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Educação musical: investimento que dá frutos
Publicado em 28/10/2019

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A história da jovem compositora Maria Fernanda Afonso (foto), de só 18 anos — e já com música interpretada por IZA e participação em show de Roger Waters —, traduz o acerto de estimular talentos precoces nesse universo

Do Rio

São conhecidos os benefícios do estímulo musical desde a primeira infância, para a formação não só de artistas mas de cidadãos com mais sensibilidade. Com políticas públicas erráticas no sistema de ensino, e famílias, muitas vezes, sem condições de pagar pela educação musical privada dos pequenos, é quase um acaso que o Brasil siga produzindo tantos profissionais de destaque nesse universo. No Rio, uma iniciativa de formação musical gratuita, levada a cabo por uma ONG, mostra como dá bons resultados investir em talentos precoces. Ali, eles tiveram como grata surpresa a revelação da jovem Maria Fernanda Afonso, de só 18 anos, que acaba de se filiar como compositora à UBC. 

Moradora do bairro de Vicente de Carvalho, na Zona Norte da cidade, ela participou de oficinas no Centro de Música Jim Capaldi, mantido pela Fundação São Martinho, e pôde desenvolver a afinidade que sempre demonstrou com os instrumentos. Herdeira da paixão da mãe pelo samba e outros gêneros brasileiros, Maria Fernanda foi uma das 14 crianças e adolescentes desse projeto musical que tiveram a oportunidade de cantar com Roger Waters, ex-baixista e vocalista do Pink Floyd, na passagem dele pelo Maracanã há exatamente um ano. 

“A partir desses momentos nas rodas de samba com a minha mãe, ainda muito pequena, surgiu o desejo de aprender a tocar. Eu ficava muito impressionada com os percussionistas do grupo de pagode e pedi à minha mãe para me colocar numa aula de bateria. Naquela época, ela não tinha condições. Depois de procurar cursos gratuitos, eu soube na escola que havia a São Martinho. Me descobri como compositora, como musicista, como pessoa”, define a adolescente, que diz ter composto ao redor de cem canções e já teve pelo menos uma delas, “Novo Lugar”, interpretada por uma estrela, a cantora IZA, durante uma participação no programa “Caldeirão do Huck”, da TV Globo. 

Alunos de uma aula do Centro de Música Jim Capaldi

Além dela, mais de 200 jovens são atendidos de graça no projeto, que funciona também em Vicente de Carvalho e teve início há dez anos com um aporte financeiro de Ana Capaldi, viúva do compositor, cantor e baterista inglês Jim Capaldi, integrante da banda Traffic morto de câncer em 2005. Ana conheceu o trabalho da São Martinho depois de uma visita dos então príncipe e princesa de Gales Charles e Diana, em 1991, à fundação. A visibilidade trazida pela benemérita atraiu outros apoios, como os de George Harrison, George Michael, Jon Lord e do próprio Roger Waters, além do selo e gravadora Island Records. 

“A São Martinho acredita que a música exerce um papel fundamental na inclusão social, no aprendizado, na socialização e na autoestima, além de dar aos jovens a oportunidade de seguir um caminho profissional nesse universo”, diz Rodrigo Rocha, coordenador de desenvolvimento institucional da fundação, que ressalta a necessidade de apoio financeiro para seguir com os cursos. “Maria Fernanda é o nosso maior case de sucesso. O que mais chama atenção nela é sua evolução como artista. Ela entrou no projeto ainda criança, tinha sete anos, para fazer uma aula de percussão de forma despretensiosa. Hoje, com 18, é uma artista completa: canta, toca, compõe suas próprias músicas. E encanta com sua sensibilidade.”

Outro momento de uma aula de música na escola mantida pela São Martinho

Na opinião da jovem, que se vê, daqui a dez ou 15 anos, fazendo shows e com uma carreira consolidada, o empurrão que teve num curso de música tão cedo foi fundamental para desenvolver as suas potencialidades: “Não tenho um estilo favorito. Mas gosto da calmaria, das música mais leves, que estão ligadas às minhas verdades. Curto muito um reggae, um rap... O que sei mesmo é que quero me profissionalizar e viver disso.”

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