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Autores da trilha do ano comentam vitória no Prêmio do Cinema Brasileiro
Publicado em 25/08/2023

Associados da UBC, Fabiano Krieger, Lucas Marcier e Pedro Guedes foram premiados pelo filme “Eduardo e Mônica”; eles explicam o projeto

Do Rio

Fotos: reproduções Canal Brasil

Os três vencedores recebem o prêmio no palco

A distribuição de troféus do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na noite de terça (23), contemplou três associados da UBC, criadores da trilha sonora de “Eduardo e Mônica”, filme inspirado na famosa canção da Legião Urbana. Ainda em êxtase, Fabiano Krieger, Lucas Marcier e Pedro Guedes comentaram a alegria de ter terminado em primeiro lugar numa disputa com outros talentosos compositores de música original para cinema. 

“Sempre digo que estar entre os nomeados é a parte mais legal. O vencedor, no final, é sempre uma questão que envolve variáveis que até extrapolam a música em si. Porém, quando se ganha um prêmio dessa dimensão, a sensação é de que algo realmente especial foi feito e tocou as pessoas. Essa afirmação sobre o nosso trabalho é muito potente e nos deixa muito felizes”, afirmou Pedro Guedes à UBC. 

Marcier foi na mesma linha: 

“Fiquei imensamente feliz e surpreso. Tenho muito orgulho do resultado a que chegamos no 'Eduardo e Mônica', eu, Fabiano, Pedro e o diretor, Rene Sampaio, que participa ativamente de todas as escolhas de um jeito muito inspirador. No entanto, estávamos competindo com colegas que admiro muitíssimo, então não estava realmente achando que íamos ganhar.”

Krieger explicou de maneira bem gráfica a sensação de ter ganhado entre tantos craques:

“Não tínhamos nenhuma expectativa de receber esse prêmio. Todos os outros concorrentes eram da pesada, alguns dos nossos ídolos estavam lá. Então, realmente não preparamos nada, fomos curtir com os amigos. Quando anunciaram nosso nome, foi uma sensação tipo 'cara, que coisa engraçada', seguida por 'e agora, faço o quê?'. Ficamos como baratas tontas no palco.”

Com a humildade de quem sabe que o meio da música original é duro — porque repleto de grandes talentos, competição e variadas barreiras —, os três têm anos de carreira mais do que bem-sucedidas. O prêmio, portanto, é a coroação de uma trajetória sólida e de um processo de criação da trilha que foi coletivo e cheio de boas sacadas, como eles explicaram à UBC. Confira:

Lucas Marcier, Fabiano Krieger e Pedro Guedes com seus troféus

LUCAS MARCIER

“Venho me dedicando à trilha sonora há 20 anos. Já fiz inúmeros longas, séries, documentários, novelas. Receber um prêmio como esse dá uma sensação maravilhosa de estar fazendo as coisas direito, cercado de pessoas maravilhosas como Fabiano e Pedro e toda a nossa equipe, e de ter o esforço e o trabalho reconhecido pelos colegas da academia. Um reconhecimento importantíssimo. 

O projeto chegou para mim e Fabiano num momento em que estávamos com muitos outros trabalhos. Como ficamos apaixonados pelo projeto, e sabemos que trabalhar com Rene e Bianca sempre vale a pena, chamamos o Pedro Guedes, que, além de amigo e vizinho de bairro, é um profissional dos melhores e que admiramos muito. Acho que, no final, a união das nossas três visões trouxe um cuidado único para a trilha do filme. Além disso, destaco a atuação do Rene, sempre pronto para realmente dirigir, instigando, sugerindo, provocando sempre com muito carinho e respeito. Esse tipo de parceria com o diretor sempre traz um resultado maravilhoso. Fora isso, contamos com diversos talentos da nossa equipe: Rogério da Costa Jr, Thiago Gomes, Cris Ariel, Gabriel Amorim, Gustavo Krebs, Fabio Henriques, Henrique Vilhena e talentos convidados como Vic Brow, Raphael Miranda, Pedro Mamede, Federico Puppi. Definitivamente, cinema é uma arte coletiva, e a trilha sonora não poderia ser diferente.”

PEDRO GUEDES

“Eu namorei com o cinema a vida toda, mas tive, e ainda tenho, um relacionamento sério com a televisão brasileira. Este ano, estou assinando a trilha da novela das nove, 'Terra e Paixão', em parceria com o Reno Duarte, por exemplo. No entanto, a minha vontade de compor para a tela grande é e sempre será enorme. Sou fascinado pelo ritual do cinema. Espero que esse prêmio me aproxime ainda mais da indústria do cinema brasileiro.

Escrever a música de um filme baseado em uma canção icônica é uma responsabilidade grande. Nosso diretor, Rene Sampaio, nos trouxe a ideia de transportar as texturas folk, os violões de aço e de 12 cordas da gravação da Legião para a trilha do filme. E assim foi nascendo a trilha sonora. Em alguns momentos há cordas e piano, mas a sonoridade da trilha é bem indie, folk mesmo.”

FABIANO KRIEGER

“O que vem com o prêmio é uma certa visibilidade maior para esse trabalho que fizemos. E o que a visibilidade traz? A possibilidade de continuar a trabalhar com isso. A gente sabe o quanto é complicado, no Brasil, viver de música, em primeiro lugar; e viver como compositor, fazendo música. Você só consegue viver das suas composições se elas estiverem a serviço de algo. Qualquer mercado é assim. Se estiver a serviço de um grande público, a música que você faz te permitirá viver daquilo. Se não conseguir quebrar as barreiras do mercado e atingir determinado número de pessoas, e isso é o que acontece com a maioria dos compositores, mesmo que sejam talentosos, é muito difícil. Ou seja, o prêmio é a chance de continuar compondo, no caso a serviço da indústria audiovisual. 

Já do ponto de vista artístico, é muito bacana receber um prêmio pela trilha de um filme que tem a música como um dos personagens principais. Grande parte do nosso trabalho de elaboração de música original foi invisível: criar músicas que soassem a anos 80. Mas ainda tem que levar em conta as dificuldades orçamentárias de qualquer filme: além da música original, era preciso inserir fonogramas nacionais e estrangeiros que ajudassem a localizar aquele espaço-tempo: a Brasília dos anos 1980. É caríssimo inserir fonogramas. Então, teve toda uma logística, e dá uma sensação boa ver que esse desafio foi cumprido.”

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