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Carol e Vitória: sucesso cantando ou compondo para os grandes do pop
Publicado em 28/11/2023

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Foto: Verena Baptista (@verenabaptista)

Irmãs catarinenses falam de criação, autenticidade e novos projetos juntas, enquanto Carol compõe para Sonza, Anitta, Juliette, IZA e mais
 
Por Akemy Morimoto, do Rio 
 
Na efervescente cena do pop nacional, a dupla de irmãs Carol e Vitória é um fenômeno, combinando juventude, autoria, protagonismo feminino e altas doses de personalidade. Com uma base sólida de mais de dois milhões de seguidores no Instagram e um impacto expressivo de sete milhões no TikTok, elas consolidam, em dupla, sua presença como vozes influentes na música brasileira.  

Introduzidas ao público através de covers que desafiavam músicas machistas, o duo exibe sua atitude desde o início da carreira. O primeiro álbum de inéditas veio em 2018, com o nome “Gato Preto”, que ultrapassou 26 milhões de plays só no Spotify. Desde então, lançaram quatro EPs e diversos singles, incluindo colaborações com Rael, Day Limns, Bivolt, Kawe e Tainá Costa. 

Após um hiato no ano passado, período durante o qual ambas as artistas lançaram seus próprios EPs, batizados “CARA” e “COROA” – em que cada uma assumiu sozinha, respectivamente, os vocais de toda sua tracklist –, o duo retornou com força renovada. 
 
Enquanto isso, paralelamente, Carolzinha, assinando com nome e sobrenome (Carol Marcílio), se firmou como uma das compositoras mais requisitadas pelos maiores do pop do país atualmente, gente do gabarito de Anitta, Luísa Sonza, Pedro Sampaio, Juliette, IZA e outros. Algumas de suas criações incluem "Tengo", de Juliette, que dominou o primeiro lugar do Top 200 do Spotify por várias semanas; "Fé Nas Malucas", de IZA e Mc Carol, música vencedora do Prêmio Multishow 2023 na categoria Pop do Ano; "Rolê", na voz Glória Groove; e 14 composições do álbum "Escândalo Íntimo", de Luísa Sonza – entre elas, “Chico” e “Penhasco2”, a última com a participação da diva do pop internacional Demi Lovato..

Essa vasta experiência se reflete diretamente na nova fase da parceria com Vitória. Com cerca de cinco anos de carreira, as irmãs agora sentem-se prontas para apresentar ao mundo suas novas criações, que capturam as personalidades únicas e complementares delas.

Indo para o segundo lançamento da nova era — e novo álbum — do duo, Carol e Vitória apresentam “Antissocial”. Este single, ambientado no universo colegial pop, faz constatações sérias, mas de forma bem-humorada. Atentas ao movimento dos novos artistas pop no Brasil, o objetivo da dupla é unir forças com a geração Z nessa empreitada. Confira, depois do vídeo, o bate-papo exclusivo das irmãs catarinenses com a UBC.  

 

VEJA MAIS: O clipe de "Antissocial"



Como começou a trajetória de vocês na música? 
VITÓRIA: Desde criança, eu sempre gostei muito de postar vídeo na internet, até quando não era moda. As redes sociais abriram uma porta muito importante na minha vida. Lá eu conseguia ter um personagem sem vergonha nenhuma, cantar da forma que eu queria, fazer poesias... Até que comecei a gravar uns covers. Um dia, postei um cover da música “Amianto”, do Supercombo e, quando eu acordei, esse meu vídeo estava numa página do Facebook com uns cinco milhões de curtidas. Aí foi quando a galera começou a me conhecer, eu tinha uns 14 anos. Mas nem sei se consigo dar uma data de “start” da nossa história com a música. Eu lembro da gente pequena, brincando de cantar, e achávamos que todo mundo cantava. A gente não achava que era uma coisa extraordinária, sabe? Achavámos que era normal.  

Depois de um álbum, quatro EPs e diversos singles, vocês decidiram se separar temporariamente como dupla em 2022. Quais foram os motivos para essa decisão? 
VITÓRIA: Começamos (a carreira musical) muito novas, né? Escrevemos música desde os 12 anos. Quando a gente para pra olhar a discografia de Carol e Vitória, tudo respeita muito as nossas etapas, a nossa idade. O nosso primeiro EP lançado era a cabeça da Carol e da Vitória com uns 13 anos, o segundo EP já eram a Carol com 15 e a Vitória com 14. A gente sempre teve a preocupação de respeitar o nosso tempo e o que a gente estava a fim de falar, sabe? Então, houve um momento na carreira que tivemos que realmente parar e pensar: “Cara, a gente quer cada vez mais passar verdade pros nossos fãs, que são pessoas que cresceram com a gente. Então, vamos mostrar mais da Carol e da Vitória individualmente, pra iniciar um momento novo com um mix real nosso”. Foi uma questão até de autoconhecimento. 

