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3 passos para montar e usar um estúdio caseiro eficiente
Publicado em 15/05/2025

Especialistas comentam equipamentos e softwares básicos necessários para gravar e produzir no seu quarto ou sala

Por Ricardo Silva, de São Paulo

Gal Costa teve o seu fantástico “Recanto” concebido e, em grande parte, gravado no estúdio Monoaural, numa casa na Gávea, Rio de Janeiro. Billie Eilish, a americana de só 23 anos, se tornou a mais jovem vencedora das categorias principais do Grammy, aos 20, com o álbum "When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”, inteiramente gravado em casa com o irmão, o produtor Finneas O’Connell. Herbert Vianna. Caetano Veloso. Roberta Sá. Lucas Santtana: é longa a lista de artistas que tiveram pelo menos alguma gravação icônica feita muito longe da estrutura dos megaestúdios profissionais.

Num mundo em que a produção e a gravação estão ao alcance de (quase) qualquer um, é fundamental um pouco de investimento na hora de criar um home studio que permita uma qualidade satisfatória e faça seu projeto se destacar. Reunimos aqui 3 tópicos a partir de dicas dadas por dois craques, John Storyk e Benny Grotto, ambos professores do prestigioso Berklee College of Music, dos Estados Unidos.

 

1. A preparação do espaço ideal

Pode parecer óbvio, mas selecionar o espaço da casa onde será montado o estúdio faz toda a diferença para o resultado final. Talvez você não tenha um teto em forma de hélice revestido com gesso poroso para absorver as frequências graves. Nem sequer uma cabine separada dentro do seu quarto ou sala para poder fazer nela as gravações. Mas passos simples garantem uma gravação decente.

Primeiramente, encontre um cômodo que não seja nem muito grande nem muito vazio, para evitar problemas com a acústica. Também evite cômodos de frente para a rua ou aqueles que tenham paredes revestidas com azulejos. Você não quer que o eco atrapalhe todo o processo.

Escolha um cantinho para as gravações e forre-o com espumas isolantes, aquelas que se parecem a caixas de ovos e podem ser encontradas facilmente online. Uma busca simples no Google revela que algumas custam a partir de R$ 19 cada placa. Um kit com 20 pode sair na faixa de R$ 150. Comece tratando os cantos e as superfícies diretamente em frente e atrás do ponto de gravação.

Não comprou ainda uma placa dessas e já quer começar a gravar? Sem problema: nada que um bom cobertor em cima de superfícies refletoras do som (vidros, por exemplo) não resolva.

Você, produtor, também deve tomar dois cuidados:

“Não se posicione no centro do cômodo e coloque os alto-falantes em distâncias simétricas em relação às paredes”, ensina Storyk.

Esses dois passos ajudam a garantir que o ouvinte tenha uma percepção precisa da mixagem. Já para tornar o ambiente silencioso, tente colocar os equipamentos em racks com isolamento acústico e usar um aparelho de ar-condicionado silencioso (melhor ainda desligá-lo) durante a gravação. E, claro: SEMPRE feche a janela.

2. O equipamento certeiro

Um kit de gravação mínimo para home studio inclui um computador com software de gravação (DAW) e plugins, uma interface de áudio, alguns microfones e um par de fones de ouvido. No entanto, as possibilidades de personalização e expansão desse conjunto são praticamente infinitas.

Grotto comenta os equipamentos de que gosta, e que são fáceis de encontrar e relativamente baratos:

  • Microfones condensadores de diafragma largo são ideais para vocais em estúdio (dica: a distância ideal é sempre a 15 cm da boca, tanto para fala como para canto). Duas marcas recomendadas pelo especialista são o RØDE NT1 (a partir de R$ 1.200 em sites como o Mercado Livre) ou Audio-Technica AT2020 (menos de R$ 300 em sites como Ali Express);
  • Microfones dinâmicos são bons para ambientes com ruído, pois captam menos som ambiente. A marca favorita de Grotto (Shure SM7B) tem preços elevados, quase R$ 5 mil no site oficial. Mas microfones do mesmo tipo, chamados de cardioides, podem ser encontrados por coisa de R$ 300 em sites como Ali Express ou Amazon.
  • Use uma interface de áudio (como Focusrite Scarlett) para conectar microfones XLR ao computador. Os valores variam de R$ 430 a R$ 1.400;
  • Use fones de ouvido fechados para monitorar sem vazamento de som. Outra vez, os valores são variadíssimos. Um bom OneOdio Pro-10 Black sai por R$ 199 em sites como Amazon ou Ali Express;
  • Use um filtro pop para evitar sons explosivos (das letras p e b). Por coisa de R$ 20 a R$ 50 se encontram vários internet afora;
  • Um bom rack ou interface de áudio, com diferentes canais. É ela que permite conectar o microfone e escutar o som do software (DAW). Algumas começam em só R$ 300, alcançando valores estratosféricos. O céu e as suas ambições como produtor são o limite. Grotto cita os racks série 500, com vários canais. Mas para estes, claro, prepare-se para desembolsar alguns milhares de reais.

3. A pós-produção

Depois de tratar a acústica do ambiente, escolher o microfone certo, posicioná-lo com cuidado e captar o som da melhor forma possível, você descobre que a gravação teve problemas e não saiu exatamente como você queria. É nesse ponto que entra a pós-produção.

Um bom equalizador serve para realçar ou atenuar frequências específicas em uma gravação. É uma ferramenta essencial tanto para corrigir imperfeições quanto para valorizar o que há de melhor no som captado. Os especialistas resumem:

“Seja você engenheiro de som ou músico, aprenda a usar um equalizador. Abra o equalizador padrão da sua DAW e comece a treinar.”

Por exemplo, se a sala (ou quarto) onde montou o estúdio tem uma onda estacionária em 230 Hz, talvez você não saiba identificar essa frequência de ouvido, mas o equalizador vai mostrar onde está o problema — e você pode suavizar esse ponto com facilidade.

Se o problema for simples — como ruídos do ambiente aparecendo nos trechos silenciosos de um vocal ou violão —, um plugin de noise gate pode resolver. Ele corta ou atenua qualquer som abaixo de um determinado volume, limpando as pausas entre frases.

Agora, se o ruído vazou para dentro da performance, aí o buraco é mais embaixo. É nesse momento que softwares como o iZotope RX entram em cena.

Com ele, você pode literalmente abrir o áudio, identificar sons indesejados com precisão e removê-los por completo, usando recursos avançados de processamento digital. É quase como restaurar uma foto manchada — só que com som.

4. (Dica bônus) Não conseguiu montar tudo sozinho? Chame um especialista!

"É engraçado, as pessoas não hesitam em gastar um montão de dinheiro em plugins, microfones caros, softwares caros, mas são incapazes de pagar por uma consultoria inicial, uma orientação para montarem bem seu home studio”, raciocina Storyk.

A opinião dele é bem clara: se você realmente quer montar um estúdio completo em casa e tirar o melhor dele, um papo prévio com um arquiteto e um engenheiro de som pode poupar muita tentativa e erro no seu processo.

 

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