Filho de Moska, o cantor, compositor e ator lança disco de estreia cheio de sotaques sonoros, com a participação de craques como Chico César
Do Rio
O cantor, compositor e ator Tom Karabachian. Foto: Lucas Nogueira
Tem roupagens mil o disco de estreia de Tom Karabachian. Tem suíngue, blues, balada, MPB voz e violão, tem xote, tem samba, tem evocações de tango e até um cheiro de reggae neste projeto de 10 canções, “Barato Abstrato”, todo composto por ele (em alguns casos, com parceiros) e produzido por Elisio Freitas. Aos 28 anos, com um EP e músicas compostas para artistas como Mart’Nália no currículo, Tom, que também é ator, está focado em abraçar a estrada aberta pelo pai, Paulinho Moska. Sobretudo, parece decidido a trilhá-la à sua própria maneira.
“Foi nossa primeira parceria. É superespecial conhecer outro Paulinho que não o Araújo, mas sim o Moska”, resume, sobre a faixa “Um Coração Só”, composta pelos dois. “Ele sempre foi um pai mega-amoroso, mas nada é mais prazeroso do que trilhar o próprio caminho, construir a estrada que faz sentido para mim, independente de quem ele seja. Porque fugir de um fato é impossível: serei filho dele até morrer. Então, o tempo vai ensinando como lidar com isso.”
A forte ligação aparece em outra canção, “Nos Meus Olhos, Pai”, cocriada com o amigo Zé Ibarra, um dos cantores e compositores do Bala Desejo.
“Zé é meu primeiro amigo da vida, nos conhecemos com 2 anos de idade na escola em que estudamos, no Rio de Janeiro. Então, nossa parceria existe desde que me entendo por gente, aprendemos e descobrimos juntos muitas coisas da vida. Depois ele veio a produzir, junto com Lucas Nunes, meu primeiro EP, “Aviciou”. Não podia deixá-lo de fora no primeiro álbum. A música sempre foi um grande elo”, define Tom, que ainda divide com o amigo a composição da faixa-título, “Barato Abstrato”.
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Outras parcerias que vão se descortinando na audição dão fé da variedade de gêneros e climas buscada por Tom. Chico César assina e canta com ele “Eu Vivendo Nossa Vida”. Léo Quintella divide a composição em “Domingo à Noite”; George Sauma, em “Ressaca Brasil”. Mosquito aparece nos vocais no gostoso samba “Pra Toda Gente”. E Dora Morelenbaum, companheira de Zé Ibarra no Bala, faz coro, arranjo de coro e arranjo de cordas em diferentes faixas.
“(Com o Chico César), assim que eu terminei de escrever 'Eu Vivendo Nossa Vida', só vinha a voz dele no meu ouvido cantando a canção. Quando mandei, ele me sugeriu novas frases e assinou a composição comigo. Um sonho que se concretizou ter Chico César dividindo essa faixa no álbum”, pontua Tom, cuja ideia para o tema veio de outra canção, “Retrato da Vida”, composição de Dominguinhos e Djavan.
Com Chico César. Foto: Nilo Romero
Já o samba, que não podia faltar, o remete a um dos momentos mais marcantes da sua ainda curta carreira na música: ter contribuído, com a faixa “Melhor Pra Você”, para que Mart’Nália levasse o Grammy Latino de álbum de samba e pop, em 2017, por “+ Misturado”.
“Sem dúvida foi um grande estímulo para acreditar no meu sonho e continuar escrevendo. Me sinto honrado só de alguém do tamanho dela cantando música minha, ainda mais com esse reconhecimento do Grammy Latino”, celebra o artista, que, mais do que um retrato de quem ele é, parece ter buscado, com a variedade sonora de “Barato Abstrato”, apontar com a câmara para diferentes paisagens, diferentes possibilidades futuras. “‘Somente o tempo vai me revelar quem sou’ na construção de carreira e na consolidação de uma estrada. Cada álbum tem um foco e um motivo. Neste, quis trazer o formato canção popular em diferentes estilos brasileiros.”
Motivado por esse momento musical, Tom, que já participou de novela e série da Globo, além de ter feito filmes e peças de teatro, afirma que será mais seletivo nos projetos de atuação. Só não sabe até quando.
“A vida é longa, e os interesses são muitos”, diz. “No futuro, me vejo trabalhando muito: com shows, com filmes, com peças, trazendo mensagens importantes nas canções ou nos textos de teatro. Sonho em ampliar cada vez mais a rede de projetos, são muitos artistas que admiro e com os quais sonho em trabalhar. E, assim, produzir um material que seja memorável para o Brasil e, quem sabe?, pro mundo.”
Com o pai, Moska. Foto: Karyme França
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