Regras sobre direitos autorais e informações valiosas sobre criação, gravação e licenças, entre vários outros tópicos, estão nos vídeos
De São Paulo
Um mês e meio depois de ser lançada, a CLIP - Creators Learn Intellectual Property, plataforma de educação e difusão de conhecimento sobre a propriedade intelectual entre criadores (musicais, mas não só), já disponibilizou suas lições em vídeo. E o interesse dos profissionais da indústria é crescente, como pôde comprovar a brasileira Bibi, compositora de inúmeros hits para os maiores do pop nacional, como Anitta, Pabllo Vittar, Luísa Sonza e Wanessa, e participante do projeto na função de apresentadora de algumas lições.
“Várias pessoas do mercado, amigos meus, no Brasil e lá fora, têm me procurado para saber mais sobre a CLIP, pedir informação, depois de ver os vídeos de divulgação em que apareço. Definitivamente, há um interesse crescente por saber mais sobre o mercado, entender suas regras”, diz Bibi à UBC, sociedade da qual é associada. “Esse projeto tem o apoio de tantos elementos da indústria que, usualmente, a gente, como artista, teme... E não teme de uma forma negativa, mas no sentido de uma inacessibilidade. Quando você vê figuras, empresas e corporações globais sendo colaboradoras em coisas assim, mas com linguagem acessível, é algo muito positivo.”
Bibi num trecho de um dos vídeos que gravou para a CLIP. Reprodução
Como ela diz, a CLIP só foi possível graças a uma parceria ampla feita entre a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo), pertencente às Nações Unidas; e compositores e produtores como Björn Ulvaeus (ABBA), Niclas Molinder e Max Martin (através da sua Music Rights Awareness Foundation, ou fundação para a conscientização sobre os direitos musicais), com o apoio de pesos-pesados da indústria. Entre eles, Universal Music, Spotify, SoundCloud e inúmeras entidades internacionais representativas de compositores, intérpretes, editores etc. (como CIAM, Scapr, Cisac, IMPF e outras).
As lições da CLIP (goclip.org/en/music) são muitas e abarcam tópicos como “O Ecossistema da indústria musical”, “Composição”, “Gravação”, “Mixagem e masterização”, “Direitos dos criadores musicais”, “Escopo da proteção por direitos autorais”, “Licenças”, “Como ser creditado e remunerado” e muitos mais. Cada um desses tópicos conta com uma série de subtópicos, todos eles com materiais em vídeo e por escrito, num arcabouço que poderia perfeitamente ser descrito como um curso — e dos bons.
A música é o foco inicial da CLIP, mas, futuramente, outros criadores de arte serão contemplados com novos vídeos, sempre muito bem gravados e editados, e em linguagem simples e acessível.
Por ora, os vídeos estão disponíveis apenas em inglês, mas todo o texto dito é disponibilizado embaixo do player e pode ser facilmente traduzido utilizando-se plataformas gratuitas como o Google Tradutor.
“Gravei várias partes em português, e a ideia dos organizadores era utilizá-las futuramente, além de partes em diferentes línguas, para difundir ainda mais os conhecimentos. Tomara que aconteça!”, diz Bibi. “Acho que uma das coisas mais bacanas dessa plataforma é que ela traz os conhecimentos e regras e tópicos relacionados à música, inclusive coisas sobre disputas entre os diferentes atores do mercado, de uma maneira imparcial. Normalmente, a gente procura conhecer as regras sobre direitos autorais e quem ganha o quê quando há um problema, uma disputa. Mas é interessante aprender assim de maneira neutra, antecipando-nos aos problemas e tendo uma visão geral do mercado. A CLIP parte de um viés que é o bem comum, como todos podemos crescer e aprender, evitando situações constrangedoras no futuro.”
A página inicial da CLIP, com vídeo de Björn Ulvaeus, do ABBA, um dos idealizadores da plataforma. Reprodução
O envolvimento de Bibi, que passou uma temporada recentemente em Los Angeles e estava lá quando foi convidada a gravar sua participação — em perfeito inglês —, não foi gratuito. Cada vez mais, a compositora se firma como um polo de informação sobre direitos autorais, gestão coletiva e mercado musical para seus colegas:
“Tenho participado de mentorias de composição nas quais, no final, sempre me perguntam sobre direitos autorais, Ecad, sociedades, como funcionam as regras, quanto o streaming paga e por quê… Vejo os criadores cada vez mais se interessando por temas que antes eram considerados burocráticos ou alheios ao trabalho artístico. Eles entenderam que precisam conhecer como as coisas funcionam.”
Esse interesse crescente, segundo ela, se deve também à lógica do artista independente que acaba metendo a mão na massa em diferentes aspectos da sua carreira.
“Se a gente quiser fazer dar certo como artista, tem que fazer acontecer: ter a ideia do clipe, da foto, comprar a comida do ensaio fotográfico e… saber como vai cobrar os direitos, como vai licenciar nossas obras, como isso é feito… Toda informação ajuda. Inclusive, esse conhecimento está disponível em diferentes canais, como o site da UBC.”
Ela se refere não só às frequentes notícias sobre o tema que publicamos aqui no site, mas também aos tópicos permanentes, e presentes no menu, sobre as regras gerais de arrecadação e distribuição de direitos autorais.
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