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Lançado primeiro disco com certificação de ‘sustentabilidade musical’
Publicado em 29/07/2016

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“PersonA”, da banda indie americana Edward Shape and the Magnetic Zeros, ganha selo da Fair Trade Music, uma iniciativa que defende a remuneração justa de todos os atores da indústria

Do Rio

A inspiração foi a indústria do café, cuja ausência de regulamentação e boas práticas sustentáveis, notadamente em países mais pobres, provocou, em décadas passadas, crises de preços e abastecimento, a quebra de pequenos produtores e denúncias de abusos nas relações trabalhistas, entre outros inúmeros problemas. A organização não governamental Fair Trade Coffee, ou algo como comércio justo do café, começou a atuar em 1998 e, hoje, certifica diversos alimentos obtidos por meio de métodos equilibrados de produção e venda. Pensando nesse modelo bem-sucedido, um grupo de compositores, produtores e outros profissionais envolvidos com a música criou a Fair Trade Music, no âmbito do Ciam, o Conselho Internacional de Autores de Música, uma organização que reúne alianças continentais da área. Com mais de 25 mil membros de Europa, América e África (Ásia entrará em novembro), a iniciativa, constituída oficialmente no ano passado como companhia sem fins lucrativos com sede na cidade canadense de Toronto, advoga que a indústria musical adote práticas éticas e sustentáveis que assegurem a todas as partes envolvidas – dos compositores aos consumidores finais – uma compensação justa pelo uso do trabalho.

Agora, a FTM lança o primeiro álbum de um artista com certificação de “sustentabilidade musical”. Os escolhidos foram o grupo de indie folk americano Edward Shape and the Magnetic Zeros, que apresentaram o disco “PersonA” no início de julho. Produzido por dois estúdios independentes, o americano Vagrant e o britânico Rough Trade, o trabalho ganhou certificação por garantir pagamentos justos a todos os profissionais envolvidos, da pré-produção à distribuição.

“Esse lançamento é apenas mais uma iniciativa do grupo, e a ideia é estender as certificações. O que a FTM pretende, por meio de reuniões, debates, pressão sobre os poderosos da indústria, é que o mundo se engaje na causa do pagamento justo. Hoje, os que ganham menos são os que dão origem à coisa toda: os autores, os compositores, os editores, exatamente como ocorria na indústria do café antes do surgimento desse movimento Fair Trade”, descreve Geraldo Vianna, diretor da UBC e membro, assim como outro de nossos diretores, Ronaldo Bastos, do conselho internacional da organização.

Ele lembra outra das efetivas iniciativas do movimento, o “Estudo sobre compensação justa para

criadores de música na era digital”, publicado no final de 2014 e que foi um dos pioneiros em denunciar os baixíssimos pagamentos dos serviços de streaming aos artistas. O trabalho ganhou versão em português no início deste ano, e você pode lê-la aqui: http://www.fairtrademusic.info/download_study/.

Segundo Vianna, a intenção da FTM é estabelecer parcerias com diversos selos ao redor do mundo para expandir os lançamentos certificados. “Há uma série de procedimentos que qualificam um disco para a certificação. É preciso que os produtores apresentem os contratos, para que o Ciam saiba que os pagamentos se encaixam nos critérios. Toda a rede precisa ser bem remunerada, num pacto ético-comercial. Essa iniciativa está no embrião. Acho que vamos trazer mais poder ao grupo de autores ao promover a união”, afirma Vianna.

Segundo a filosofia da FTM, a ideia da iniciativa é dar ao consumidor final de música o poder de escolher participar de um ciclo virtuoso, que recompense os criadores e garanta a boa saúde do mercado. A organização tem feito pressão sobre os serviços de streaming, reiteradamente acusados de não pagar adequadamente aos músicos e criadores. “Talvez uma saída para o streaming seja a pressão notadamente sobre o Google, dono do YouTube, o maior serviço do gênero e o que menos remunera os autores”, defende Geraldo Vianna. “No Brasil, por exemplo, eles representam 70% dos streamings, mas, nem de longe, o mesmo percentual da arrecadação. Vamos ter que lutar muito ainda, através de organizações como o Ciam e iniciativas como o Fair Trade Music, para mudar esse quadro.”

Para saber mais sobre a certificação, acesse: http://fairtrademusicinternational.org/


 

 



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