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Gil é eleito para a Academia Brasileira de Letras
Publicado em 11/11/2021

Compositor, agora 'imortal', é o terceiro nome surgido no universo musical a ocupar uma cadeira, depois de Geraldo Carneiro e do também associado Antonio Cicero

Do Rio

Foto de Fernando Young

O cantor, compositor, instrumentista — e poeta — Gilberto Gil foi eleito nesta quinta-feira (11) membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Poucos dias depois da escolha da atriz Fernanda Montenegro para outra das vagas abertas, a instituição deu ao baiano radicado no Rio de Janeiro a cadeira que pertenceu ao jornalista Murilo Melo Filho, morto ano passado, e que tem como patrono Joaquim Manoel de Macedo.

A disputa foi entre Gil e o poeta e compositor maranhense Salgado Maranhão, ambos associados à UBC, com 21 votos para um dos mais conhecidos artistas da música brasileira em todo o mundo, Prêmio UBC 2017, e 7 para o criador de grandes obras, como "Diamante Bruto" (sucesso na voz de Alcione) e "A Flor da Magia" (cantada por Elba Ramalho), entre dezenas de outras. Também concorrendo, o escritor e crítico Ricardo Daunt não teve votos.  

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Representantes de movimentos pela igualdade racial no país celebraram a decisão final entre dois negros, Gil e Maranhão; atualmente, entre todos os 36 membros da ABL (as quatro cadeiras restantes estão vagas), o único não branco é o professor e pesquisador Domício Proença Filho — que, entre 2015 e 2016, foi presidente da instituição, o primeiro afro-descendente desde o seu fundador Machado de Assis a ocupar o cargo.

"Muito feliz em ser eleito para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras. Obrigado a todos pela torcida e obrigado aos agora colegas de Academia pela escolha", declarou Gil, através do Twitter, logo após o anúncio, que repercutiu também na mídia internacional, em sites como o da agência de notícias espanhola EFE, o portal suíço Swiss Info, o mexicano Diario de México, o site Sapo, de Portugal, e o agregador de notícias PrimeTime Zone.

Nos últimos anos, a ABL tem experimentado uma tímida porém consistente guinada para o pop, com a eleição de pensadores e criadores oriundos de universos criativos cada vez mais diversos. Geraldo Carneiro foi o primeiro compositor (em 2016), seguido pelo associado Antonio Cicero (em 2017). Cacá Diegues (cinema) e Fernanda Montenegro (artes cênicas) são outros exemplos de "imortais" de fora dos tradicionais eixos da Academia: literatura, filosofia, história, direito, jornalismo, economia e crítica de arte. 

Mas o debate entre manter o "purismo" ou se abrir para diferentes manifestações do pensamento e da criação não é exatamente novo. Ele nasceu junto com a própria ABL. Dois dos seus fundadores, Machado e Joaquim Nabuco, tinham visões bastante diferentes sobre o tema. O autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, curiosamente hoje em dia muito mais “pop” que Nabuco, defendia um corte exclusivamente literário. 

"Já Nabuco compreendia que diversas áreas, claro que com qualidade literária, deveriam ter espaço e que a Academia deveria abrir suas portas para todos que se destacassem em áreas específicas, desde que tivessem a publicação de [ao menos] um livro e todo um percurso reconhecido no campo intelectual", descreveu ao site Poder 360 o poeta, romancista, tradutor e ensaísta Marco Lucchesi, atual presidente da ABL.

Na época da sua eleição, Antonio Cicero resumiu assim o suposto debate sobre a qualidade literária das letras de música: “A primeira poesia que se conhece, a da Grécia clássica, era musicada. A própria expressão 'lírica' vem, é claro, de 'lira'. A poesia lírica se apresentava como canções. Os primeiros poetas não escreviam seus poemas; eles os cantavam. Um poema escrito não é necessariamente melhor do que uma letra de música. Esse fato foi ignorado durante muitos séculos, mas hoje, quando, por exemplo, no Brasil ou nos Estados Unidos, grandes poetas se dedicam a escrever letras de música, isso volta a ser reconhecido", disse Cicero à UBC, aludindo também ao Prêmio Nobel de Literatura dado em 2016.

Apesar de os votos serem secretos, pelo menos um dos que elegeram Gil nesta quinta foi revelado antecipadamente: o do escritor Paulo Coelho. "Espero que o Gil seja eleito hoje (votei nele, claro). Ele é, junto com Caetano e Chico, um dos maiores poetas do Brasil atual", escreveu no Twitter o também "imortal", integrante da mais antiga e prestigiosa instituição literária do país desde 2002.

Coelho não foi a única celebridade a comemorar o resultado. As redes sociais foram inundadas de mensagens de felicitação. Menos de 20 minutos após o anúncio, Gilberto Gil já era o quarto assunto mais comentado no Twitter Brasil. No Instagram, o cantor e compositor Luiz Caldas vibrou com a conquista: “O Brasil deve se sentir orgulhoso de ter Gilberto Gil como filho!”. Zélia Duncan fez coro: "Tão lindo e merecido!". Maria Gadú homenageou o "imortal" com vários emojis de corações, e Marcos Valle resumiu: “Que notícia boa. Merecidíssimo e importantíssimo.”

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