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Ponte Aérea: 5 nomes do fado que você precisa ouvir
Publicado em 04/11/2021

Projeto que conecta as cenas dos dois lados do Atlântico estreia série sobre artistas lusos que começam a chamar a atenção no Brasil

Por Fabiane Pereira, de Lisboa

Rita Vian: fado urbano com forte presença eletrônica. Divulgação

“O fado é a expressão mais verdadeira da alma portuguesa, a essência de um povo que olha para as suas raízes com saudade.” Com estas palavras, o portal ofado.pt, um repositório de informação sobre o gênero musical que define Portugal, o descreve. Mas o recentíssimo fado produzido aqui não fala só de saudade — ao contrário, é um chamado aos reencontros, ao futuro. Solar, multicolorido e misturado às guitarras elétricas, a refrães que bebem no pop e a batidas eletrônicas variadas, reflete a pluralidade de uma sociedade, a portuguesa, aberta ao mundo e que avança graças também à contribuição de gente vinda de todos os cantos.

A partir desta quinta-feira, e pelas próximas semanas, a Ponte Aérea, projeto apoiado pela UBC que aproxima grandes nomes contemporâneos da música lusa e o público brasileiro, apresentará aqui no site alguns dos artistas que estão prestes a estourar em diferentes gêneros. E começamos, claro, pelo fado.

Se fadistas como Cuca Roseta, Gisela João, Carminho e Ana Moura – todas elas entrevistadas na versão em vídeo da Ponte Aérea, e cujos bate-papos você pode ver no canal Papo de Música e no canal da UBC do YouTube — já são mais que conhecidas do outro lado do Atlântico, há uma turma novíssima que segue  sua estela. Em comum, as sofisticadas experimentações linguísticas, os arranjos mais complexos e um estilo de canto mais despojado, leve, que reflete as letras sobre temas não só do amor, mas repletos de reflexões sobre a alma humana e também sobre o mundo e o dia a dia.

Uma dessas fadistas de que você ainda ouvirá falar muito é Rita Vian, que mistura fortemente sonoridades eletrônicas às guitarras e instrumentos tradicionais em seus arranjos. Apesar de o fado ser um pilar fundamental de sua expressão artística, a música urbana, mais contemporânea, também marca sua trajetória. O remix do single ”Sereia”, por exemplo, apresentou a artista a uma audiência mais ampla. “CAOS'A” é o título do trabalho mais recente de Rita e traz cinco faixas.

OUÇA MAIS: O álbum "CAOS'A", na íntegra

Com um pouco mais de estrada percorrida, Joana Amendoeira é uma das vozes mais relevantes do chamado “novo fado”. Bastante fiel às suas bases tradicionais, o fado cantado por Joana ganha uma atitude mais urbana. Seu disco mais recente, “Na Volta da Maré”, tem letras de Tiago Torres da Silva e melodias do compositor brasileiro Fred Martins, radicado em Lisboa. O trabalho situa-se no além-mar, entre o fado e a música brasileira, e parte do seu processo de produção veio da experiência de Joana em participar do projeto Rua das Pretas, tertúlia musical itinerante criada pelo músico Pierre Aderne, em que artistas criam pontes musicais lusófonas.

Joana Amendoeira. Divulgação

Nome consolidado em Portugal mas pouco conhecido no Brasil, a fadista Cristina Branco começou a carreira fazendo releituras de fados tradicionais do repertório de Amália e de composições escritas pelo seu marido, o compositor e guitarrista Custódio Castelo. Ao longo dos anos, transformou-se numa nômade musical, aventurando-se em nuances variadas da música produzida na Terrinha. Em seus álbuns, as faixas costumam ter uma forte ligação entre música e poesia.

Outro nome já consolidado no fado português é a intérprete Katia Guerreiro. O interessante na trajetória de Katia é que, desde o inicio, a artista nascida na África do Sul e criada nos Açores leva o fado a públicos que o desconheciam, com atuações em países como Marrocos, Japão, Egito, Suíça, Noruega, Polônia e muitos outros. Katia talvez seja a mais internacional das fadistas da nova geração. Com um repertório farto e muito cuidado, é um dos nomes mais aclamados do gênero ao lado de Carminho e Cuca Roseta.

E, se de internacionalização se fala aqui, um nome que vem chamando a atenção de gente antenada na cena lisboeta é o de Marisa Silva Rocha. Ela é filha de um português e uma estadunidense, nasceu e se criou na Califórnia — mais especificamente no Little Portugal, o pequeno e efervescente bairro onde se instalou parte da migração lusa de San José — e tem investido na carreira de cantora há pouco. Seu primeiro clipe, lançado há alguns meses, é “Alfama”, que não deixa dúvidas: o estilo perseguido por Marisa, uma norte-americana de nascimento, é o mais “puro” e fiel às raízes possível. Se o pop e as sonoridades do século XXI vão ao fado, o fado tradicional também espera fazer barulho na terra onde nasceu o pop.

Marisa Silva Rocha: estilo tradicionalíssimo na terra do pop. Foto: reprodução

Na semana que vem, conheça alguns nomes da nova cena pop portuguesa cheios de um estilo muito próprio e que devem reverberar no Brasil.

VEJA MAIS: Todas as entrevistas em vídeo feitas na websérie Ponte Aérea: Portugal-Brasil


 

 



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