Vocês sempre pautaram assuntos e questões sociais femininas nas músicas de vocês. Como isso surgiu? 
CAROL: O nome da nossa mãe é Deusa, a gente foi criada por uma mulher muito forte. A presença do feminino sempre foi muito importante nas nossas vidas. Às vezes, até perguntam pra gente em entrevistas “será que vai ter um dia que vocês não vão falar do feminino?” Eu acho que não é possível, é uma coisa muito nossa. Inclusive, nesse novo disco, a gente vai falar muito sobre a força da mulher, o que passamos juntas, o que passamos separadas, o que nos motivou. É sempre uma buscando apoio na outra e nessa força que existe dentro da gente, por causa desse feminino. 

No clipe de “Amigos Não Se Pegam”, primeiro single dessa nova fase, vocês perguntam para a Luísa Sonza e para o Pedro Sampaio o que é preciso para se tornar um artista pop. Agora queremos saber a resposta de vocês. O que é necessário? 
CAROL: Eu trabalho diretamente com o pop Brasil. Trabalho com Pedro Sampaio, Luísa Sonza, Iza, Juliette. E, tendo essas trocas com esses artistas, que já têm tanto reconhecimento e tanta relevância, o que cada vez mais fica afirmado dentro de mim é: seja autêntico. Se o pop hoje for a cópia de algo que já existe, não vai dar certo. É sobre ser 360º. Não é só sobre a música, na verdade, a música é a última coisa. A música eu me sento aqui agora com a Vitória, a gente bota um beat e faz. Mas é sobre pensar o que eu quero passar para as pessoas com a minha imagem. Qual é o meu discurso? O que eu quero alcançar? Tudo no pop tem que ter um porquê. O que eu mais odeio é chegar numa sala pra compor e alguém olhar pra mim e falar “eu quero hit”. A minha vontade é sair da sala. Eu acho que o hit é consequência de você estar sendo verdadeiro, sincero consigo mesmo, com o seu público, com o que você quer passar. É isso que atrai as pessoas.  

Carol, você começou compondo junto da sua irmã para o duo Carol e Vitória. Quando foi que percebeu que também dava para compor para outros artistas? 
CAROL: Escrever, pra mim, começou como um grande exercício, tanto que a minha irmã sempre foi minha referência master. Ela escrevia as coisas, e eu falava “cara, eu quero escrever tão bem quanto ela”, porque ela sempre teve uma sensibilidade muito grande de traduzir os sentimentos dela, mesmo muito nova. Mas eu comecei, nessa mesma época, num exercício primordialmente pra gente. O insight de que dava para escrever para outra pessoa surgiu em um dia que eu escrevi uma música muito boa, só que, quando eu terminei a música, eu falei: “Eu acho que eu não vejo essa música no nosso projeto, mas eu consigo imaginar a pessoa X cantando." 

E como foi a imersão para compor 'Escândalo Íntimo' em Los Angeles? 
CAROL: A Luísa é uma pessoa extremamente visceral no que ela faz. Ela gosta muito de escrever textos desabafando sobre o que efetivamente está sentindo. E “Escândalo Íntimo” foi bem assim. Ela tinha muitos desabafos em forma de texto mesmo, grandes. Houve outros compositores, mas quem esteve mais próximo nesse processo fui eu, a Luísa e a Jenni Mosello. A gente passou 20 dias juntas em Los Angeles, chorando com a Luísa, acordando com a Luísa, conversando com a Luísa, entendendo do que ela gosta, do que não gosta... Eu, como compositora, não quero que pareça que eu fiz, eu quero que pareça que eu te transcrevi, eu quero que pareça que eu só fui um instrumento ali pra você botar pra fora da melhor forma possível o que você está sentindo. Foi exatamente assim no álbum, e acho que por isso tocou as pessoas. Uma das minhas missões no mundo é auxiliar as pessoas a traduzirem seus sentimentos, isso me deixa muito feliz.  
 
Depois de lançar “Amigos Não Se Pegam” e “Antissocial”, o que mais podemos esperar do álbum de vocês? 
VITÓRIA: Eu acho que, com esse disco, a galera vai conseguir ver muito a dualidade da gente, sabe? A partir de cada beat e cada frase, as pessoas vão conseguir enxergar as nossas individualidades dentro do duo. Por exemplo, quando chegar uma parte da Carolzinha, vão comentar “nossa, isso é muito o estilo da Carolzinha. É rap e tal”. E aí, quando tiver uma parte mais dramática (risos), vão conseguir identificar que é a parte da Vitória. Então, foi muito importante a gente também ter se separado por um tempo pra, hoje, poder mostrar uma coisa sólida e complementar. 

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