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Luiz Caldas recebe Medalha UBC em noite de estrelas e música
Publicado em 06/02/2025

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Comemorando 40 anos do álbum 'Magia', o cantor e compositor baiano ganhou justa homenagem por sua contribuição à música brasileira

Por Luciano Matos, de Salvador
Fotos por Jardel Souza

Tinha mesmo que ser próximo ao carnaval. Com o The Latvian, em Salvador, cheio, Luiz Caldas recebeu a Medalha UBC na noite de quarta-feira (5), numa festa cheia de estrelas e música. Cercado de nomes relevantes do movimento que ele ajudou a fundar, há 40 anos, o cantor e compositor foi homenageado por seu cancioneiro e sua inventividade, que impactaram profundamente a música nacional.

Com uma vasta obra que conta com 818 registros na UBC e 276 gravações por nomes como Elba Ramalho, Ivete Sangalo e Sandra de Sá, Luiz Caldas estava visivelmente emocionado e orgulhoso na festa que reuniu parceiros históricos de carreira, como o produtor Roberto Santana e os cantores e compositores Carlinhos Brown e Saulo Fernandes, além de amigos e profissionais do mercado da música.

“Eu só posso dizer que, quando você recebe um prêmio cujo primeiro ganhador foi Fausto Nilo, que é um gênio de nossa música e poesia, isso lhe dá uma carga de responsabilidade muito grande. Principalmente eu, que prezo muito pela boa cultura e pela arte de nosso país. Com os 40 anos de meu disco 'Magia', os 40 anos da axé music, e os recém-completados 62 anos, estou ganhando um monte de presentes. Com certeza, o melhor até o momento é esta Medalha UBC", disse Caldas.

Entre suas composições mais regravadas estão "Haja Amor", "O Que Que Essa Nega Quer" e "Fricote". Saulo é o intérprete mais assíduo desses clássicos, seguido por Ivete Sangalo. E foi ele, Saulo, com quem Caldas tem feito shows, o guia de um pocket show que atraiu estrelas e apresentou uma cascata de sucessos do homenageado.

"Eu vou viver para homenagear Luiz, para falar dele, para falar que vale a pena ter um ídolo assim, vale a pena ter alguém no horizonte, tentar alcançar a pessoa, porque a pessoa te melhora. Eu tenho vivido mutas maravilhas com Luiz. A gente tem vivido próximo já tem um tempinho, fazendo show juntos, e posso comprovar que eu escolhi a pessoa certa para admirar. Ele me melhora o tempo inteiro, e acho que qualquer homenagem para Luiz é pouco", derramou-se Saulo.

O artista reforçou a importância do mestre não apenas em sua própria trajetória, mas como fundamental para a música baiana:

"Em 1985, Luiz já era uma Sorveteria da Ribeira, a axé música (eu prefiro assim) já era cheia de sabor, e era por causa dele. Luiz já experimentava, sem medo, todas as formas de fazer música. Foi ele quem misturou tudo, por isso ele foi um marco. Claro que já tinha o Ilê, as claves, mas foi Luiz quem disse como a gente seria 40 anos depois.”

UBC EM PESO


Marcelo Castello Branco, Saulo Fernandes, Wilson Simoninha, Luiz Caldas, Ronaldo Bastos e Márcia Bittencourt reunidos na celebração em homenagem ao pai do axé

Com produção da Oquei Entretenimento, presença da presidenta da UBC, Paula Lima, e de diretores como Manno Góes, Fernanda Takai, Wilson Simoninha, Marcelo Falcão e Marcelo Castello Branco (diretor-executivo da associação), além de Márcia Bittencourt, gerente da filial Bahia da UBC, a festa pôs em evidência, a todo momento, a grandiosidade do trabalho da máquina de hits Luiz Caldas.

“Luiz é um daqueles artistas que nos tocam da forma mais profunda. Ele dignifica a profissão de compositor”, resumiu Góes.

Lima completou:

“Se a Bahia é isto hoje, é porque tivemos a construção de um arquiteto da música como Luiz Caldas.”

Castello Branco lembrou que a medalha foi desenhada para homenagear grandes criadores da música brasileira.

