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Quem são Os Chapas, a inesperada dupla de produtores que conquistou Anitta
Publicado em 17/08/2023

Projeto uniu o experiente Márcio Arantes, com produções para meia MPB, e DJ Gabriel do Borel, que vem do funk e já trabalhou com Rosalía

Por Chris Fuscaldo, do Rio

O que pode dar a mistura entre um produtor com enorme bagagem de trabalho com artistas de MPB e um jovem produtor de funk já íntimo do universo pop? Resposta: uma parceria inexplicável de tão potente, e que em pouco mais de um ano já conquistou o coração de vários grandes da música pop brasileira. Trata-se de Os Chapas, uma dupla formada por Márcio Arantes e DJ Gabriel do Borel. Juntos, eles já produziram, entre outros singles, “Putaria” (Rubel) e “Funk Rave” (Anitta), este último o primeiro de uma série de parcerias que vêm por aí com a maior responsável pelo salto do funk para o pop e para o mundo.

“A gente se conheceu em um songcamp que eu promovi no estúdio Toca do Bandido para uma cantora espanhola chamada Sila Lua. Eu já vinha stalkeando o Gabriel e, entre os compositores e produtores que chamei, ele estava. A identificação foi imediata. Logo a gente armou um encontro, ele veio para São Paulo e, em alguns dias, a gente fez quase 100 beats”, conta Márcio.   

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Criador do famoso “Beat Borel”, Gabriel Luiz dos Santos nasceu e cresceu nessa comunidade da Zona Norte do Rio de Janeiro. E já ganhou citação em letra de Caetano Veloso (“Sem Samba Não Dá”, do álbum “Meu Coco”) e um lugar no mundo. Autodidata, já produziu para as brasileiras Ludmilla, Pocah e Luísa Sonza (com o hit “Sentadona”), além da megaestrela espanhola Rosalía. Agora, prepara novidades resultantes de suas passagens por lugares como Madri, Los Angeles e Miami. A colaboração com Anitta, aliás, impulsionou ainda mais a carreira internacional de Gabriel do Borel, bem como a de Márcio Arantes, um produtor mais experiente.

“Eu sempre acompanhei o trabalho do Márcio. Ele é um ótimo produtor e compositor. O primeiro encontro foi lá na Toca, e a gente foi se aproximando cada vez mais. Ele foi me chamando para participar de projetos, e eu também o convidei pra vários. Produzimos ‘Solteiras Shake’, da Ludmilla, músicas para Pocah, Bad Gyal (espanhola, de reggaeton), Tiago PZK (rapper argentino), artistas que a gente tá de cara, que não consegue acreditar”, afirma Gabriel.

 

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De diferente, a dupla propõe um contraste que, segundo o DJ, “não é comum”:

“A gente acaba colocando instrumentos diferentes, acordes bem complicados, melodias.”

Isso porque Márcio Arantes, além de produtor, é compositor, arranjador e multi-instrumentista. Ganhador do Grammy Latino 2022 pelo álbum “Veia Nordestina”, de Mariana Aydar, o músico paulista transita por gêneros distintos. Já teve músicas de sua autoria gravadas por nomes que vão de Maria Bethânia a Anitta, além de produções e composições com Emicida, Chico César, Liniker, Mariana Aydar, Lenine, Zé Miguel Wisnik, Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci e outros.

Uma de suas principais características é a inventividade.

“Estamos trazendo para o funk e para o pop, beats em melodias que levam baixo acústico, cuatro (instrumento de cordas venezuelano), cavaquinho... ‘Putaria’, por exemplo, mistura acordes de MPB com uma batida de funk. Já precisei regular a quantidade de líquido em uma garrafa de cerveja longneck para achar o tom que queria pra criar uma melodia. Na nossa imersão, chegamos a gravar o latido do cachorro do vizinho”, conta Márcio.

Elementos como esses permearam também as três faixas deles que farão parte do próximo EP internacional de Anitta, que será lançado nesta sexta-feira (18), compostas e produzidas pel’Os Chapas em parceria com outros produtores: “Funk Rave”, com Diplo, já lançada como single; “Casi Casi” (que contém o uivo do cachorro do vizinho), com Decz e Os Brabos; “Used To Be”, com Ilya e o time de compositores de Max Martin (compositor e produtor sueco responsável por hits de Backstreet Boys, Britney Spears, Taylor Swift, Lady Gaga, Coldplay, Ed Sheeran e The Weekend).

As três irão costurar “A Favela Love Story”, uma tríade de clipes que contam uma história de amor na favela.  O primeiro deles foi aquele que gerou polêmica por causa da cena de sexo oral interpretada pela cantora.

“Tivemos três songcamps com Anitta, onde a gente produziu mais de 50 músicas para ela poder escolher, e dentre as escolhidas estão também essas três. Muito gratificante para um moleque da favela, ainda mais nessa parceria incrível com Márcio, criando algo novo, diferenciado”, conclui Gabriel.

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