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Pedro Dash: ‘o funk é o que temos de mais autêntico’
Publicado em 12/07/2024

Integrante do trio de produtores Los Brasileros, ele fala de criação, integração latina e a coroação internacional no Grammy

Por Ricardo Silva, de São Paulo

A cantora e compositora Femingos vem lançando, com milhares de audições quase instantâneas no YouTube, vários singles criados em parceria com eles. Kevin O Chris e FP do Trem Bala foram outros a compor e produzir com eles, no caso a faixa “Faroeste”, que bombou no Spotify em maio. Anitta, Lulu Santos, Karol G, Jão, Ivete Sangalo, Projota: artistas de gêneros tão diferentes, às vezes díspares, têm recorrido a eles em produções que misturam o melhor do pop, o melhor do funk, com um frescor tão evidente que chama a atenção da indústria lá fora.

                                                                                                               Los Brasileros e Anitta

“Eles” são os produtores musicais mais bombados do pop nacional atualmente, o trio Los Brasileros, formado por Pedro Dash, Marcelinho Ferraz e Dan Valbusa. Baseados em São Paulo — e com as antenas apontadas para a América Latina, os EUA e o resto do mundo —, vão construindo um voo internacional que já tem grandes marcos: duas estatuetas do Grammy Latino, em novembro de 2023, e uma do Grammy, em fevereiro deste ano, por participar da produção do álbum “Mañana Será Bonito”, da colombiana Karol G.

As origens musicais dos três são tão variadas quanto os artistas que eles produzem. Pedro e Marcelinho se conheceram ainda adolescentes, quando tiveram juntos uma banda de rock. Anos depois, foi a vez de Pedro topar com Dan como integrantes, os dois, da banda Cine. 

Em suas andanças particulares, Marcelinho abraçou gêneros insuspeitados, chegando a produzir — e bem — coisas para Zezé di Camargo e Luciano e Chitãozinho e Xororó. Pedro abraçou o rap nacional e o funk (com inúmeras produções para Rael, Emicida, Lexa, Pollo). Junto com Marcelinho, criou um selo e produtora, a Head Media, que agencia gente como Jão e Vitão.

Dan se uniu de novo a Pedro — e a Marcelinho — mais recentemente. Trouxe a experiência como guitarrista, a pegada synthpop e electropop que ajudou a criar na Cine e contribuiu para a massa tão plural dos Brasileros fermentar. As coisas que eles têm produzido juntos, para tantos intérpretes, já se traduzem em algo como um bilhão e meio de visualizações no YouTube.

Neste papo com o site da UBC, Pedro Dash conta como eles estão reagindo a toda essa atenção internacional que vêm recebendo desde os Grammys — e o que ainda falta realizar.

Quem, afinal, são Los Brasileros? Como foi que vocês se juntaram?

Nós somos um trio de produção musical composto por Dan Valbusa, Pedro Dash (eu) e Marcelinho Ferraz. Conheci o Marcelinho quando tinha 15 anos, tivemos uma banda de hardcore juntos e seguimos fazendo música até hoje. Em 2007 a gente conheceu o Dan, pois produzimos o primeiro EP do Cine, banda que ele já fazia parte e que eu também me tornei integrante no fim de 2008. A partir daí, as ideias, gostos e formas de trabalhar acabaram nos unindo casa vez mais, e aqui estamos!

 

A vitória no Grammy os pegou de surpresa? Ou era algo esperado?

Com certeza o Grammy Latino e o Grammy eram esperados, sempre foi uma meta aliada a um sonho. Porém, quando rola mesmo é meio surreal. E foi tudo bem rápido, pois já havíamos sido indicados algumas vezes ao Grammy Latino, mas desta vez tivemos a sorte e privilégio de estarmos em um álbum tão grandioso quanto o da Karol G, que acabou nos rendendo tanto os dois primeiros Grammys Latinos quanto o primeiro Grammy.

 

A participação de vocês foi na produção da faixa ‘Mercurio’, certo? Como aconteceu?

Foi bem doido, pois essa música partiu de um instrumental que o Dan fez durante a pandemia e postou nas redes dele. Esse instrumental foi parar na mão de um amigo em comum com a Karol, que ouviu e adorou. Nisso, ela compôs a letra em cima, e ficou tão massa que ela resolveu colocar no álbum. E foi do nada, um dia uma pessoa do time dela ligou pra gente pedindo pra mexermos no tom da música e enviar. Nós finalizamos e enviamos numa sexta-feira, ela foi pro estúdio com o (Esteban Higuita) Wain, produtor colombiano amigo nosso e que também trabalha com ela. Eles finalizaram tudo até domingo, e ela já mandou o álbum pra gravadora na segunda! Foi nos 45 do segundo tempo.

 

Sempre se falou que o Brasil está de costas para o que rola no resto da América Latina. Vocês são o contrário, até o nome de vocês, em espanhol, é uma declaração de intenções de integração. Essa troca está ficando mais comum?

Com certeza, e vai continuar a ser cada vez mais. A barreira de idioma já é menor, os estilos musicais estão convergindo, e os artistas estão se unindo.

 

Acham mesmo que a resistência ao português também tende a diminuir?

O português ainda não é tão facilmente digerível por muita gente lá fora, mas a barreira musical está se rompendo, e a linguística se romperá em breve.

 

É bem palpável o apetite por sons brasileiros nessa explosão atual da música latina nos EUA. Se o reguetón é rei absoluto, nosso rap, nosso trap, o funk e outros gêneros despertam muito interesse. É nisso que vocês apostam?

O funk brasileiro, sem dúvida, é o que temos de mais autêntico e diferente na música urbana do Brasil. E é algo que faz geral se interessar por conhecer melhor. O Brasil tem suas características únicas em qualquer estilo de som. Mas acredito que o que temos de mais rico culturalmente falando, de mais autêntico, são justamente os sons e estilos criados aqui (como o funk), com todas as suas características e particularidades regionais. Lá fora é visto como algo realmente novo.

 

Com quem ainda falta vocês trabalharem? Qual é o grande sonho que ainda têm pra realizar?

A gente já está vivendo o sonho de trabalhar com artistas e músicas em que acreditamos. Temos metas e sonhos andando lado a lado, não dá pra citar geral, mas são muitos produtores, artistas, países e culturas que ainda queremos colaborar. E, obviamente, se tudo isso nos render novos prêmios, serão sempre bem-vindos.

 

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