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Priscila Meira: canções só para quem já amou
Publicado em 09/06/2016

Paulista radicada em Porto Alegre, fala sobre o seu processo criativo e a experiência do crowdfunding que viabilizou a produção de seu novo disco “Alquimias do amor”

Por Fabiane Pereira, do Rio

Não é nenhum exagero dizer que Priscila Meira se entrega, de corpo e alma, à sua música. Compositora popular e cantora,  a artista estudou piano na infância, violão na adolescência e ainda se formou atriz no Teatro Escola Macunaíma (SP). Nascida em São Paulo, morou durante anos em Milão e, atualmente, é radicada em Porto Alegre. Durante o período que passou em terras italianas, participou de várias montagens teatrais, estudou canto com a renomada Patrizia Conte, foi vocalista da banda Bossa & Jazz, intérprete e divulgadora ferrenha da Música Popular Brasileira. E também foi lá que gravou seu primeiro disco, “Priscila Popular Brasileira”.

Hoje, Priscila Meira está prestes a lançar seu segundo trabalho autoral, “Alquimias do Amor”, cujas direção musical e maioria dos arranjos são assinadas por Mathias Pinto. Neste novo projeto, todas as canções são inéditas, e os gêneros populares são enaltecidos com arranjos criativos, interpretações sensíveis e letras que conectam a artista com seu público.

O show de lançamento acontece no próximo dia 19 de junho, domingo, no teatro do Centro Histórico Cultural Santa Casa, em Porto Alegre, a partir das 20h. Quer mais um motivo para não perder este espetáculo? A bilheteria da noite será doada ao Kinder – Centro de Integração da Criança Especial, entidade do Rio Grande do Sul que dá assistência a crianças carentes com deficiências múltiplas e ampara suas famílias.

Num papo com o site da UBC, Priscila Meira falou sobre o disco. Confira.

Como foi o processo criativo e artístico deste segundo trabalho?

Priscila Meira: Tudo vem acontecendo de maneira espontânea, livre e fluida, as canções foram criadas nos últimos cinco anos, mas somente em 2014 senti que havia chegado o momento de gravar um novo trabalho. Nesses anos, compus muito mais do que as faixas que gravei, mas as músicas escolhidas para este trabalho foram se encontrando aos poucos. O processo de composição e criação é muito misterioso, por isso não tive pressa.

O que a inspira a compor?

O ser humano, sempre. Sou muito observadora, minha formação como atriz me deu esse vício bom, mesmo não atuando no teatro nesse momento. Gosto de observar as pessoas, escutar suas histórias, conhecer seus sentimentos, sonhos, aventuras, desabafos, desconcertos, alegrias. A maioria das letras de minhas canções vem daí. Outras, do imaginário, simplesmente. Muitos perguntam de onde tiro o que escrevo, e o que posso responder é que minhas canções não são autobiográficas, não pretendem contar minhas histórias, mas experiências externas com as quais me identifico de alguma maneira. De mim, claramente, falo muito pouco através das palavras. As melodias, sim, revelam meu ânimo durante a criação.

Você se envolveu em todas as etapas do processo de produção? Desde a composição até o processo de financiamento coletivo?

Sim, tudo! Costumo brincar dizendo que, na verdade, sou minha faxineira, secretária, assistente, diretora, vendedora, psicóloga, produtora, criadora, artista, prestadora de contas... Adoro ser produtora, gosto muito da idealização e da realização de um projeto no qual acredito, do diálogo artístico que se cria com o público através da arte, da música, da poesia, da nossa língua tão rica. Faço questão de estar próxima, em todas as etapas, costurar aos poucos a colcha de retalhos que são a construção e a produção de um trabalho bem feito. O financiamento coletivo fez parte desse processo e, nesse caso, também estive à frente de toda a captação de recursos.

Por que você optou pelo crowdfunding, e como você pensou nas recompensas oferecidas?

Para mim, o financiamento coletivo foi a solução imediata, uma maneira criativa de captar recursos, uma forma de dar ao público a possibilidade de participação e incentivo ao artista, conhecê-lo melhor. Uma forma de conscientizar o público das dificuldades que enfrentamos e estimulá-lo a participar, não com uma livre doação (financiamento coletivo não é mendicância, como muitos julgam equivocadamente), mas antecipando uma cota que lhe dará uma recompensa em seguida, uma troca, além da gratificação de saber que, através de seu apoio, seja qual for, está ajudando a fomentar cultura em nosso país.

E também porque, depois de tantos anos e tentativas, me decepcionei com editais burocráticos e complicados, ultradisputados, e leis de incentivo que não incentivam como se propuseram, quando foram criadas. Resolvi partir para o coletivo, para o humano, fui “para a rua”, como tantos outros artistas. Do contrário, como dar continuidade à nossa produção cultural?

As recompensas que ofereci basicamente foram meus dois CDs, convites para o show de lançamento e fragmentos enquadrados da obra de Carla Magalhães, que inspira a identidade visual de “Alquimias do Amor”. Para os apoiadores que superaram a contribuição média, apresentações privadas em suas empresas ou eventos.

Por que 'Alquimias do Amor'?

Porque todas as canções, afinal, falam de amor. Das várias maneiras de amar e ser amado, é uma mistura, uma alquimia de situações, sentimentos, possibilidades e fases. Canto o amor possessivo, melancólico, livre, poético, o amor romântico, nostálgico, passional, platônico, infantil, a paixão, o ciúme, falo do homem, falo da mulher, para eles e sobre eles. As músicas do disco falam de tudo isso que todos nós, pelo menos uma vez na vida, já experimentamos em relação ao amor. Só não escrevo e canto sobre quem nunca amou, jamais conheci alguém que não tenha amado, sequer imagino como possa ser, nunca tentei... Essa canção ainda não consegui criar.

 


 

 



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