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Morre Agnaldo Rayol, aos 86 anos, em São Paulo
Publicado em 04/11/2024

Mito da era de ouro do rádio, o polivalente cantor teve também uma carreira de sucesso no cinema e na TV

De São Paulo

Como tantos talentosos artistas da era de ouro do rádio, ele começou muito cedo. Aos 7 para 8 anos, Agnaldo Rayol já frequentava os estúdios da Rádio Nacional, no Rio, onde nasceu, e encantava com suas apresentações. Mas foi já adulto, com sua voz de barítono plenamente desenvolvida, o estouro definitivo desse grande artista que nos deixou nesta segunda-feira (4), aos 86 anos, ao sofrer um acidente em sua casa, em São Paulo.

Em 2025, celebraria 80 anos desde que pisou um palco pela primeira vez. O primeiro disco gravado por ele fará 70 anos em 2028. Em 2029, completaria 80 anos desde que estreou diante de uma câmera de cinema, no filme “Também Somos Irmãos”, com Grande Otelo e direção de José Carlos Burle, pela Atlântida.

Polivalente, Rayol manteve, paralelas, as carreiras no cinema e na música. Atuou em musicais como “Garota Enxuta” e “Jeca Tatu”, ambos de 1959. Enquanto isso, foi enfileirando álbuns recheados de sucessos, como “Se Ela Voltar” (1961), “Plenitude” (1963), “Sempre Te Amarei” e “Frente ao Mar” (ambos de 1964). Em 1969, já um galã com fama nacional, protagonizou uma “autoficção” em que interpretava a si mesmo vivendo aventuras: "Agnaldo: Perigo à Vista”.

Grande parte da projeção exponencial se deu graças aos programas de TV dos quais participou ou apresentou. Tudo começou com o humorístico "Corte-Rayol Show", na Record, ao lado de Renato Corte Real. Ali também estrelou telenovelas, como "A Última Testemunha", "As Pupilas do Senhor Reitor", "Os Deuses Estão Mortos" e "Sol Amarelo". Outro destaque na sua passagem pela emissora incluiu o programa "Agnaldo Rayol Show".

Sua fama de galã era tal que teve um programa que explorava fortemente essa imagem, "Agnaldo e As Garotas", na TV Continental. E esteve no elenco inicial do mítico “Jovem Guarda”, na Record.

Ao longo de mais de quase sete décadas na música profissional, gravou quase 30 álbuns e ganhou o amor do público e o favor de políticos que admiravam sua voz e sua persona pública. Um deles foi Artur da Costa e Silva, general da ditadura militar que teve LP próprio, “As Minhas Preferidas na Voz de Agnaldo Rayol. Presidente Costa e Silva”, em 1968.

Tornado lenda-viva da música nacional ao longo dos anos 1970 e 80, teve um revival de sucesso pop em 1999, quando interpretou a trilha de abertura da novela “Terra Nostra”, “Tormento D’Amore”, ao lado da soprano inglesa Charlotte Church. Na época, dado o sucesso, ele gravou um álbum todo com canções italianas.

"Minha mãe é italiana, cresci ouvindo essas canções", disse ele ao jornal O Globo no período de lançamento do disco. "Na primeira vez em que me apresentei ao vivo, na rádio Nacional, foi cantando ‘Matinatta'".

A última participação de Agnaldo na TV como ator foi em 2017, na série "Mister Brau", da Globo, protagonizada por Lázaro Ramos e Taís Araújo. Ele interpretou o apresentador Tom Bob.

“Foi um prazer enorme. Fiquei muito feliz de estar ao lado de pessoas que eu admiro tanto. Foi um momento que eu vou guardar para sempre no meu coração, como a gente guarda uma joia em uma caixinha”, afirmou, então.

Sempre gentil, admirado e popular, Rayol deixa sua marca na história do cancioneiro nacional. Um símbolo de um período em que as megacelebridades se faziam conhecer pelas ondas do rádio, pelas publicações de uma enorme quantidade de revistas sobre eles — inclusive fotonovelas — e por uma TV que engatinhava e ajudava a construir o imaginário coletivo.

Sua equipe lhe dedicou uma homenagem através de suas redes: 

“Agnaldo Rayol deixa um legado inestimável para a música brasileira, com uma carreira que atravessou décadas e tocou os corações de milhões de fãs. A família agradece as manifestações de carinho e apoio. Informações sobre o velório e cerimônia de despedida serão divulgadas em breve”, diz o comunicado.

Há décadas radicado em São Paulo, estava em casa esta madrugada, no bairro de Santana, quando, segundo as primeiras informações, sofreu uma queda. Os serviços de emergência foram chamados e o levaram ao Hospital HSanp, de acordo com a rádio CBN, com um corte na cabeça. Esta manhã, o grande artista não resistiu. 

 

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