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Tem algo novo soando no mercado independente
Publicado em 15/08/2016

Revelação da música brasileira e expoente da geração “faça você mesmo”, banda gaúcha Dingo Bells chama atenção com sua mistura de jazz fusion, pop alternativo e rock

Por Fabiane Pereira, do Rio

Nos últimos anos, poucos artistas da nova música brasileira captaram tão bem o espírito de uma época quanto a banda Dingo Bells. Originário do Rio Grande do Sul, o power trio formado por Rodrigo Fischmann (voz principal e bateria), Diogo Brochmann (voz, guitarra e teclado) e Felipe Kautz (voz e baixo) despontou em 2015 como uma das grandes revelações musicais após lançar o disco “Maravilhas da Vida Moderna”, no qual reuniu influências de jazz fusion, pop alternativo e rock psicodélico a um olhar essencial sobre nossas fragilidades.

Gravado por meio de financiamento coletivo, o disco independente traz canções pop sem abrir mão da qualidade dos arranjos, da profundidade e dos questionamentos existenciais das letras. Com arranjos ousados, harmonias vocais caprichadas e composições que traduzem o pulso de uma geração, ainda em 2015 o Dingo Bells encabeçou três temas do mais recente trabalho na playlist “Music Map: Cities of the World”, do Spotify, um dos maiores serviços de streaming do mundo — "Eu Vim Passear", "Dinossauros" e "Maria Certeza"  ficaram entre as faixas mais reproduzidas pelos assinantes da plataforma na capital gaúcha. E sim, isso é muita coisa. 

Para se ter uma ideia do sucesso da banda, os moços já abriram os shows do ex­Beatle Ringo Starr, do grupo punk Television e, no início deste ano, foram convidados pelo Maroon 5 para serem a banda “abre­alas” no show de Porto Alegre. 

Quem assina a produção do álbum “Maravilhas da Vida Moderna” é o premiado Marcelo Fruet. Entre as participações especiais, estão Felipe Zancanaro (Apanhador Só), Ricardo Fischmann (Selton) e Tomás Oliveira (Mustache & Os Apaches). O site da UBC bateu um papo com o Rodrigo Fischmann sobre a origem do grupo, o mercado independente e o seu processo criativo.

Como os três integrantes da banda se conheceram?

Rodrigo Fischmann: Nos conhecemos desde pequenos. Estudamos juntos praticamente toda a vida escolar e, ainda por cima, na mesma escola de música. Bom, como se não bastasse, eu e o Felipe (baixo) somos primos!

Quando perceberam que poderiam viver de música num mercado independente?

Não sei se houve algum momento exato em que tomamos consciência disso. Escolhemos fazer as coisas e lidar com a nossa carreira da forma mais profissional possível. E, assim, fomos aprendendo a viver da música em um mercado independente. Ter conhecido profissionais do mercado e ter observando outras bandas com certeza contribuíram para esclarecer qual caminho nos interessava nessa busca por sobreviver de música.

A banda pertence a uma geração que é bombardeada pela cultura pop 24h. Como filtrar essas influências e lançar um trabalho tão autoral?

Quando começamos a pensar no “Maravilhas”, surgiram reflexões sobre sonoridade e referências. Desde o início, nossa grande vontade era a de imprimir um som que fosse nosso, original, e que respeitasse o universo próprio de cada canção. Por mais que, durante algumas composições, estivéssemos ouvindo artistas específicos e que, por isso, influenciaram de alguma forma nessas composições, nos afastamos ao máximo da ideia de utilizar alguma referência específica na sonoridade ou nos nossos arranjos. Acho que conseguimos atingir nosso objetivo, que era o de um disco com diversas influências sonoras, mas que nenhuma se destacasse mais do que as próprias canções.

Quando pensam numa faixa pra entrar no repertório do disco, já conseguem vê­-la sendo divulgada através dos clipes e de outras plataformas digitais? Ou esta preocupação só vem depois?

Acho que isso costuma vir depois, em geral. Mas, como algumas músicas acabam tendo muitas sugestões visuais nas letras, pois trabalhamos bastante com essas imagens nas nossas canções, é inevitável que tenhamos ideias para videoclipes. Mas me refiro mais ao sentido de uma outra forma de expressar a música, nesse caso através do visual, do que uma ideia de divulgação. 

Quais artistas são fontes de inspirações para Dingo Bells?

São vários. Dentre eles, sempre citamos Caetano Veloso, Milton Nascimento e o Clube da Esquina, Steely Dan, Beach Boys, Tim Maia, Chic, Talking Heads, Sondre Lerche, Fleet Foxes, Stevie Wonder...

Como rolaram os convites para abrir os shows do Ringo Starr e da banda Maroon 5? A iniciativa partiu de vocês?

A iniciativa partiu das produtoras que trouxeram esses shows para Porto Alegre. Chegou para nós através de um e­mail ou ligação, por parte da nossa produção. E, obviamente, aceitamos na hora, com muita alegria. Duas experiências incríveis que vamos levar para toda a vida. 

Como vocês veem a questão do direito autoral no Brasil e o trabalho realizado pela UBC?

É um terreno que acaba sendo bastante nebuloso para muitos artistas novos, e nós nos enquadramos nessa fatia. O contato com esse universo acaba acontecendo muitas vezes só na hora em que vemos os frutos resultantes da divulgação das músicas e da remuneração dos seus autores. Sinto que ainda estamos longe de entender do assunto, mas também cabe ao artista ir atrás de informações disponíveis e buscar esse conhecimento. A UBC sempre procurou esclarecer qualquer dúvida que tivemos em relação a esses direitos e questões operacionais envolvendo cadastros e recolhimentos.


 

 



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