do Doce Maravilha é a releitura ao vivo de álbuns que se tornaram clássicos da música brasileira. Um deles é "A Procura da Batida Perfeita", de Marcelo D2.

"Eu sempre quis ver o D2 fazendo um show desse disco, que é um marco não só do hip hop, mas da música brasileira. Eu cheguei a escrever o roteiro de um filme do D2 sobre a juventude dele e o início do Planet Hemp. Admiro muito o trabalho dele", elogia Nelson.

No mesmo dia de festival — domingo, 13 — outro álbum antológico será celebrado: "Transa", gravado há 52 anos por um Caetano Veloso exilado em Londres (e lançado no ano seguinte). O show reunirá, além de um Caetano que comemora 81 anos nesta segunda, 7 de agosto, três músicos que participaram do disco: Jards Macalé, Tutty Moreno e Áureo de Souza (o quarto membro da banda, o baixista Moacyr Albuquerque, morreu em 2000).

"Vamos transar de novo!", brada Jards, antes de explicar a sua função na banda reunida em Londres em 1971. "O Caetano me convidou e me deu a tarefa de direção musical. Mas, na realidade, nós todos demos pitacos e colaboramos nos arranjos. E as ideias das composições foram do Caetano. A formatação final fui eu quem deu. Naquele momento, a nossa melhor diversão era passar dias e noites tocando, descobrindo coisas, brincando de música. A gravação foi o ponto culminante da história. Ensaiamos muito e fizemos vários shows antes de entrar no estúdio. Fizemos shows na Suíça, na França e na própria Inglaterra."

Caetano e Jards durante o processo de criação de 'Transa' em Londres. Foto: Pedro Paulo Koellreutter/Acervo Jards Macalé

No show, Jards conta que tocará violão eletroacústico em "You Don't Know Me" e guitarra em "Nine Out of Ten", as duas primeiras faixas de "Transa". Além disso, cantará com Caetano "Sem Samba Não Dá" e, do seu próprio repertório, "Mal Secreto" ("que é para trazer o Waly Salomão para a roda", brinca Jards, referindo-se ao falecido parceiro que fez a letra da música). Nas semanas anteriores ao festival, ele se preparou sozinho, tocando por cima do áudio do disco. Os ensaios com Caetano foram marcados para alguns dias antes do show. 

Outro esperado reencontro — e que também rendeu um disco — é o de Gilberto Gil com o BaianaSystem, no sábado, dia 12. O guitarrista e membro fundador dessa banda, Beto Barreto, conta que o formato da nova apresentação será diferente do que foi feito em 2019, quando essas duas forças da música baiana se uniram no palco pela primeira vez.

"Naquela ocasião, teve o show do Gil; depois, nós entramos e fizemos sete ou oito faixas junto com ele; aí, ele saiu do palco, e nós (do BaianaSystem) fizemos mais 40 minutos de show. Desta vez, vai ser um show inteiro juntos. Vai haver coisas novas, que não estão no disco. A definição do repertório vai se dar só nos ensaios finais. Nós sugerimos cinco ou seis músicas do nosso repertório que achamos que têm a ver com o Gil. Mas prefiro não revelar nada, porque tudo ainda está sendo discutido", diz Beto, que não tem notícias sobre a possibilidade de surgir um novo disco desse reencontro.

Gil e Russo Passapusso, do Baiana, em cena: encontro raro. Reprodução YouTube

Em 2019, o BaianaSystem e Gil chegaram a planejar uma turnê juntos, e datas foram marcadas na Europa em 2020. A pandemia de Covid-19 infectou esses planos. Mas Beto acha provável que sejam retomados após o Doce Maravilha: 

"A gente acha que esse show tem potencial de rodar. Eu acredito que esse show vai ser o ponto de partida de uma retomada", diz ele.

VEJA MAIS: Anavitória e Samuel Rosa (que estarão juntos no festival) cantam o hit 'Porque Eu Te Amo'

Nomes novos na cena musical também figuram no line-up. É o caso do trio Os Garotin, formado por Anchietx, Cupertino e Leo Guima. Oriundos da cidade de São Gonçalo, no Estado do Rio, eles vêm ganhando a admiração de artistas como Caetano Veloso (em cujos saraus caseiros são convidados a tocar) e Ícaro Silva (que os chamou para uma participação com a banda Black Stars).

"Nosso som é bem brasileiro, uma mistura de música suingada com MPB, e traz a cultura do subúrbio. É uma música bem urbana. Cada um traz uma referência. O Leo vem com uma pegada de soul music brasileira, do tipo Jorge Ben e Tim (Maia). O Anchietx já vem com rap e r&b, uma coisa mais moderna. E eu venho com uma veia de MPB. Quando junta, vira um baile. Os nossos shows são isso mesmo, um baile", explica Cupertino.

João Gomes e Vanessa da Mata, outro dos duos que ganharão show exclusivo

Confira a programação do Doce Maravilha:

Dia 12 de agosto - sábado

Palco Amstel
15:45 - Maria Gadú
18:00 - Anavitoria conv. Samuel Rosa
20:30 - Emicida conv. Maria Rita
23:15 - GilBaiana
 
FARM Apresenta: Palco Mangolab 
14:45 - Os Garotin
16:55 - Los Sebosos Postizos tocam: Jorge Ben Jor
19:15 - Adriana Calcanhotto & Rodrigo Amarante
22:00 - Margareth Menezes & Luedji Luna
 
Pista Gabarito 
17:50 - MangoLab DJ Set
20:25 - DJ Gabarito
23:15 - DJ Tamy

00:30 - Furacão 2000
02:00 - Millos Kaiser
3:30 às 05:00  - DOT

Dia 13 de agosto - domingo (ingressos esgotados)

Palco Amstel
15:45 - Michael Sullivan canta: Tim Maia & Xuxa
18:00 - João Gomes conv. Vanessa da Mata
20:30 - Caetano Veloso canta: Transa c/ Jards Macalé
23:15 - Marcelo D2 canta: A Procura da Batida Perfeita
 
FARM Apresenta: Palco Mangolab 
16:55 - Luccas Carlos & Hodari
19:15 - Orquestra Imperial toca: Rita Lee
22:00 - Liniker & Péricles
 
Pista Gabarito 
17:50 - MangoLab DJ Set
20:25 - DJ Gabarito
23:15 -Tamenpi
00:30 - DJ Ingrid

 

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