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João Neto e Frederico, os últimos 25 anos e os próximos
Publicado em 01/07/2024

Num papo com a UBC, dupla goianiense conta como superou dificuldades no passado, comenta projetos do presente e diz o que espera do futuro

Por Laura Miranda, de Campo Grande

“Se disséssemos que não fomos influenciados pelos medalhões, estaríamos mentindo. Mas a nossa principal inspiração vem do nosso pai”, sentencia João Neto Nunes, o goianiense que, ao lado do irmão, Frederico Augusto Nunes, forma uma das duplas mais estáveis do sertanejo contemporâneo. Com 25 anos de carreira, eles atribuem às serestas da infância e à tradição musical herdada do bisavô, do avô e do pai o amor por um gênero em constante transformação — e cuja cara atual os dois, claro, também ajudam a moldar.

Enquanto concluem o lançamento, single a single, do DVD que marca uma trajetória de um quarto de século, eles pensam no que vem a seguir.

“Já estamos com músicas escolhidas e, possivelmente em outubro, entramos em estúdio para gravar o próximo (disco)”, diz João Neto.

O irmão completa:

“O trabalho de 25 anos foi todo com participações (de, entre outros, Murilo Huff, Jorge e Mateus, Fernando e Sorocaba, Maiara e Maraísa, Zé Neto e Cristiano). Agora queremos fazer algo mais enxuto. A essência vai ser a música.”

Exatamente como foi lá no começo. Sem redes sociais e com uma internet ainda engatinhando no Brasil, os dois tiveram que se apoiar no próprio talento criativo, sem o peso da imagem e o uso avassalador do vídeo, como ocorre hoje.

"Quando você começa, as portas, claro, estão pouco fechadas," lembra Frederico.

Para abri-las, um velho meio de comunicação — que, ainda hoje, renova sua importância — foi absolutamente fundamental.

"A gente tinha que visitar rádio por rádio. Viajamos a praticamente todas as rádios do Brasil”, brinca João Neto, que relembra os percalços daquele final de século XXI: “Era dificuldade financeira, eram problemas… Chegamos a perder a gravação do nosso primeiro DVD, foi um grande golpe.”

O episódio, uma fortíssima lição de resiliência, os obrigou a recomeçar todo o projeto, em meio a dificuldades financeiras. Marcou a trajetória dos irmãos, que, desde o começo, batalharam para difundir seu trabalho — por exemplo se aplicando pessoalmente na venda, disco a disco, do primeiro CD, o autoproduzido “Esperando Por Um Sonho” (gravado em 1998), para tentar pagar as contas e seguir adiante.

Pouco a pouco, foram se inserindo no mundo sertanejo de Goiânia, saltaram para o resto do país e foram dos primeiros da cena em gravar com artistas de outros gêneros — num crossover que virou a marca do sertanejo atual. De MC Kevinho a Léo Santana e Wesley Safadão, tiveram parcerias com grandes nomes do funk, do pagode baiano, do arroxa. E se mostraram antenados ao pop (gravaram “Um Cara de Sorte”, versão de “Roar”, da americana Katy Perry, que virou hit) e até a gêneros menos familiares às nova gerações.

“A gente sempre ouviu de tudo e curtia muito bolero”, explica João Neto. “A música deu uma modernizada de maneira geral, tivemos que acompanhar.”

Frederico pondera:

“Mas agora estamos gravando aquilo que temos vontade de cantar, que nos emociona.”

Para empresário e amigo deles, Mauricio Dias Dail, conhecido como Mojiquinha, a evidente emoção que transmitem em suas apresentações é uma marca forte dos dois:

“Eu os admiro demais como artistas, acho que são de primeira grandeza. E cantam de verdade, com sentimento. Eles emocionam.”

A busca dessa emoção do público se tornou uma marca da dupla. Por isso eles tiveram tanta dificuldade de aderir às lives durante a pandemia, como admitem. O caráter essencialmente frio das apresentações, sem plateia, não combina com os shows em que aparecem literalmente cercados pelo público.

Ao mesmo tempo, porém, o confinamento obrigatório durante a Covid-19 foi a fase em que mais exploraram o contato com o seguidores através das redes sociais.

"O digital foi transformador (no sertanejo)”, analisa Frederico. "Abriu espaço para muita gente, surgiram novos artistas. Mas, por outro lado, a música vai embora bem mais rápido, tem menor durabilidade… É preciso se adaptar a esse panorama.”

Passado, presente e futuro ligados à música

Com fãs em literalmente todas as regiões e uma carreira em seu auge, João Neto e Frederico se lembram com carinho de alguns projetos em especial.

“O mais recente, o DVD ‘João Neto & Frederico - 25 anos’, tem um lugar especial em nossos corações. É surreal ver como tantas músicas inéditas e colaborações marcantes se uniram nesse trabalho”, vibra João.

Frederico destaca outro:

"Gosto muito do DVD de Palmas, gravado em 2012. Ele tem muita música boa e uma energia única. Cada projeto é uma forma de compartilhar com nossos fãs o que nos move e nos inspira.”

Atualmente, eles celebram ter uma boa fonte de renda nos direitos autorais de suas canções. E elogiam o trabalho da UBC na distribuição dos valores:

"O pessoal da UBC está sempre acompanhando nosso trabalho, dando suporte essencial para nossa carreira," comenta Frederico. "São fundamentais para garantir que nossos direitos autorais sejam respeitados e que nossa música alcance cada vez mais pessoas.”

Para o futuro, esperam poder continuar a inspirar novas gerações do sertanejo e contribuir para a mistura sem fim do gênero com outros sons populares do país.

"Nossa jornada é uma celebração da música e da cultura sertaneja," resume Frederico. "Estamos sempre atentos às mudanças e prontos para nos reinventar, mantendo nossa autenticidade."

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