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WhatsApp é incluído em novo acordo global da Universal com a Meta
Publicado em 12/08/2024

Licenciamento significa que músicas da gravadora compartilhadas no ‘zap’ deverão gerar royalties a titulares; saiba mais sobre o anúncio

De São Paulo

A Meta (dona de Facebook, Instagram e WhatsApp) anunciou nesta segunda-feira (12) um novo acordo global de licenciamento e desenvolvimento de produtos e parcerias com a Universal, a maior gravadora do mundo. Num comunicado enviado à imprensa internacional, as duas gigantes afirmam que o acordo “de longo prazo” permitirá uma “enorme evolução nas oportunidades criativas e comerciais” para os artistas da Universal dentro das plataformas da Meta. A inclusão do WhatsApp, aliás, é uma das principais novidades e significa que, a partir de agora, seus usuários poderão compartilhar músicas licenciadas da Universal de maneira legal dentro do aplicativo, com o devido pagamento de royalties aos artistas.

Ainda de acordo com o comunicado, como parte da nova parceria, Meta e Universal afirmaram que trabalharão juntas “para abordar, entre outras coisas, conteúdos gerados por IA não autorizados que possam afetar artistas e compositores”.

De acordo com analistas, alguns sinais recentes já faziam prever o anúncio de um grande acordo. Há duas semanas, a Universal divulgou o seu balanço do segundo trimestre (abril a junho de 2024) e fez uma menção explícita à Meta num dos capítulos, o das receitas de anúncios no streaming. Apesar do aumento de 9,6% nas receitas totais do conglomerado de música em relação ao mesmo período de 2023, o dinheiro gerado através de anúncios no streaming foi 3,9% menor, e isso, segundo o diretor de finanças da Universal, Boyd Muir, se deveu ao fato de a Meta ter desistido de licenciar vídeos musicais premium (em alta definição) no Facebook.

“A alegação deles é que esses conteúdos premium são menos populares entre a base de usuários do Facebook do que outros produtos musicais (mais baratos)”, afirmou Muir. “A Meta está agora focando em outras áreas envolvendo conteúdo musical, e estamos trabalhando juntos para expandir essas áreas como parte de uma renovação ampla e variada.”

Essa “renovação ampla e variada” agora foi oficializada.

“O novo acordo expande ainda mais as oportunidades de monetização para o Universal Music Group (UMG), seus artistas e compositores, com vídeos curtos e outros formatos, aumentando ainda mais o retrospecto de inovação e colaborações que já existia entre Meta e Universal", disseram os dois players no comunicado.

Para o analista do mercado musical Murray Stassen, do Music Business Worldwide, as vantagens potenciais do novo acordo compensariam a perda de receita com o fim dos vídeos premium da Universal no Facebook.

“Resumindo: o UMG perdeu alguma receita potencial da Meta devido à decisão da última empresa de parar de licenciar vídeos premium no Facebook... mas o novo acordo anunciado hoje parece ter criado novas oportunidades de receita para a Universal no espaço de vídeos curtos e com o licenciamento adicional do catálogo da UMG para o WhatsApp”, ele afirmou.

O novo acordo teve como base outro, de 2017, que pioneiramente licenciou o catálogo do UMG para o Facebook. Depois, outras gravadoras seguiram o caminho, normalizando uma situação que havia se estabelecido há muito: o uso indiscriminado de conteúdos protegidos por direitos autorais nas redes sociais sem qualquer pagamento aos artistas.

Aos acordos com as gravadoras se seguiram outros pelo mundo, como, no Brasil, o acordo com o Ecad que permitiu que produtos da Meta paguem direitos de execução pública aos titulares nacionais.

“O Facebook foi pioneiro, o primeiro parceiro totalmente licenciado da música entre as principais plataformas de mídia social”, elogiou a Universal no comunicado conjunto desta segunda-feira.

O presidente e CEO da gravadora, o inglês Lucian Grainge, disse que o acordo “expande o compartilhamento de receita e melhora o engajamento da comunidade da Meta com nosso catálogo”.

Já Tamara Hrivnak, vice-presidente de Música e Desenvolvimento de Negócios de Conteúdo da Meta, se mostrou entusiasmada com a renovação e a ampliação da parceria, que, segundo ela, dará aos usuários de Facebook, Instagram, WhatsApp e outros produtos da holding acesso legal e licenciado ao catálogo da Universal:

“Esta parceria baseia-se no reconhecimento de que a música pode nos ajudar a nos conectar e aproximar fãs, artistas e compositores, não apenas em plataformas estabelecidas como Instagram e Facebook, mas também de novas maneiras, no WhatsApp e mais. Somos extremamente gratos à equipe da Universal e esperamos ampliar nossa parceria no futuro.”

De acordo com uma reportagem publicada no fim de semana na Billboard, a Universal começa a se recuperar do tombo de 30% sofrido por suas ações depois da divulgação dos resultados trimestrais no último dia 25 de julho. Apesar de apontar um aumento anual de 10% em suas receitas no segundo semestre deste ano, a gigante indicou diminuições nas assinaturas e no dinheiro oriundo do streaming, o que despertou preocupações “exageradas”, segundo analistas, num momento de particular volatilidade no mercado global, com aversão a qualquer tipo de risco.

Também na Billboard, uma reportagem mostrou que, sob Lucian Grainge, a Universal voltou a ocupar um status similar ao período dourado das grandes gravadoras, pré-pirataria. E que seu filho, Elliot Grainge, recentemente tornado diretor-executivo do Atlantic Music Group (com artistas como Ed Sheeran, Bruno Mars, Aretha Franklin e Led Zeppelin no catálogo), forma com o pai a mais poderosa dinastia da história do mainstream musical. Juntos, eles controlariam, nos cálculos da Billboard, algo como 37,6% do mercado de música dos Estados Unidos.

 

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