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Gisele De Santi: afinada e bem acompanhada
Publicado em 14/09/2016

Gaúcha radicada em São Paulo lança seu terceiro disco, 'Casa', sem retoques na voz e com colaboração de Luiz Mauro Filho e Vagner Cunha

Por Fabiane Pereira, do Rio

A cantora gaúcha Gisele De Santi acaba de lançar seu terceiro disco, "Casa". Após ser mãe do pequeno Chico, a artista entrou em estúdio para gravar o álbum cuja intenção, desde o início, era promover um movimento de valorização do verso, da voz e da melodia.

Gisele teve apenas o acompanhamento do piano de Luiz Mauro Filho, ocasionalmente com a presença de cordas a cargo de Vagner Cunha, produtor de “Casa”, compositor e colaborador de artistas como Ná Ozzetti, Guinga, Vitor Ramil, Nei Lisboa e Bebeto Alves, além de Ana Carolina, Luis Melodia, Chico Cesar e José Miguel Wisnik.

VÍDEO: Gisele deixa um recado para os leitores do site e canta uma música a capella

As gravações ocuparam apenas duas manhãs e duas tardes de uma ampla sala envidraçada, com vista para os campos que cercam o Recanto Maestro, distrito de São João do Polêsine, no centro geográfico do Rio Grande do Sul. Não foram necessárias mais que três ou quatro tomadas para se chegar à versão final presente no álbum.

Algumas faixas, entre as melhores do disco, como “Nobreza” (Djavan) e “Astronauta Lírico” (Vitor Ramil), aparecem registradas no primeiro take. Não se permitiram as famigeradas correções de afinação via software. Coisa rara hoje em dia. As 13 faixas, se irmanam ao tratar de nascimentos, separações e descobertas.

Aqui, Gisele De Santi conta um pouco sobre seu processo artístico.

Como a música entrou profissionalmente na sua vida?

Gisele De Santi: Comecei aos 14 anos em um bar no litoral gaúcho. O bar se chamava Urso Branco. Eu e dois amigos tocávamos de Marisa Monte a Iron Maden e recebíamos o cachê em formato de "xis salada" e suco (os guris tomavam cerveja, já tinham 18 anos). Nesse mesmo verão do Urso Branco compus "Outono", minha primeira canção, gravada anos depois pela querida Chimarruts. Logo em seguida comecei a gravar jingles publicitários em diversas produtoras em Porto Alegre além de cantar em tudo quanto é tipo de evento - de casamento a trio elétrico no Carnaval. E veio mais diversidade: fui backing vocal de banda de reggae, vocalista e compositora de banda de forró e colaboradora de uma loja de videokês (cantava a clássica "Bem Que Se Quis", código 3030, entre outras). Me formei em canto lírico na universidade, viajei a lugares, fiz parcerias, cantei mais por aí, fiz outras canções, gravei meu primeiro disco e depois o segundo e agora o terceiro. E muita coisa aconteceu no caminho. Adorei essa pergunta e lembrar de tudo isso. Tudo tão bom e saudoso na minha vida. 

"Casa" é seu terceiro disco. O que mudou na Gisele De Santi do início da carreira pra cantora que acaba de lançar seu terceiro trabalho? 

Se considerar o início da carreira no Urso Branco, muita coisa mudou (risos). Mas considerando o marco do início o lançamento do meu primeiro disco, vejo principalmente a seguinte mudança: em um primeiro disco temos muita coisa pra dizer, um repertório de uma vida inteira, canções antigas contrastadas com as novas, assuntos e experiências diferentes umas das outras e, por tanto, um repertório mais diverso e talvez menos coeso. O que passa longe de ser algo negativo, mas é, simplesmente, mais diverso em muitas características. Casa, meu terceiro e recém lançado disco, foi construído em um período específico da minha vida. Já é a Gisele com 30 anos, mãe do Francisco e com outras coisas pra dizer. Ainda assim, falando muito sobre o amor, mas talvez agora sob uma ótica diferente.

O que mudou artisticamente em você após a maternidade?

Logo na gestação, senti necessidade de olhar pra dentro, me conectar com uma essência, a minha essência. Muitas mulheres passam por isso na gestação, repensam tudo e a si mesmas. É uma chance de renascer. Vagner Cunha, produtor e arranjador do disco, tinha me feito a proposta de gravar um disco de piano e voz em 2010, quando eu recém havia lançado o meu primeiro disco. Achei a ideia ousada. Foi agora em 2015, grávida de 5 meses que decidi gravar o "Casa" e resgatar essa antiga ideia. Agora fazia sentido realizar esse trabalho que exigia retiro, reflexão e silêncio. 

Como foi o processo de escolha do repertório de "Casa"?

A escolha do repertório aconteceu em 60 dias. Eu já estava entrando no sexto mês de gravidez e a idéia era gravar o disco antes do Francisco nascer. Selecionei algumas canções minhas que havia composto recentemente como "É do mar" que compus para Fabiana Cozza, "Toda", "Helena", "Casa" que dá nome ao disco. Fiz versão brasileira recriando os poemas de duas canções francesas do impressionismo ("A Lua Vagarosa" e "Quando eu sonhei"), pois queria resgatar um pouco da minha história como aluna de canto lírico e trazer essas canções para o universo da música popular brasileira. No meio desse caminho de busca pelo repertório do disco, me apaixonei por "Bem-vindo", música que o Yamandu Costa fez pro filho. Tinha tudo a ver. Perguntei pro Yamandu: "posso fazer a letra?" E ele, gentilmente, disse: "manda bala, guria!" Junto com Vagner Cunha e com Rodrigo Panassolo (que colaborou nessa pré-produção) escolhemos 5 releituras pro disco, canções que faziam parte do meu cantarolar em casa, aquelas que a gente tem no inconsciente e no coração.

Como você vê o trabalho da UBC?

A UBC faz um trabalho sério e transparente e está sempre na batalha por condições mais justas para os autores. Confio nela e me orgulho dela.


 

 



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