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Spotify dá o ponta pé ao aumentar preço de planos Premium, mas remuneração para titulares ainda não é clara
Publicado em 11/05/2021

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Apesar do reajuste no valor das assinaturas do Spotify, intérpretes, compositores e músicos não têm informações suficientes das plataformas para compreender o valor que recebem por stream

Do Rio

Considerado líder do setor de stream, o Spotify anunciou no fim de Abril que daria início ao aumento dos preços dos planos Premium em mercados importantes, como EUA, Reino Unido e Brasil. Os valores para já usuários de contas Premium Individual, Duo, Família e Universitário serão mantidos até julho de 2021. Após a data, a assinatura será reajustada em até 30%. Já para novos assinantes, em qualquer opção de plano, o aumento na cobrança já está valendo a partir do primeiro mês de pagamento. O valor pago permite acesso ilimitado a um catálogo enorme de música.

O CEO da Warner Music Group, Steve Cooper, ao ser entrevistado por Matthew Thornton da Truist Financial, enfatizou que não acredita que haja queda de usuários, já que os assinantes são, em maioria, fiéis e acomodados à plataforma que utilizam: “O que as pessoas tendem a fazer nesses serviços é construir sua biblioteca, construir suas listas de reprodução, então há uma fixação em seus hábitos de consumo.”

Além disso, Cooper afirmou que a iniciativa do Spotify pode estimular rivais, como Apple Music, Amazon Music e Deezer: “Eu acho que conforme o Spotify e outros experimentam esses aumentos de preços, se eles não virem nenhum evento de rotatividade significativo - e até o momento não temos conhecimento de nenhum - devemos ter uma expectativa de que outros plataformas começarão a aumentar seus preços também.”

Mas, o Diretor Comercial da Deezer, Laurence Miall-d’Aout, declarou, logo após a confirmação do aumento do Spotify, que não vai aumentar os preços de assinatura durante a pandemia. A justificativa dada é a de que música, podcasts e rádios ajudam as pessoas a lidarem melhor com o atual cenário pandêmico e, por isso, não seria o momento para reajustes. O comentário de Laurence Miall-d’Aout se mostrou desalinhado com o consenso da indústria da música mundial. 

A iniciativa do Spotify foi motivo de singela comemoração para titulares, já que o feito era solicitado por artistas há tempos, devido à moderação da Receita Média Por Usuário (ARPU), que estava em queda constante, e ao desgaste natural do valor de assinantes pela inflação. 

Mas, a falha na remuneração vai muito além do valor pago, como mostrado por Carlos Taran, na série "Ainda Precisamos Falar Sobre O Streaming”. As plataformas de streaming pagam mal, mas, acima de tudo, não são claras quanto ao funcionamento do sistema e à remuneração para músicos, compositores e intérpretes. 

 

Reprodução: Spotify For Artists / Precisamos Falar Sobre O Streaming, Carlos Taran, 2015

 

Como mostra as figuras acima, a fórmula para a realização dos pagamentos é relativamente simples, mas uma informação essencial para conseguir deixar a conta clara não é divulgada por nenhuma plataforma: o total de execuções e faturamento. Um artista tem acesso somente a sua própria quantidade de streams e o valor que vai receber. Assim, é inviável avaliar se o pagamento é realmente justo . Segundo Taran, o artista é prejudicado por não saber a base de cálculo para o preço final do seu trabalho. 

Um segundo ponto importante é a divisão total de receitas entre o total de streams. Esse modelo beneficia somente os artistas mais tocados e impossibilita que o dinheiro pago pelo assinante chegue realmente ao artista que ele ouviu. Além disso, existem outras diversas questões, como a negociação de royalties entre artistas e gravadoras e direcionamento do dinheiro arrecadado por publicidades dentro da plataforma.

Somado a tantos pontos, há uma pandemia, que afeta direta e drasticamente o setor artístico. A ausência de shows enfraquece o mercado e torna os royalties de desempenho cada vez mais baixos. Existem diversos pontos que necessitam de reformulação, mas, uma coisa pode-se ter certeza: ainda precisamos (e muito)  falar sobre o streaming.



 


 

 



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