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Morre Célio Balona, aos 86 anos, em Belo Horizonte
Publicado em 04/09/2025

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Crédito: Leandro Couri/EM/DA.Press

Multi-instrumentista com mais de seis décadas dedicadas à música, ele esteve nas origens do que seria o Clube da Esquina

De São Paulo

Na manhã desta quinta-feira (4), a música mineira perdeu um de seus grandes nomes: Célio Balona. O multi-instrumentista (pianista, tecladista, acordeonista, vibrafonista e compositor) morreu em Belo Horizonte após sofrer um infarto na noite anterior. Ele foi levado às pressas ao hospital, mas a esperança de recuperação se apagou com uma parada cardíaca fulminante algumas horas depois.

Com mais de seis décadas dedicadas à música, Balona foi um dos nomes mais respeitados da cena cultural de Minas Gerais. Nascido em 17 de dezembro de 1938, em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata mineira, cresceu em um ambiente musical: seu pai, Lourival Passos, teve composições gravadas por Luiz Gonzaga. Ainda jovem, aos 16 anos, iniciou sua carreira profissional, que viria a ser marcada pela versatilidade e constante reinvenção.

Nos anos 1960, formou seu primeiro grupo ao lado de músicos como Nivaldo Ornelas e Wagner Tiso, mergulhando em estilos como jazz e bossa nova. Seu talento, no entanto, não se limitava ao palco. Célio compôs trilhas sonoras para cinema, televisão e espetáculos de dança, um talento que aprofundou ao longo de 10 anos vivendo em Florianópolis, antes de retornar a Belo Horizonte.

Entre seus trabalhos de destaque estão discos como "Música 18 Kilates" (1962), "Balona Espetacular" (1966), "Batuquerê" (1992) e "Trilhas" (2005), além da trilha sonora de filmes como "Madre Paulina" (1991) e "Alumbramentos" (2002). Sua discografia é extensa e marcada por um olhar generoso para a diversidade musical brasileira. Participante da intensa cena belo-horizontina dos primeiros anos da década de 1970, ele esteve entre os vários nomes que ajudaram a construir o movimento de renovação da MPB a partir da capital mineira que, depois, ficou conhecido como Clube da Esquina.

Amigos, colegas e admiradores se despediram com homenagens sentidas. O músico Tino Gomes escreveu:

“A música hoje perdeu um artista espetacular. Balona esteve em quase todos os meus álbuns e em shows, tocando piano, órgão, sanfona e contando aquelas histórias que só ele sabia contar. Voe alto pelas planuras celestiais, querido amigo.”

Dudu Braga, músico e vereador de Betim, também recordou com carinho:

“Tive o prazer de ser amigo do 'Bala', de participar em shows e discos dele. Já viajamos juntos para a Espanha, para o Madrid Fusion em 2013. Hoje nos despedimos do mestre.”

O diretor de teatro Pedro Paulo Cava destacou o carisma do artista:

“Célio era a gentileza em pessoa. Sempre sorrindo, afetuoso e disponível. Deixa sua marca na história da vida cultural de BH.”

Mesmo em seus últimos anos, Balona seguia ativo. Em 2021, realizou um sonho antigo: gravar um disco autoral ao lado de pianistas amigos, como Túlio Mourão, Christiano Caldas, Marilton Borges e Clóvis Aguiar. O álbum, "Célio Balona & Convidados", teve arranjos assinados pelo próprio músico, que contou ainda com seu filho Pingo Balona na bateria.

Segundo Túlio Mourão:

“Ele tinha uma capilaridade rara. Rodou o estado, viajou o mundo. Não se fechou em nenhum caminho específico. Balona atravessou este mundo com canções. Tem a capacidade de se renovar.”

Diretor Administrativo e Financeiro da UBC, Geraldo Vianna lamentou a morte do músico.

"Hoje o dia amanheceu chorando. Partiu nosso querido amigo, grande músico, Célio Balona. Sempre com um sorriso aberto, acolhedor, e um humor inconfundível, ele nos envolveu com sua aura de paz e tranquilidade, ao lidar com a música com sensibilidade e cuidado com as pessoas", disse. "Trabalhamos juntos em algumas ocasiões, e sua musicalidade era sempre surpreendente. Várias vezes, em estúdio, com seu acordeom, ele fez a música brilhar, com sua maestria e reflexo estético incomparáveis. Um privilégio a convivência com ele. Alegria e piadas intermináveis. Dia triste."

Hoje, Minas e o Brasil silenciam por um instante — o tempo de um compasso — em respeito a um artista que fez da música sua casa, sua linguagem e seu legado.


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