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Rodrigo Suricato, a nova voz do Barão Vermelho
Publicado em 03/04/2017

Músico sai em turnê com a mítica banda em maio mas não descuida da sua Suricato, que lança o terceiro álbum de estúdio

Por Fabiane Pereira, do Rio

Rodrigo Suricato está em fase de apostas. Como anunciou recentemente num longo texto em uma de suas redes sociais, espera viver uma fase, a um só tempo, frutífera, produtiva e divertida, como novo vocalista do Barão Vermelho em substituição a Roberto Frejat. Sem deixar de lado sua própria banda, o Suricato, que lança seu terceiro álbum de estúdio.

"Confesso que é estranho e, ao mesmo tempo, familiar quando me imagino no lugar do Cazuza e do Frejat. Dois grandes ídolos, insubstituíveis, patrimônios da nossa música. Críticas serão inevitáveis, e eu passarinho quanto a isso. Tenho muito respeito pela história do Barão e agradeço o carinho e a gentileza do Frejat. Minha intuição é que irei me divertir bastante junto aos queridos Maurício Barros, Guto Goffi, Fernandão Magalhães e Rodrigo Santos", resumiu.

Mesmo rodando o país a partir de maio com a turnê do Barão, Rodrigo acalma os fãs do Suricato: o terceiro álbum, já com a nova formação (saem o guitarrista Guilherme Schwab e o baterista Pompeo Pelosi, entram os músicos Cauê Nardi, Cesinha, Miguel Bestard e Thiago Medeiros; fica o baixista Raphael Romano) dialoga com os anteriores, mas é “mais maduro”.

 

 

Confira o que ele contou em rápida entrevista com o site.

 

 

Você agora é um "barão". Após Cazuza e Frejat, passa a ser o vocalista de uma das bandas de rock mais respeitadas do país. Como surgiu o convite? Chegou a pensar em não aceitá-lo por causa do Suricato?

Rodrigo Suricato: O convite veio através do Maurício Barros. Tocamos juntos num grande projeto pelo Brasil, o Nívea Rock. Muitos meses depois, ele me ligou explicando a situação, e eu disse que seria um prazer desde que não tivesse que escolher entre Barão e Suricato. Sendo assim, topei depois de pensar nas consequências (ou inconsequências) disso. É uma decisão corajosa, mas veio numa fase em que abandonei muitas crenças limitantes sobre arte, legado, vida e outras coisas. Quero me jogar no que amo fazer e deixar as pessoas discutirem se é certo ou não. É uma honra ser um barão alguma vez na vida, amo a banda. São dois projetos com apetites distintos e raízes em décadas diferentes. Pode dar muito certo ou muito errado, nas duas opções estarei me divertindo e fazendo música. 

 

Este ano, com nova formação, o Suricato vai lançar o terceiro disco. O que os fãs podem esperar do novo trabalho?

Acho as composições mais maduras, mais para cima. É sensível, mas não tem tanto a pureza do “Sol-Te”. Optei também por uma escrita ainda mais direta. A formação nova da banda é muito boa, mesmo, e o astral para trabalhar está fazendo toda a diferença. Sou muito sensível, não sei trabalhar em ambiente pesado. Em termos de sonoridade, talvez esteja um pouco menos étnico/folk e mais pop. Tenho muitos planos para a banda.

 

Você, além de cantar, é guitarrista e compositor. O que inspira suas composições?

Não sei, tudo meu vem através de muito trabalho, e não acredito muito em inspiração. Tem uma frase ótima que diz “Quando a inspiração aparecer, espero que ela me encontre trabalhando”. Mas exercito muito minha sensibilidade com minha família. São tudo para mim, e o mundo fica muito mais bonito para trabalhar. Adoro ficar em casa.

 

Você faz parte da nova safra de bons músicos da MPB. Como vê esta "nova" geração que hoje está lançando seus primeiros trabalhos?

Do ponto de vista criativo acho essa geração fantástica, pois não herdaram as fórmulas que dominavam o mercado de fazer canção num formato para tocar no rádio ou TV. Eles fazem música para si, para a internet e com um conceito visualmente estético interessante, conectado e bem antenado.

Sim, nunca tivemos tantas “Gal Costas” ou “Caetanos” nascidos prematuros de 6 meses. O lado ruim é que eles não dispõem de muitos lugares para exercitar esse repertório ao vivo, algo fundamental no processo de formação do artista e até do empreendedor, pois trata-se de um negócio. Devia haver uma lei obrigando a realização de shows de abertura em qualquer lugar. Musicalmente, confesso que gosto de apenas 30% do que ouço mas estou mesmo interessado é no movimento como um todo, nessa oferta abundante e no novo papel da arte na sociedade. Isso é lindo e interessante. Tô curioso no que isso tudo vai dar. Antes de terminar, preciso dizer que o trabalho do Zé Manoel é uma das coisas mais lindas que ouvi ultimamente.

 

Como você se relaciona com as redes sociais, ferramenta tão fundamental na divulgação da música nos dias de hoje?

Tenho uma relação mais equilibrada hoje. É uma ferramenta que ajuda e tira o humor. Saio do Facebook de 2 em 2 meses por conta disso. Gosto de responder aos fãs e estar próximo de quem gosto ou curte meu trabalho. Minha maior ressalva é que as curtidas não traduzem a realidade aqui de fora e pressionam por um posicionamento de plástico do artista. Outro ponto é que muitos não são tão populares nas redes mas possuem enorme solidez no negócio aqui fora.

 

O que mudou, artisticamente, no Rodrigo Suricato que dava os primeiros acordes numa guitarra e no Rodrigo de hoje em dia?

A impressão que tenho é que dei a volta ao mundo para chegar exatamente ao mesmo lugar, mas de um jeito absolutamente mais confiante. Pode ter sido o pouco de êxito que tive ou o tempo de exercício. Ainda amo tocar com outros artistas, gravar, produzir e ter minhas atividades individuais. É engraçado, minhas opções sonoras continuam tendo a mesma pegada country, folk, blues, texas.¿ Também estou feliz em assumir que nunca serei tão bom em coisas que outros tem enorme facilidade. Parei de me frustrar com meu limitado compositor e saí da olimpíada artística de querer ser relevante ou deixar um legado incrível que não usufruirei. Sou o melhor que consigo ser, e ponto. A consequência disso é que nunca fui tão parecido comigo quanto agora. Tô achando que minha missão talvez seja reproduzir uma cópia cada vez mais nítida de mim mesmo independente do trabalho que esteja fazendo. Tô feliz assim!

 

 

 


 

 



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