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Spotify acelera crescimento e tem lucro recorde no 3º trimestre
Publicado em 13/11/2024

Maior base de assinantes e corte de gastos explicam resultado, que também teria sido engordado por mudança que prejudica compositores

Por Ricardo Silva, de São Paulo

Detalhe da fachada da sede mundial do Spotify em Estocolmo. Foto: Shutterstock

Diferentes analistas vêm sugerindo há vários trimestres que o streaming de áudio pode estar alcançando um limite de crescimento nos mercados desenvolvidos. A depender dos números que o Spotify apresentou ao mercado na terça-feira (12), isso pode não ameaçar — pelo menos não por ora — o modelo de negócio da maior do mercado.

A plataforma sueca alcançou um lucro operacional recorde de € 456 milhões (R$ 2,8 bilhões) no terceiro semestre do ano, um avanço de 77% em relação aos € 266 milhões (R$ 1,6 bilhão) do trimestre anterior e de impressionantes 1.325% em relação aos € 32 milhões (R$ 195 milhões) do mesmo período de 2023.

Historicamente deficitário, o Spotify parece, assim, estar deixando de vez os números vermelhos, de uma forma sustentada, pela primeira vez desde sua criação. E isso se deveria a dois fatores: crescimentos fortes na base de assinantes e usuários; corte de custos; e, talvez, pelo menos parcialmente à custa dos titulares de direitos autorais, como você poderá entender mais abaixo.

Mundialmente, a gigante do streaming fechou setembro com 252 milhões de assinantes premium e 402 milhões de usuários do serviço gratuito com anúncios. Isso representa um aumento de 12% e 11%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023. Essa aceleração reverteu completamente o “mau” resultado do trimestre anterior, quando o Spotify tinha ficado ligeiramente abaixo da meta de usuários totais. Agora, com 640 de usuários ativos mensais e os 252 milhões de premiums, eles superaram em um milhão a meta.

As receitas subiram ainda mais: 19%, alcançando € 3,99 bilhões (R$ 24,4 bilhões), sendo que a parte oriunda das assinaturas premium disparou 21%, chegando a € 3,52 bilhões (R$ 21,5 bilhões), enquanto a parte que vem dos anúncios subiu 6%, gerando € 472 milhões (R$ 2,8 bilhões).

“A empresa apresentou fortes resultados no terceiro trimestre, com todos as nossas métricas-chave atendendo ou superando as previsões, e a lucratividade atingindo níveis recordes”, descreveu o Spotify em seu resumo executivo. “No geral, estamos muito satisfeitos com nosso desempenho ao nos aproximarmos do final do ano e vermos a empresa bem posicionada para crescer de forma sustentável rumo aos objetivos de longo prazo delineados no nosso Investor Day de 2022.”

RESTO DO MUNDO E AMÉRICA LATINA CRESCEM MAIS

Com 33% do total de usuários ativos mensais, a região classificada pelo Spotify como “resto do mundo” (ou seja, tudo o que não são a Europa, os EUA e a América Latina), continua a ser a maior. A região (que engloba Ásia, Oceania e África) teve crescimento de 31% em relação ao trimestre anterior e de 26% em relação a 2023. Já a América Latina também registrou forte crescimento, aumentando sua participação total nas receitas do Spotify para 22%, enquanto Europa e EUA tiveram quedas de um ponto percentual cada.

“Como os analistas vêm dizendo, há um princípio de esgotamento nos mercados mais maduros, Europa e EUA. Mas isso não quer dizer que o Spotify esteja em maus lençóis. Eles vêm encontrando maneiras de compensar a desaceleração das receitas dos mercados ricos multiplicando as assinaturas premium nos mercados emergentes e, principalmente, cortando despesas operacionais”, afirma Elaine Brandão, advogada e analista do mercado musical.

De fato, o Spotify voltou a demitir funcionários no terceiro trimestre, fechando setembro com 7.242 globalmente, contra os 7.721 do primeiro trimestre e os mais de 10 mil do começo de 2023. Fontes do mercado dizem que, além das demissões, há um forte processo interno de enxugamento de cursos, com pressões por economia em todos os setores da empresa.

DINHEIRO DE COMPOSITORES ENGORDA RESULTADO

Porém, para o analista Stuart Dredge, do portal Music Ally, haveria algo mais por trás da exuberância do lucro trimestral do Spotify: a decisão da empresa, noticiada pela UBC em maio, de transformar suas assinaturas premium em “pacotes de serviços” nos Estados Unidos, o que, pelas regras em vigor naquele país, permite que a plataforma pague menos direitos autorais aos titulares das canções. Em outras palavras, o dinheiro que já não chega aos compositores e outros titulares poderia estar engordando os resultados da empresa sueca.

“Os compositores são a razão involuntária da lucratividade do Spotify? Bem, eles são um fator, mas não o principal. No início deste ano, o Spotify afirmou que, se perder o processo movido contra ele pelo US Mechanical Licensing Collective sobre essa questão, terá que desembolsar cerca de € 35 milhões (R$ 213,8 milhões) em royalties adicionais para o segundo trimestre. Uma quantia significativa para as editoras, claro, mas não o principal motor dos lucros operacionais trimestrais do Spotify”, afirma Dredge.

Em sua apresentação para investidores, o Spotify também fez previsões para o quarto trimestre de 2024. A empresa espera encerrar este ano com 665 milhões de usuários ativos mensais, adicionando cerca de 25 milhões em relação ao patamar atual. Outra expectativa da empresa é que 260 milhões desses usuários sejam assinantes premium (um acréscimo líquido de oito milhões), com receitas para o quarto trimestre previstas para alcançar € 4,1 bilhões (R$ 25 bilhões) e um lucro operacional de € 481 milhões (R$ 2,9 bilhões).

 

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