Associação dos editores americanos critica a plataforma, que anuncia ter alcançado, pela primeira vez, 263 milhões de usuários pagos em 2024
De São Paulo
O Spotify publicou nesta terça-feira (4) seu relatório trimestral de resultados financeiros e operacionais, que mostra um número recorde de assinantes pagos em 2024: 263 milhões. Também recorde — e inédito — foi o lucro operacional da maior plataforma de streaming musical do mundo. Pela primeira vez, a empresa de Daniel Ek fechou um ano inteiro com números no azul, lucrando € 1,4 bilhão (R$ 8,43 bilhões, pelo câmbio atual). Mas nem tudo são flores na semana dos suecos. Dos Estados Unidos veio uma notícia que promete lhe trazer dor de cabeça.
É que a poderosa Associação Nacional dos Editores de Música (NMPA, em sua sigla em inglês) anunciou um bombardeio de takedowns (pedidos de remoção), que começou com 2.500 canções que estariam sendo usadas sem licença nos podcasts do Spotify. A entidade acusa o Spotify de permitir o uso ilegal e de “ignorar violações generalizadas de direitos autorais em podcasts hospedados na plataforma.”
“O Spotify tem milhares de músicas não licenciadas em seus podcasts e não tomou nenhuma medida para resolver isso”, atacou David Israelite, da NMPA, num comunicado obtido pela UBC. “Esta ação de remoção não é nenhuma surpresa. Já estamos alertando sobre esse problema há anos, e eles não fazem nada.”
Os takedowns envolvem 19 editoras membros da NMPA, entre elas as que pertencem às três grandes majors — Sony, Universal e Warner — e outras como ABKCO, BMG, Concord Music Publishing, Downtown Music Publishing, Hipgnosis Songs Group, Kobalt, peermusic, Primary Wave Music, Reservoir e Ultra Music Publishing.
O Spotify, longe de aceitar a crítica da NMPA, respondeu alguns tons acima, acusando a entidade de buscar um “golpe publicitário”.
Recentemente, como noticiamos aqui no site, o órgão emissor de licenças para o streaming nos EUA, MLC, perdeu uma ação contra o Spotify em que acusava a plataforma de má-fé ao reclassificar, sem aviso, seus planos como“pacotes de serviços”, o que, pelas regras em vigor naquele país, permite pagamentos menores aos compositores, editores e outros titulares. Para o Spotify, o takedown massivo da NMPA é uma “fraca resposta” à vitória da plataforma na justiça.
“No verão passado, a NMPA alegou que havia obras não licenciadas em podcasts no Spotify. O fato de a NMPA ter esperado meses para reportar esses episódios, apesar de múltiplos pedidos escritos do Spotify para obter detalhes – que nunca foram respondidos – apenas reforça que isso é um golpe publicitário”, disse um porta-voz da plataforma sueca num release distribuído à imprensa internacional.
A NMPA prometeu que seguirá com os takedowns massivos e não descarta outras ações para garantir que as músicas que representa não sejam usadas sem pagamento aos titulares pelos podcasts hospedados no Spotify. Enquanto isso, Daniel Ek, alheio à polêmica, celebra o que chama de “um ano excepcional” para a maior plataforma:
“Estou muito animado para 2025 e me sinto muito bem com a posição da empresa tanto como produto quanto como negócio. Continuaremos a apostar em estratégias que gerem impacto a longo prazo, aumentando nossa velocidade e mantendo os níveis de eficiência que alcançamos no ano passado. Essa combinação nos permitirá criar a melhor e mais valiosa experiência para os usuários, crescer de forma sustentável e entregar criatividade ao mundo.”
LIDERANÇA DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA
Na apresentação dos resultados do trimestre, ele destacou alguns pontos que animaram o mercado:
As ações da empresa na Bolsa de Nova York dispararam 13% depois do anúncio dos bons números, superando US$ 621 por ação, um patamar jamais alcançado antes. Em 2018, quando o Spotify estreou na bolsa, o preço da ação da plataforma girava em torno de US$ 150.
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