"Depois de Fausto Nilo no ano passado, a gente imaginou que seria uma extrema justiça entregar uma medalha a Luiz Caldas. Como um dos precursores e pioneiros do axé, por todo o movimento que ele fez, no ano em que se estão comemorando os 40 anos do axé, achamos que ninguém seria mais merecedor.”

O executivo contou ainda que a homenagem teve também um caráter emocional para ele.

"Eu estava na Polygram naquele período (1985). Era meu início de carreira e trabalhei Luiz Caldas, produzi um show dele aqui na Praça Castro Alves, o show de apresentação para a Polygram internacional. E lembro que as pessoas saíam e falavam: 'esse é o novo Michael Jackson'. Ele era uma figura impressionante no palco", contou. "É muito bonito de ver a longevidade da carreira do Luiz, o quanto ele se renovou, as coisas que ele vem fazendo. Ele continua mais vigente do que nunca, mas a relevância e a importância histórica dele em relação ao axé, que durante alguns anos foi estigmatizado ou esquecido, são enormes. O tempo e a UBC precisam fazer justiça a esse grande compositor baiano, brasileiro.”

AXÉ E ESTRELAS PARA LUIZ

Na parte musical da homenagem, Saulo Fernandes, ao violão, abriu os trabalhos relembrando alguns dos sucessos de Luiz Caldas. Convidado a subir ao palco, o homenageado primeiro disse que estava ali como um "folião pipoca", mas não se conteve e acabou assumindo guitarra e vocais. Inicialmente, cantou músicas menos óbvias de seu repertório, até que engatou alguns de seus clássicos. Imediatamente, o público já se soltou, antecipando a explosão que viria, com direito a trenzinho puxado pelo compositor Ronaldo Bastos e outros bambas.


Luiz Caldas na guitarra e vocais, Carlinhos Brown na percussão, Saulo Fernandes nos vocais e Manno Góes no baixo, em uma jam de luxo na Medalha UBC

Generoso, Caldas cantou com Saulo uma de seu parceiro, “Raiz de Todo Bem” e na sequência convidou Carlinhos Brown para a ribalta. A festa esquentou ainda mais e carnavalizou de vez com "Chame Gente", "Meia Lua Inteira", "Ajayô" e "Beverly Hills". A jam de luxo, com Luiz nas guitarras e vocais, Brown na percussão e Saulo nos vocais, ainda ganhou contornos mais memoráveis, com Manno Góes tocando baixo e cantando "Milla" e, depois, na companhia de Xanddy Harmonia, emendando "O Que é Que Essa Nega Quer?" e "Marinheiro Só", que ganhou ainda backing de Paula Lima.


Luiz Caldas ao lado de Xanddy Harmonia na interpretação de O Que é Que Essa Nega Quer? e Marinheiro Só, com backing especial de Paula Lima

Na sequência, foi exibido um vídeo em homenagem a Caldas. 

E, logo depois, Ronaldo Bastos entregou a medalha ao ‘pai do axé’, na presença de craques da música baiana e brasileira, como Roberto Barreto, do BaianasSystem, as cantoras Thathi, Aiace, Taís Nader e Marcela Bellas e o cantor Lutte e o guitarrista Eric Assmar. Também prestigiaram o homenageado o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro, o diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), Flávio Gonçalves, e diversos profissionais do meio artístico.

 


Carla Perez, Fernanda Takai, Paula Lima, Xanddy Harmonia e Wilson Simoninha curtindo a noite de homenagem a Luiz Caldas.

Generoso, Luiz inverteu os papéis e distribuiu homenagens e reconhecimentos no encerramento da festa, citando nomes importantes de sua trajetória, como o produtor Roberto Santana:

”Se eu me tornei artista, foi por causa desse cara”, sentenciou, lembrando ainda outro dos produtores seminais do axé, Wesley Rangel, morto em 2016: “Ele não está aqui de forma física, mas está aqui.”

Para Caldas, agradecimento é mesmo a palavra-chave deste momento de sua carreira e sua vida:

"Só queria isso, agradecer do fundo de meu coração. Porque eu olho para trás e vejo uma trajetória muito rica, muito legal e saudável, na qual pude plantar muitas coisas, e me vejo hoje passando de novo pelo mesmo caminho, tudo florescendo. E são sementes boas. Flores do bem que nasceram ali. E só me dão orgulho. Estou muito feliz.”

 

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