Treze grandes artistas de diversos gêneros e gerações se apresentaram para o homenageado; saiba como foi
Do Rio
Fotos: Miguel Sá
Uma noite mágica. Assim descreveram vários dos presentes a festa de entrega do Prêmio UBC 2023, na terça (5), a Caetano Veloso, um dos mais multifacetados e reverenciados artistas da música mundial. Treze astros e estrelas de diferentes gêneros e gerações se revezaram no palco para apresentar suas interpretações de hits de Caetano, que, como já virou tradição nas noites de entrega do prêmio, também cantou, junto aos demais, fechando a celebração. Gilberto Gil, Paula Lima, Luisa Sonza, João Gomes, Ferrugem, Jão, Giulia, Criolo, Tim Bernardes, Jaques Morelenbaum, Pretinho da Serrinha, Ritchie e Zeeba puseram suas vozes e emoções a serviço de uma bonita homenagem.
“Vocês, da UBC, estão proporcionando pra gente um momento tão mágico que acho que nem fazem ideia. A gente tem a oportunidade de cantar pra essa pessoa que o Brasil ama, que a gente ama, que a gente quer bem”, disse Criolo. “Não é sobre quem canta melhor. Não é sobre mim. É sobre a singela oportunidade que a União Brasileira de Compositores está proporcionando a pouquíssimas pessoas de poderem se sentir fazendo parte de algo maior”, completou ele que, com sua versão de “Desde Que o Samba é Samba”, foi um dos últimos a se apresentarem, dando espaço em seguida a Gil, para que o amigo de décadas de Caetano cantasse “Coração Vagabundo”.
Gilberto Gil em sua apresentação voz e violão de "Coração Vagabundo"
Na plateia, a emoção foi de igual quilate. Executivos do mercado musical, compositores, intérpretes e amigos encheram os corredores da Casa UBC, no Centro do Rio, para a festa a Caetano. Com decoração caprichada, projeções de imagens do baiano e trechos de suas letras na fachada do edifício, além de referências ao universo caetaneano por diferentes espaços da UBC, o ambiente era festivo, “intimista e acolhedor”, como observou a presidente da UBC, Paula Lima (que cantou “Festa Imodesta”). Mesmo assim, a ideia de se apresentar diante de tantos bambas e do próprio Caetano não deixava de intimidar.
“Foi minha primeira vez aqui no Prêmio UBC. Pensei que não ficaria nervosa, mas fiquei completamente trêmula. Mas foi um nervosismo muito especial. É um tremer não de medo e de angústia, mas de admiração. Eu estava em paz cantando para ele, mas me tremia. Por ele representar o que representa”, descreveu Luisa Sonza, que cantou “Não Me Arrependo”.
Depois dela, João Gomes subiu ao palco para cantar “Oração ao Tempo”, um momento particularmente emocionante da noite.
“Essa música me toca num lugar muito valioso e especial. A música é uma poesia profunda desde a primeira frase. “És um Senhor tão bonito quanto a cara do meu filho”. Ouvi essa canção estes dias e fiquei pensando “Meu Deus, eu tenho um filho agora”. Hoje o tempo dele é na barriga, depois eu vou vê-lo crescendo, e o tempo passando cada vez mais rápido. O tempo é um senhor bem bonito, mesmo”, disse João.
Ferrugem soltando a voz em "Você é Linda"
De fato, as músicas que couberam a cada um dos intérpretes defender pareciam ter a ver com suas histórias pessoais, com momentos seus relacionados a Caetano. Um dos casos mais evidentes é o de “Shy Moon”, música do disco “Velô” (1984) que teve um feat de Ritchie. Quase 40 anos depois daquele lançamento, o inglês a apresentou ao vivo diante de Caetano durante a festa.
“Lembro que, naquela época, ele estava fazendo o lançamento do ‘Velô’. E, tipicamente Caetano, fez o show antes de gravar o disco. Ele cantou a música. Depois do show, fui ao camarim e falei que a tinha amado. Ele ficou um pouco espantado e disse que a música não ia pro disco. E eu a tinha achado a coisa mais linda do show, a letra maravilhosa, quase uma canção de ninar, parecia uma oração à lua”, relembrou Ritchie. “Aí eu falei pra ele ‘Vamos fazer o seguinte? Já que você não vai gravar, deixa que eu gravo’. Ele desconversou. Meses depois, tocou o meu telefone, e era o Caetano me convidando para gravar a canção com ele. Quando se recebe um convite desses, é um comando, né? Você só vai.”
Giulia apresentando a canção "London London"
A escolha dos nomes para a homenagem e a seleção de um repertório de apenas 12 faixas em meio às centenas de composições espetaculares de Caetano foram duras. Mas a aprovação dos presentes pareceu ser unânime.
“Não é fácil reduzir as obras do Caetano a 12 músicas. É uma tarefa absolutamente inviável. Me causou várias noites de insônia pensar como poderíamos ser originais com a obra dele”, contou Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC. “A gente quis fugir da obviedade e quis chamar gente da nova geração, para que tivesse a oportunidade, pela primeira vez, de cantar para o Caetano. Também procuramos ter uma pegada Brasil, com vários gêneros. Nesse sentido, o homenageado ajuda muito, porque a gente sabe que ele não tem preconceitos. Nossa principal motivação, honestamente, sempre foi tentar fazer o Caetano feliz com um espetáculo honesto.”
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Caetano Veloso recebendo o Prêmio UBC das mãos da diretora presidenta da UBC, Paula Lima, e do diretor da UBC, Manno Góes, na presença do amigo de longa data Gilberto Gil e da apresentadora da celebração Mariana Ximenes.
Ele claramente ficou feliz. Emocionado, agradeceu às homenagens e às palavras carinhosas de todos os que se revezaram em cena para celebrar sua vida e sua obra.
“Esse momento é especial porque eu estou recebendo essa homenagem dos meus amigos compositores. Fico feliz de meus colegas dizerem coisas tão bonitas. Eu não sabia, quando era menino, que aquilo (cantar, compor, ter uma carreira na música) daria certo. Que bom ter caído no mundo da música popular, uma das coisas mais fortes do Brasil”, afirmou.
Veja a lista completa das canções executadas e dos artistas que as interpretaram:
Nos próximos dias, não perca a cobertura completa da festa, com vídeos e fotos, na edição de dezembro da Revista UBC e também nas nossas redes sociais.
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