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O legado de Villa-Lobos, 60 anos após sua morte
Publicado em 23/09/2019

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Museu dedicado ao maestro, no Rio, realiza uma semana inteira de debates; especialistas falam da circulação das partituras e da questão dos direitos autorais

Do Rio

Sessenta anos depois de sua morte — completados no último dia 17 —, o carioca Heitor Villa-Lobos ainda é reconhecido mundialmente como o mais original compositor brasileiro de música erudita, inaugurador de um estilo genuinamente nacional ao beber na fonte sempre menosprezada de gêneros populares e regionais para engrandecer suas criações líricas. Isso não significa, no entanto, que os rendimentos com direitos autorais de sua obra alcancem cifras satisfatórias nem que sua rica coleção de partituras tenha a circulação que mereceria.

Detentora das partituras originais, a Academia Brasileira de Música (ABM), fundada por ele, tenta há 12 anos editar a obra completa do maestro, sem angariar interesse da parte de grandes corporações para um necessário patrocínio. Todo o material foi revisado, editado e certificado pela ABM e poderia servir como guia e base para orquestras que visam a um nível ótimo na execução do trabalho de Villa-Lobos.

“Em 2007, negociamos com as editoras com as quais ele teve contratos em vida, a fim de publicar novas edições de obras de orquestra ou grupos de câmara. Foi feito um projeto para a obtenção de patrocínio, mas, por se tratar de novas edições de obras que circulam com base em acordos de aluguel de partitura e material de orquestra, não teria visibilidade para o público, e não houve interessados. Ainda assim, a ABM segue realizando o projeto, em parceria com uma editora francesa, que tem parte importantíssima da obra do maestro”, explica Marisa Gandelman, advogada especialista em direitos autorais e representante da obra de Villa-Lobos.

Ela é um dos especialistas que debaterão esta semana, no Museu Villa-Lobos, no Rio, o legado e a importância estética, cultural e até política do trabalho e das pesquisas do compositor. Durante o simpósio “Villa-Lobos: 60 anos de celebração”, a partir desta segunda-feira (23), às 15h, com entrada gratuita, participarão musicólogos, músicos especialistas de instituições como a própria ABM e a Osesp, além de universidades de Rio, São Paulo, Minas Gerais e Estados Unidos. Até sexta-feira, ocuparão os debates, colóquios e mesas-redondas nomes como Marcelo Lopes e Antonio Carlos Neves (Osesp), Loque Arcanjo (UFMG), Luis Fernando Lopes (Indiana University, EUA), Humberto Amorim (UFRJ) e Paulo de Tarso (USP), entre diversos outros.

Dentro de exatamente uma década, cumprindo-se o prazo de 70 anos a partir da morte do autor, a obra de Villa-Lobos entrará em domínio público. Nos últimos anos, os rendimentos com direitos autorais vêm caindo bastante, como explica Gandelman. “Se todo o sistema funcionasse melhor, se as editoras tivessem consciência da importância e do tamanho da obra dele para o seu tempo e para o mundo, (seria diferente). Heitor Villa-Lobos é um marco da cultura e da identidade brasileira, mas esse aspecto não obrigatoriamente se reflete em resultado econômico”, afirma a advogada, para quem, mesmo com o domínio público, o detalhado trabalho de catalogação e edição das partituras pela ABM torna essas versões as melhores disponíveis. “A exploração da memória e da obra será sempre o destino e a obrigação da ABM”, ela conclui.

Na página oficial do museu no Facebook, confira a programação dia a dia. 

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