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IA pode tirar € 921 milhões da música dinamarquesa até 2030
Publicado em 17/09/2025

Estudo da sociedade Koda e da IFPI mostra que criação automatizada fará perda de receita chegar a 28% do total; entenda

De Copenhague*

As consequências do rápido desenvolvimento da inteligência artificial generativa para a indústria musical dinamarquesa foram mapeadas num novo estudo. Programas capazes de gerar faixas musicais completas a partir de prompts simples estão prestes a capturar um importante volume do dinheiro que hoje sustenta músicos profissionais. Se a trajetória atual continuar, a música dinamarquesa enfrenta uma perda histórica de receita de 28% até 2030. Esta é uma das conclusões do relatório elaborado pela sociedade de gestão coletiva dinamarquesa Koda e da IFPI, a federação internacional da indústria fonográfica.

De acordo com o trabalho, que foi elaborado pela HBS Economics e reitera resultados apresentados num amplo estudo da Cisac sobre o tema, o atual panorama da IA cria um ambiente competitivo distorcido e desigual entre a música criada por humanos e a música gerada automaticamente. Somente em 2030, espera-se que a música gerada totalmente por IA resultará em uma perda anual de receita de aproximadamente € 271 milhões, ou o equivalente a 28% do que seria gerado no período. Na soma dos anos até lá, o total chega a € 921 milhões. Além disso, os serviços de IA estão sendo treinados com música protegida por direitos autorais criada por compositores dinamarqueses sem permissão ou compensação.

Alguns dos números trazidos pelo estudo:

  • Receitas com música no país em 2024: € 853 milhões
  • Receitas esperadas em 2030 sem IA: € 966 milhões
  • Receitas esperadas em 2030 com IA: € 695 milhões
  • Perda anual em 2030: € 271 milhões (28%)
  • Perda acumulada de 2025 a 2030: € 921 milhões

Considerando esse cenário, a Koda e a IFPI enfatizam não se opor à IA, mas sim querer promover o desenvolvimento responsável da tecnologia, com foco em transparência, permissão e compensação justa.

“São números alarmantes os revelados pelo relatório. E eles decorrem do fato de que os serviços de IA estão explorando deliberadamente os meios de subsistência dos criadores de música, sem permissão nem pagamento. Sobre essa base ilegal, construíram serviços capazes de gerar música que compete diretamente com a música feita por humanos. Isso é injusto, antiético e constitui uma distorção da concorrência, não inovação” diz Nicky Trebbien, diretor Jurídico e de Políticas da Koda.

Ele reforçou que se mais de um quarto da economia musical desaparecer da cadeira de valor, toda a estrutura ficará ameaçada:

“Torna-se cada vez mais difícil sustentar uma vida como criador de música, e corremos o risco de deixar a criação futura para empresas de tecnologia, em vez de pessoas reais com algo significativo a expressar. Não acreditamos que isso seja aceitável.”

Rikke Johan Bak, diretora de Comunicações e Assuntos Públicos da IFPI Dinamarca, corrobora o que ele diz:

“O relatório documenta pela primeira vez a real ameaça econômica à música dinamarquesa proveniente da IA generativa. Não estamos falando de cenários futuros, mas de algo que já está em andamento. É, portanto, crucial que asseguremos ativamente um desenvolvimento responsável da IA no qual os direitos dos criadores de música sejam respeitados. Caso contrário, a base da economia musical dinamarquesa será prejudicada.”

A Koda e a IFPI instaram o governo dinamarquês a aproveitar que o país será o próximo a ocupar a presidência rotativa da União Europeia para estabelecer regras claras, incluindo requerimentos de permissão explícita dos detentores de direitos e transparência das empresas tecnológicas ao usar música para treinar seus modelos e oferecer serviços de IA.

 

*Com informações da Koda

 

LEIA MAIS: O estudo na íntegra (em inglês)

LEIA MAIS: Enfraquecimento da Lei de IA da União Europeia preocupa o setor criativo

LEIA MAIS: A versão em português, traduzida pela UBC, do relatório da Cisac que mostra uma perda de R$ 60 bilhões para titulares de direitos em todo o mundo


 

 



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