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A melhor estratégia de lançamento? Pergunte ao fã
Publicado em 11/03/2019

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Era da interação imediata entre artistas e seguidores dá a estes um papel muito mais ativo na hora de entregar um produto ou até mesmo antes de criá-lo

Por Ricardo Silva, de São Paulo

Não tem escapatória: se a ideia é buscar um sucesso comercial, não há como ignorar o tribunal imediato — e implacável — das redes sociais. Os pedidos de fãs, a resposta deles a um determinado lançamento ou ideia do artista e até mesmo a análise de consumo de produtos ou projetos similares têm influenciado as estratégias de muitos nomes do pop-rock e do funk, só para ficar em alguns dos estilos mais pautados pela resposta urgente das redes. 

É o caso de Ludmilla (foto), o nome mais quente do universo funkeiro carioca no momento. No último dia 27 de fevereiro, às portas do carnaval, ela lançou o vídeo oficial do hit “Favela Chegou”, parceria sua com Anitta, que foi um dos mais executados durante os festejos e já alcançou, em menos de duas semanas, mais de 13 milhões de visualizações. A razão foi um vídeo anterior feito por fãs, informalmente, para essa faixa do DVD ao vivo “Hello Mundo”. O número expressivo de cliques da “versão fã” levou os produtores da Hitmaker a anteciparem o lançamento do oficial, originalmente previsto para março. 

“A galera (no YouTube) acessou muito esse vídeo não oficial, e a gente pensou: 'opa, tem uma oportunidade aqui'”, descreve Pedro Breder, da Hitmaker, e um dos produtores mais requisitados do momento. “Ter essa flexibilidade e prestar atenção à repercussão e às demandas dos fãs é obrigatório para quem quer chegar até as pessoas. Ninguém faz música para si, faz para a galera, se não vira um pouco de egoísmo, né?”

Pedro conta ainda que não foi a primeira vez que a produção de Ludmilla se pautou — com sucesso — em algo que partiu dos fãs. O mote “Din Din Din, pode dar em cima de mim”, que estourou na canção “Din Din Din”, composta por MC Pupio, chegou através de um post de rede social. Ludmila o recebeu e fez uma publicação para os seus milhões de seguidores no Instagram (hoje são mais de 13,6 milhões, o que faz dela a brasileira negra com mais fãs na rede). No texto, comentava o fato curioso e apresentava o mote aos fãs. A resposta foi tão positiva que, algumas semanas depois, a música já estava gravada e lançada. Só o clipe oficial tem quase 135 milhões de visualizações no YouTube, desde junho do ano passado, o que dá uma ideia do tamanho do acerto da estratégia. 

“Depois que caí no mercado publicitário, passei a tomar mais cuidado (com a resposta do público ao que faz). Tem um lado bom e um lado ruim”, ela disse em entrevista recente ao jornal “Folha de S. Paulo”. Com produtos para cabelo, agência de produção artística e bloco de carnaval próprios, Ludmilla virou uma marca e aspira a ter uma carreira internacional. Daí a preocupação de sua equipe em seguir com lupa o comportamento dos fãs e em usar métricas e números para saber que tipo de produto entregar aos seguidores da estrela. 

LEIA MAIS: Uso de métricas e padrões de audição de serviços de streaming influenciam produtores pop

Não é um padrão só do funk. O roqueiro Di Ferrero, cantor, compositor e líder da banda NX Zero, também já pôs os fãs no centro das estratégias de criação e lançamento. “Já fiz coisas como um clipe interativo com os fãs participando online, show surpresa divulgado uma hora antes do lançamento da música, e por aí vai. As plataformas e as redes sociais deram possibilidade de novos formatos de lançamentos. A música está em primeiro lugar, mas os formatos de entrega são diferentes. Com isso, muitas vezes a música se adapta também. O importante é não perder a essência do artista só para se encaixar nesses novos formatos”, ele aconselha.

Di Ferrero. Foto de Bruno Trindade

Consultor de inteligência de negócios do distribuidor digital Ditto Music, James Lima concorda com Di Ferrero e vai além, fazendo um alerta que relativiza o papel do fã no processo criativo. Saber a quem se dirige uma criação é bom, mas sem que isso implique renunciar ao próprio estilo e às próprias verdades: “O artista não deve se pautar (somente) pelo que acha que as pessoas querem ouvir. Ele deve estar sempre preocupado em passar sua verdade, em transmitir algo que realmente sente. Essa é a melhor fórmula do sucesso.”

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