Modelo harmonizado liderado pela Cisac passa a trazer dados das gravações, beneficiando não só autores, mas também intérpretes e produtores
De Paris* e Rio
A Cisac - Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores acaba de anunciar um importante avanço para o pagamento de direitos autorais e conexos das trilhas sonoras de filmes, séries e outras produções audiovisuais. Em colaboração com editoras musicais, estúdios de cinema e TV e produtores vinculados ao Society Publisher Forum, está sendo lançado um Padrão Global de Cuet Sheet 2.0., pela primeira vez incorporando metadados das gravações das trilhas.
O cue-sheet, como já explicamos em diversas ocasiões aqui no site, é uma folha que deve ser preenchida com as informações de autoria e uso da música numa obra audiovisual. Com a incorporação dos metadados das gravações, garante-se que o pagamento de royalties, que já contempla os autores das músicas, estenda-se também aos envolvidos nas gravações, ou seja, produtores fonográficos, intérpretes e músicos. Espera-se ainda uma melhora geral na qualidade dos dados, o que tem um impacto direto nos valores arrecadados e distribuídos aos titulares.
O Society Publisher Forum (SPF) é uma iniciativa conjunta da Cisac, da ICMP (Confederação Internacional dos Editores Musicais) e de outras entidades e associações do setor, como IMPA, AIMP e IMPF. Sociedades de autores e intérpretes, editoras, produtores, estúdios de cinema e TV e plataformas de vídeo sob demanda foram envolvidos para garantir a implementação ideal do projeto globalmente.
O Padrão Global de Cuet Sheet 2.0 disponibiliza um modelo harmonizado de cue-sheet e traz um conjunto de terminologias padronizadas. Serve para todos os tipos de usos de uma música em trilhas sonoras do audiovisual, em diferentes formatos e plataformas.
O novo padrão traz ainda um guia em que detalha quais são os elementos de metadados relevantes da produção em que as obras e gravações foram apresentadas. Também inclui o contexto e a duração do uso da música, incorporando muitos identificadores reconhecidos internacionalmente. Está disponível nas principais línguas ocidentais: inglês, espanhol, português, francês, alemão e italiano.
Segundo a Cisac, os principais benefícios das cue-sheets harmonizadas incluem:
O documento Padrão Global de Cue Sheet 2.0 substitui a versão anterior, Cue Sheet Standards and Rules (CISAVX17-1197).
Para Peter Strauss, gerente de Relações Internacionais, Distribuição e Licenciamento da UBC, a ideia de harmonizar o sistema de identificação das obras e, agora, dos fonogramas das trilhas sonoras é positiva. Segundo ele, sua principal vantagem é colocar mais ordem numa indústria onde convivem vários padrões e sistemas diferentes — e que não necessariamente conversam bem entre si.
“Cue-sheets, ao serem documentos emitidos por várias partes diferentes, são muito difíceis de ser harmonizados. Mas o que esta iniciativa faz é tentar harmonizar os pontos de armazenamento dos dados, o que sempre é positivo, já que isto traz um padrão único de referência com a informação necessária para a correta identificação das obras e o pagamento dos direitos. Toda ação que traga mais e melhores ganhos aos titulares deve ser celebrada”, ele afirma.
*Com informações da Cisac
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