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Três perguntas para o Papas da Língua, que celebra 25 anos
Publicado em 28/05/2018

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Uma das bandas com presença mais sólida no suculento mundo das trilhas sonoras fala sobre seu processo de criação e dá dicas para músicos que querem sincronizar suas obras em produções audiovisuais

De São Paulo 

Uma das bandas de trajetória mais sólida da cena gaúcha — e com forte presença no mundo das trilhas sonoras — chega aos 25 anos de carreira mantendo seu espírito explorador. Com um rock recheado de referências sonoras, letras espertas e, permeando tudo, um amálgama bem pop, eles acumulam sucessos e uma legião de fãs. Tudo isso sem se render à avassaladora cena “puro rock” da Porto Alegre dos anos 1990, quando surgiram; nem se refugiar no eixo Rio-São Paulo para estourar nacionalmente.

A celebração dos 25 anos será em dois shows, dias 2 e 3 de junho, no mítico Teatro São Pedro, no centro da capital gaúcha. “Teatro é um lugar mágico, é onde ficamos mais perto do público. Queremos contemplar músicas inéditas, músicas que chamamos de nosso 'lado b' e também aqueles hits que não podemos deixar de tocar. Depois, a ideia é seguir comemorando pelo Brasil inteiro, por Portugal e pelo que vier”, diz Leo Henkin, músico, compositor e um dos líderes do quinteto, em entrevista ao site. 

O pop com sotaque pop e reggae de vocês sempre foi mais comum em outras latitudes, mais ao Norte, mas não era tanto no Rio Grande do Sul quando o introduziram. Se sentiram meio estranhos no ninho em meio aos roqueiros gaúchos?

Leo Henkin: O Papas se formou em Porto Alegre, e, naquela metade dos 90, não se fazia pop em terras sulinas; era mais rock mesmo. Por isso, as pessoas em geral e a mídia achavam que a gente era de outro lugar do Brasil, mais ao Norte. Nossa primeira música a rodar bem foi um reggae, chamado “Democracy”. Não se fazia reggae no Sul. Mas nossa segunda música já foi um funk; a terceira, uma balada pop, e assim por diante. Então começaram a perceber que o Papas era pop, mesmo, e isso se acentuou no disco seguinte, até que ninguém estranhou mais. Mas nós mesmos nunca nos sentimos estranhos em relação a isso! Ríamos muito quando íamos a cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e perguntavam o que a gente estava achando do Sul. Quando ficamos mais conhecidos, com “Blusinha Branca”, “Lua Cheia”, “Eu Sei” e “Vem Pra Cá”, as pessoas começaram a entender o pop do Papas.

Diferentemente de artistas que puseram os dois pés na estrada e se mudaram para o eixo Rio-SP, vocês mantiveram as raízes firmes no Sul. Foi uma decisão acertada?

Leo Henkin: Nos primeiros 10 anos da banda, tínhamos muito show na Região Sul do país, e isso nos manteve baseados aqui, por uma questão de logística, obviamente. Não fazia sentido a gente se radicar em São Paulo, por exemplo, até porque ficou fácil ir ao Centro do país, passar um ou dois meses fazendo shows e divulgação e, dali, ir fazer shows, seja no Sul, no Nordeste ou no Centro-Oeste.

Outro dos pioneirismos de vocês foi transitar bem no universo das trilhas sonoras, com canções emplacadas em diversas novelas e em filmes. Hoje se sabe que 60% da arrecadação com direitos autorais no Brasil vêm de músicas inseridas em produtos audiovisuais, mas vocês o fizeram muito antes de outros artistas tomarem consciência disso. Foi uma decisão deliberada? 

Leo Henkin: Não foi uma atitude deliberada, não. Simplesmente aconteceu, e muito cedo, na nossa careira. Já no nosso primeiro disco, que é de 1995, gravado e lançado pela Sony Music, tivemos uma música (“Encontros Amargos”) sincronizada na trilha sonora da novela “Cara e Coroa”, da TV Globo. Em seguida, outra na “Malhação”. Em 2001, fizemos uma música (“Calor da Hora”) para um filme de Jorge Furtado (“Houve Uma Vez Dois Verões”); e, daí em diante, seguiram-se vários convites, inclusive a participação na trilha sonora da novela “Páginas da Vida”, com a música “Eu Sei”. Essa música teve um sucesso tremendo na novela e estourou no Brasil e em vários outros países. Acho que (essa sequencia de sincronizações) tem a ver com a musicalidade das canções. Na verdade, acho que são duas coisas que acontecem e que são importantes para quem quer seguir este caminho. A primeira é fazer a sua música ser divulgada; e a segunda é se aproximar desse pessoal que faz cinema e audiovisual em geral, estreitar relações, mandar material, enfim, ficar de olho no que está rolando!

OUÇA MAIS: A canção "Um Dia de Sol", do Papas, presente na trilha da novela "Tempo de Amar"

 


 


 

 



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