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Aberta a temporada brasileira na Terrinha
Publicado em 26/06/2018

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Verão português traz uma série de apresentações de artistas nacionais, que se beneficiam do intercâmbio cultural e, de quebra, ainda reforçam os ganhos com execução pública por lá

Por Fabiane Pereira, de Lisboa

Está oficialmente aberta a temporada de “intercâmbios” de artistas brasileiras em terras europeias. Os tradicionais festivais de verão são uma grande oportunidade para criadores nacionais levarem suas canções a outros rincões — e trazerem consigo, de volta, ganhos extras com direitos autorais de execução pública. Portugal, como não poderia deixar de ser, é a porta de entrada principal do continente para os nossos sons. E uma série de associados já tem agenda no país por estas semanas quentes. 

O cardápio de festivais está repleto: do pop/rock do Festival Alive, em Lisboa, à beira do rio; aos sons alternativos do Paredes de Coura, no Norte do país, passando ainda pelo Festival de Músicas do Mundo, um evento destacado, com palco dentro de um castelo na cidade costeira de Sines. O "nosso" Rock in Rio (foto), que este ano realiza sua oitava edição na capital portuguesa, como não poderia deixar de ser, está cheio de brasileiros — como a estreante Anitta, cuja apresentação, no domingo (24), bombou e viralizou nas redes sociais. E também tem gente nossa no gratuito Festival MIMO, que, em julho, realiza mais uma edição na cidade de Amarante.

"Quis trazer o BaianaSystem porque acho que a música atual da Bahia faz parte de um movimento que me parece um pouco com o que eu vi nascer na década de 90 com o mangue beat (em Pernambuco)."

Lu Araújo, curadora do MIMO

Anitta num momento da sua performance: uma entre muitos brasileiros a bombar em Portugal

 

São cinco os brazucas do MIMO este ano; sem falar na apresentação de oito filmes nacionais. "A cada edição, meu critério de curadoria muda um pouco. Para este ano, eu quis selecionar artistas brasileiros desta nova cena musical que já faz parte de um movimento bastante significativo, além de nomes que não circulam por Portugal há muito tempo. Quis trazer o BaianaSystem porque acho que a música atual da Bahia faz parte de um movimento que me parece um pouco com o que eu vi nascer na década de 90 com o mangue beat (em Pernambuco). Depois de muitos anos, vejo um fenômeno de massa que tem conquistado a todos, e acho que o trabalho do BaianaSystem é brilhante. Na outra ponta, estou trazendo artistas tão novos quanto eles, mas com menos reflexo em Portugal, como é o caso do pernambucano Almério", explica Lu Araújo, diretora e idealizadora do MIMO.

Ela conta que também participarão Dona Onete, do Pará; além do pernambucano Otto e do carioca Moacyr Luz. 

Otto, atração do festival MIMO, que terá cinco artistas da música e oito filmes nacionais

Quem abriu a temporada de shows de artistas brasileiros na primavera portuguesa 2018 foi Chico Buarque. Há doze anos ele não passava pela Terrinha. Seus quatro shows no Coliseu de Lisboa foram apoteóticos, com ingressos esgotados, como era de se esperar. O mesmo aconteceu no Porto. 

Outro grande mestre da nossa música também se apresentará em Lisboa no próximo dia 30. Gilberto Gil fará o encerramento das chamadas Festas Populares Lisboetas,que celebram os santos juninos. A apresentação será gratuita, nos jardins da Torre de Belém. 

Em três anos, mais de € 200 mil de arrecadação

Toda essa afluência se reflete em números de arrecadação internacional. É o que conta o gerente do departamento internacional da UBC, Peter Strauss. "Os rendimentos para os artistas brasileiros em Portugal são significativos num contexto de recebimentos do exterior em geral. Novelas da TV Globo têm grande importância nisso. Apesar de as novelas locais terem se tornado mais populares nos últimos anos, os portugueses continuam a consumir nossas novelas, e isso se reflete em royalties para os artistas presentes nas trilhas sonoras. A frustração de alguns desses artistas é que o tempo entre a exibição das novelas e distribuição para a UBC é longo, levando até dois anos em alguns casos", analisa.

Sobre o volume desta rentabilidade, Peter explica que a Sociedade Portuguesa de Autores pagou, nos últimos três anos, mais de € 200 mil à UBC.

São valores que ajudam a melhorar o rendimento de artistas que são constantes em Portugal. É o caso de Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, que voltam a ao país nos dias 12 e 13 de julho, com o show “O Grande Encontro”, nos coliseus de Lisboa e Porto. 

"Estar em Portugal é reencontrar minhas raízes mais profundas. Na infância, ouvia o canto ibérico dos aboiadores na Fazenda Riachão. Na vitrola de meu avô Adalberto, os fados portugueses. No Recife, os frevos de bloco e o samba-canção que mantêm íntima relação com a sonoridade lusófona. Já adolescente, meu Tio Lívio apresentou-me  à poesia de Fernando Pessoa e à prosa de Eça de Queiroz. Tudo isso ficou incorporado em mim e se reflete na minha obra", relembra o pernambucano Alceu Valença que, nos últimos 10 anos, vem com frequência a Portugal. 

"A arquitetura da cidade me comove. Os sabores me seduzem. As ladeiras de Lisboa e seus sobrados me remetem a Olinda. As calçadas, por onde caminho, ao Rio. Compus 'Loa de Lisboa' em homenagem à cidade. O "P da Paixão", outra canção, foi composta inicialmente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e concluída na cidade do Porto, onde me divirto com as gaivotas na beira do Douro. Já viajei para o Minho, para a da Serra da Estrela, para o Alentejo e constatei a diversidade climática, geográfica e cultural de Portugal. É muito gratificante poder me apresentar num país onde me sinto em casa. Vivo em urbes paralelas!", continua o compositor.

Alceu: "Estar em Portugal é reencontrar minhas raízes mais profundas"

 

O hip hop nacional também pede passagem

Engana-se quem pensa que só artistas consagrados e com anos de carreira fazem sucesso na Terrinha. Nomes da chamada "nova geração da música brasileira" têm conquistado, ano a ano, mais espaço e mais público em Portugal, aumentando esse intercâmbio. É o caso dos rappers Emicida e Rael que, ano passado, apresentaram pela primeira vez o projeto luso-brasileiro "Língua Franca", em Lisboa. A recepção foi tão positiva que a dupla voltou à cidade no último dia 24 de junho para se apresentar, ao lado dos rappers portugueses Capicua e Valete, no Rock in Rio Lisboa. O projeto "Língua Franca" reúne os quatro rappers e é apadrinhado por Caetano Veloso.

Ainda falando sobre a programação do Rock in Rio Lisboa, a rainha do pop nacional, Ivete Sangalo é a atração brasileira mais aguardada do festival. Ivete já participou de todas as edições do evento. Já o duo Anavitória vai estrear no festival idealizado por Roberto Medina nesta edição lisboeta. 

Fora do circuito dos grandes eventos, mas marcando presença na terrinha, o carioca Cícero também aproveitou esta época do ano para apresentar aos portugueses as canções do seu recém-lançado trabalho. Foram cinco shows em cinco cidades portuguesas, entre os dias 15 e 23 de junho. 

Quem também vem a Portugal no início de julho é o rapper paulista Rashid, que se apresenta, ao lado de outros representantes do rap nacional, dia 4, em Lisboa. Já no dia 6, ele, Rincon Sapiênciae outros desta novíssima cena do rap brasileiro se apresentarão no Sumol Summer Clash, em Ericeira, cidade próxima da capital portuguesa. 

 

 

 


 

 



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