Instagram Feed

ubcmusica

No

cias

Notícias

Editoras independentes abarcam 27,1% do mercado global, diz estudo
Publicado em 06/09/2023

Dados compilados pelo IMPF e pela Musixmatch mostram pujança de um setor que arrecada bilhões e quer 'distribuição mais justa' no streaming

De São Paulo

As editoras musicais independentes gozam de boa saúde, recuperam-se bem dos efeitos da pandemia de Covid19 e já respondem, combinadas, por uma cota global de 27,1% do mercado — mais do que a líder mundial do setor, a Sony Music Publishing, que tem 24,9%. Os números, do mais recente relatório do IMPF — o Fórum Mundial dos Editores Musicais Independentes, na sigla em inglês —, jogam luz sobre um setor que, nas contas do economista Will Page, movimenta um terço dos quase € 35 bilhões anuais gerados em direitos musicais.

Com a ajuda da Musixmatch, uma das mais conhecidas empresas de análise de dados do mercado musical internacional, o IMPF detalhou a origem das receitas da edição musical. Somando-se os valores arrecadados por sociedades de gestão coletiva, como a UBC, ao total que as editoras geram diretamente em negócios, os editores, em seu conjunto, ficaram com € 7,68 bilhões em 2021. Como os independentes são mais de um quarto desse setor, eles responderam por uma receita € 2,08 bilhões também em 2021, quase 7% mais que o € 1,95 bilhão de 2020.

LEIA MAIS: O que é uma editora musical e qual a sua função no mercado

“As editoras musicais independentes são uma força criativa vital no mundo da música moderna. São também uma força econômica, como mostra este relatório. Coletivamente, as editoras independentes são a principal entidade editorial do mundo, à frente da maior empresa. Esta é uma homenagem aos muitos empreendedores de cada país que desenvolvem compositores e compositores e garantem que eles recebam uma remuneração adequada pela sua música”, afirmou Annette Barrett, presidente do IMPF e diretora-gerente da Reservoir UK, filial britânica da nova-iorquina Reservoir Media, um dos principais conglomerados independentes de música do mundo.

A definição de independentes, para o estudo, abarca as empresas cujo faturamento responde por menos de 5% do total do mercado. E a cota desse coletivo de empresas varia bastante de país para país, o que, segundo o relatório, tem explicações em cada realidade local. Com a ajuda da Musicxmatch, o estudo fez uma análise das cem canções mais tocadas em Brasil, Argentina, México, África do Sul, Índia, Suécia, França, Japão e Canadá. E chegou à seguinte participação das editoras independentes em cada um desses territórios: 

  • Índia: 54% (as majors Sony, Universal e Warner respondem por 40%);

  • Japão: 46% (majors, 30%);

  • França: 35% (majors, 44%);

  • Suécia: 17% (majors, 57%);

  • México: 14% (majors, 69%);

  • Canadá: 13% (majors, 77%);

  • África do Sul: 13% (majors, 58%);

  • Brasil: 13% (majors, 53%);

  • Argentina: 5% (majors, 58%).

No caso dos países latino-americanos, como o nosso, a razão da força das majors é a sua histórica presença no mercado local, fechando bons contratos há muitas décadas com alguns dos principais nomes da música. Já na outra ponta, a Índia, uma nação que só recentemente começou a ser explorada pelas líderes do setor, tornou-se terreno fértil para as pequenas editoras locais. 

Qualquer que seja a cota dos independentes, grande parte dos negócios bilionários que eles fazem vem daquela que é a maior e mais promissora atividade ligada à edição musical: a sincronização de músicas em trilhas sonoras de produções audiovisuais. Mas a atuação das editoras em geral vai, claro, muito além disso. 

“As editoras musicais são as guardiãs das obras criadas pelos compositores. Eles geralmente são o primeiro porto para aspirantes a artistas que tentam entrar na indústria musical. As suas funcionalidades são múltiplas: estão no início do processo criativo, muitas vezes financiam as primeiras gravações dos seus protegidos, oferecem orientação sobre as suas carreiras, garantem que as suas obras estão etiquetadas com os metadados apropriados e depois rentabilizam seus trabalhos criativos por meio de iniciativas promocionais e de licenciamento. Servem também de interface com organizações de gestão coletiva e implantam a sua rede internacional para garantir que as obras sejam desenvolvidas a nível mundial e que as receitas potenciais da utilização dessas obras em todo o mundo sejam maximizadas”, diz um trecho do relatório. 

Em outra parte, o documento se soma aos muitos atores da indústria musical que pedem uma "distribuição mais justa" dos ganhos com o streaming. Usando dados de diferentes estudos, o relatório do IMPF destaca um deles em particular, o da sociedade de gestão coletiva alemã Gema, que revela: dos € 9,99 cobrados dos usuários até recentemente pelo Spotify e pelas principais plataformas de streaming musical, € 8,39 são usados para remunerar os diferentes players (autores, selos, editoras e as próprias plataformas), e o restante € 1,60 corresponde aos impostos. Como 30%, ou € 2,52, ficam com as plataformas, sobram € 5,88 para o pote dos royalties, que acabam assim distribuídos: 

  • € 4,62 vão para os selos e gravadoras;

  • € 1,06, em média, as gravadoras acabam repassando aos intérpretes, em contratos celebrados diretamente entre eles;

  • € 1,26 vai para os direitos autorais, sendo que: 

  • € 0,81 fica com os compositores;

  • e € 0,45 termina com os editores.

“São € 0,45 para as editoras em comparação com € 4,62 para o lado da música gravada! Considerando as contribuições feitas pelos editores musicais para o ecossistema global, particularmente o seu trabalho na identificação e desenvolvimento de novos talentos, muitos na indústria veem isto como uma base para pedir um reequilíbrio dos fluxos de receitas entre gravação e edição”, afirma o IMPF.

Em seguida, o estudo analisa: enquanto a razão 80-20 para as gravadoras em relação a autores/editores tinha sentido na era das mídias físicas, com todos os custos de impressão de discos e promoção de novos artistas recaindo sobre os selos, agora já não se justifica. 

“Editores e compositores sentem que chegou a hora de uma distribuição mais justa das receitas”, conclui. 


LEIA MAIS: Três propostas para melhorar a distribuição no streaming

LEIA MAIS: Nos EUA, autores e editores têm aumento de pagamento no streaming


 

 



Voltar