Foto: Reprodução Agência Gov | Via MinC
Evento reuniu Margareth Menezes, Manno Góes e outros nomes da cultura para destacar a relevância do Axé Music e dos compositores na identidade nacional
Do Rio
A Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados discutiu, em audiência pública realizada nesta quarta-feira (27), a criação do Dia Nacional do Axé Music e do Dia da Compositora e do Compositor Brasileiro. O encontro reuniu parlamentares, artistas, gestores culturais e especialistas, destacando a importância da música como expressão da identidade brasileira e da diversidade cultural.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, abriu a sessão enfatizando a relevância do Axé Music, que celebra quatro décadas de existência em 2025. “Esse movimento é uma celebração da nossa história e resistência. É uma expressão que reflete a origem negra do povo brasileiro e a alegria da Bahia que apresentamos ao mundo”, declarou.
Durante a audiência, o cantor Luiz Caldas, considerado um dos criadores do Axé Music, relembrou os primeiros passos do gênero por meio de um vídeo. Ele destacou a mistura de ritmos e sentimentos que marcaram o nascimento do movimento: “Com ‘Fricote’, em 1985, começamos uma jornada que levou nossa música para o Brasil e o mundo, como no Festival de Montreux em 1990. Essa história merece ser celebrada.”
Também marcaram presença na audiência a deputada Lídice da Mata; o compositor e diretor da UBC, Manno Góes; o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro; o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares; o presidente da Fundação Palmares e fundador do Olodum, João Jorge; além de artistas como Daniela Mercury, Márcia Short, Robson Moraes (Banda Mel) e Rafael Barreto (Jammil). Virtualmente, participaram os cantores Carlinhos Brown e Gerônimo, além da cantora Sarajane.
Durante o debate, Manno Góes destacou a relevância histórica e econômica do Axé Music para o setor de direitos autorais no Brasil:
"A Bahia revolucionou o Ecad. A forma de arrecadação de direitos autorais no Carnaval transformou todo o processo. Nos trios elétricos, era impossível monitorar oito horas de apresentação de um artista. Então, foi desenvolvido um sistema específico para captar as músicas e garantir a distribuição correta. Essa inovação modernizou o Ecad de forma significativa. E os números reforçam a força do Axé: em uma pesquisa recente do Ecad, das 20 músicas mais tocadas em shows no Brasil, 15 são de Axé Music. Isso não é opinião, é fato!”
Além do Axé Music, o debate abordou o reconhecimento do trabalho de compositores e compositoras com a criação de uma data nacional dedicada a eles. A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), proponente do projeto, destacou o papel central dos compositores na cultura brasileira. “São eles que traduzem a alma do Brasil em músicas que emocionam o mundo. Celebrar esses profissionais é essencial para valorizar a música como patrimônio cultural”, disse.
Após a audiência, o projeto segue para análise e votação na Comissão de Cultura antes de avançar para outras instâncias legislativas, como a Comissão de Constituição e Justiça e o Plenário da Câmara. Caso aprovado, ainda passará pelo Senado antes de ser sancionado e incluído no calendário oficial do país.
O Axé Music, que transformou o carnaval de Salvador e projetou a Bahia internacionalmente, segue sendo reconhecido como símbolo de resistência, inclusão e identidade. A criação de uma data comemorativa dedicada ao gênero reforça a importância de preservar e valorizar esse legado cultural que continua a impactar a sociedade.
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