Número de usuários ativos mensais também sobe acima do esperado e chega a 489 milhões, mas prejuízo financeiro continua
Do Rio
O Spotify agregou mundialmente 10 milhões de novos assinantes premium à sua base no quarto trimestre de 2022, finalizando o ano com inéditos 205 milhões de pagantes. São quase 14% mais que em dezembro de 2021, uma expansão acima do esperado e que marca uma forte aceleração em relação ao primeiro trimestre de 2022, quando o crescimento foi de só 1,11%. Os números, parte do balanço trimestral da empresa divulgado nesta terça-feira (31), provocaram rápida reação do mercado: na Bolsa de São Paulo, as ações da gigante sueca já acumulam valorização de quase 13% desde ontem; em Nasdaq, a alta é ainda maior: quase 15%.
Segundo um comunicado divulgado pela companhia, o aumento no número de assinantes tem direta relação com promoções e a expansão na adesão aos planos familiares. O crescimento foi liderado pela América Latina.
No balanço anual, a companhia conseguiu adicionar 25 milhões de pagantes à sua base, compensando largamente a perda dos 2 milhões de assinantes russos, que viram como suas contas foram canceladas com o fim das operações naquele país por conta da invasão da Ucrânia.
O número de usuários ativos mensais — que combina os pagantes aos usuários fremium (os que não pagam e, por isso, precisam escutar anúncios) — também surpreendeu e alcançou 489 milhões, um salto anual de 20%. A previsão da própria companhia era ter fechado 2022 com 479 milhões de usuários ativos mensais. Com isso, o Spotify agora prevê ultrapassar a cifra de meio bilhão de usuários mensais ainda neste primeiro trimestre de 2023.
“Entregamos um enorme crescimento em 2022. E esperamos nos mover ainda mais rápido em 2023, impulsionando uma eficiência ainda maior”, disse o presidente e diretor-executivo da empresa, Daniel Ek.
Apesar de tantos dados positivos, o resultado operacional continua a ser deficitário, tônica das grandes plataformas de streaming há anos. As receitas totais do trimestre (€ 3,2 bilhões, ou R$ 16,7 bilhões no câmbio atual), bancadas com folga pelos € 2,7 bilhões trazidos pelos assinantes premium, não foram capazes de impedir que o Spotify tivesse prejuízo líquido de € 231 milhões, ou R$ 1,3 bilhão, no trimestre. A empresa atribuiu o resultado aos seus altos custos com funcionários.
De fato, numa tentativa de enxugar seu quadro, os suecos anunciaram semana passada um plano para demitir 6% do seu quadro global de funcionários. De acordo com o analista Bruce Houghton, do Hypebot e do Music Think Tank, essa redução na base de trabalhadores e os números divulgados nesta terça animaram o mercado, mas o Spotify ainda está muito longe de se recuperar do tombo de 70% no valor das ações ocorrido ao longo do ano passado, em meio às incertezas do mercado sobre a sustentabilidade do seu modelo de negócio.
“O crescimento no número de assinantes premium superou em 3 milhões a previsão da empresa. Apesar dos maus dados financeiros, o sólido crescimento de usuários do Spotify contradiz a narrativa da indústria de que o crescimento do streaming de música está diminuindo”, escreveu o analista.
LEIA MAIS: Como a Apple Music quer destronar o Spotify
LEIA MAIS: Spotify impulsiona ferramenta para compor à distância com parceiros