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E vai rolar a festa...
Publicado em 01/02/2018

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Publicado originalmente no jornal A Tarde, no dia 01/02/2018

Por Manno Góes, de Salvador

Moramos numa cidade cheia de ritmos. E esta multiplicidade de sons e levadas encontra no mês de fevereiro seu chão de estrelas.

É inevitável pensar em carnaval sem pensar imediatamente em Salvador. Seja por suas características musicais, seus trios elétricos, histórias e coreografias; seja por seus artistas consagrados, blocos afro, camarotes e folião pipoca. A capital baiana sabe que sua alegria é também um cartão postal.

De um jeito ou de outro, quando a folia se aproxima do calendário, Salvador vira sinônimo de turismo, entretenimento e bons negócios.

O carnaval provoca uma reação em cadeia na cidade, gerando empregos e rendas como em nenhum outro período do ano.

Agências de turismo, baianas de acarajé, vendedores de fitinhas do Bonfim, artesãos, lojas de berimbau, motoristas, restaurantes, bares, cervejarias, empresas de aluguel de geradores para trios elétricos, donos de camarotes, blocos, artistas, empresários e catadores de latinhas encontram no período carnavalesco seu melhor e mais promissor momento.

Os números são astronômicos: segundo o portal da transparência da prefeitura de Salvador, somente a Saltur, em fevereiro e março do ano passado gastou mais de 35 milhões de reais no período. Dados oficiais contabilizam também que a festa atraiu pa-
ra a cidade mais de 750 mil turistas, sendo 100 mil estrangeiros. É recolhida uma média de um milhão e meio de toneladas de lixo durante o carnaval em Salvador.

E são executadas algumas milhares de canções durante a festa.

Músicas essas que trazem, em cada uma delas, um ou mais autores por detrás. Pais de família, jovens, músicos, poetas, escritores. Pessoas comuns que se arriscaram a escrever uns versos aqui e ali e que acabaram dando certo, vendo sua música ser gravada. Um segurança de um shopping. Um policial militar. Um amador. Um profissional. Uma pessoa: um compositor.

Por detrás de cada canção que faz dançar e que atrai turistas do mundo inteiro para nossa cidade, há um ser humano que tem contas para pagar.

Que merece o respeito de ser reconhecido pela sua criação e ser devidamente remunerado por isso.

A prefeitura de Salvador, a “cidade da música”, não paga direitos autorais para os compositores. Burla a convenção de Berna e as leis de proteção autoral do país. Nega-se a cumprir o que determina a Constituição brasileira.

O carnaval de Salvador movimenta a economia, gera empregos, fortalece o turismo da cidade, traz alegria para todos e gera muitos lucros. Menos, é claro, para os autores.

Carnaval é música. Toda música tem um compositor.

Como seria um carnaval sem música?

Pense nisso.

Quando não pagam direitos autorais, só quem dança é o autor.


 

 



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