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Spotify bate recorde de receita e assinantes no 1º trimestre de 2025
Publicado em 29/04/2025

Plataforma alcança 268 milhões de assinantes pagos e receita operacional recorde, com destaque para América Latina

Por Ricardo Silva, de São Paulo

O Spotify começou 2025 exatamente como terminou 2024: em curva ascendente. A maior plataforma de streaming de áudio do mundo fechou o primeiro trimestre com um total de 268 milhões de assinantes pagos (Premium), 5 milhões a mais que em dezembro do ano passado. A cifra, apresentada pela companhia sueca nesta terça-feira (29), representa um crescimento de 12% na comparação anual, superando as próprias projeções internas.

Ao todo, o Spotify contabilizou 678 milhões de usuários ativos mensais (MAUs), somando tanto os pagantes quanto os que usam a versão gratuita com anúncios. Embora o número total de usuários com suporte por anúncios tenha caído ligeiramente para 423 milhões, a base total cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com a companhia, o desempenho foi impulsionado por campanhas promocionais regionais bem-sucedidas e pela força do seu modelo “freemium”, que permite aos usuários alternarem entre planos pagos e gratuitos com flexibilidade. A América Latina e o chamado “Resto do Mundo” (África e Oriente Médio) tiveram papel-chave no crescimento, alcançando 23% e 14% da base de assinantes Premium, respectivamente. Já a Europa se manteve como a principal região, com 37% da base.

RECEITA E LUCRO EM ALTA, MAS ABAIXO DO PREVISTO

No campo financeiro, o Spotify registrou um lucro operacional recorde de €509 milhões (R$ 3,2 bilhões) no trimestre. Apesar do recorde, o resultado ficou abaixo da previsão da própria empresa (€548 milhões, ou R$ 3,5 bilhões), devido a encargos sociais não previstos — um impacto de €76 milhões, ou R$ 489 milhões, provocado principalmente pela valorização das ações no período.

A receita total foi de €4,19 bilhões (R$ 27 bilhões), um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, com destaque para a divisão de assinaturas Premium, que gerou €3,77 bilhões (R$ 24 bilhões) — aumento de 16% impulsionado pelo crescimento da base de assinantes e por um ARPU (receita média por usuário) 4% maior, atingindo €4,73 (R$ 30 bilhões).

Já a receita com publicidade, mesmo com a ligeira queda no número de usuários gratuitos, cresceu 5%, totalizando €419 milhões (R$ 2,7 bilhões).

Cortes de custo e estabilidade operacional

O Spotify também apresentou uma redução de 3% em suas despesas operacionais em relação ao mesmo período de 2024, passando de €836 milhões (R$ 5,3 bilhões) para €817 milhões (R$ 5,2 bilhões). Essa queda foi atribuída à redução de gastos com pessoal e marketing. Desde o final de 2023, primeiro de uma forma mais agressiva e, depois, mais suave, o Spotify vem promovendo demissões em seus escritórios ao redor do mundo, entre eles o de São Paulo.

OTIMISMO PARA O RESTO DO ANO

O otimismo segue para o segundo trimestre de 2025. A plataforma projeta alcançar 689 milhões de usuários ativos mensais e 273 milhões de assinantes Premium, além de receita total de €4,3 bilhões (R$ 27,7 bilhões) e lucro operacional de €539 milhões (R$ 3,47 bilhões).

Mesmo diante de um cenário econômico global instável, o CEO Daniel Ek se mostrou confiante:

“Os dados são saudáveis. O engajamento segue alto, e a retenção é forte. A direção para onde estamos indo parece mais clara do que nunca.”

A expectativa é que o segundo trimestre traga o impacto dos novos aumentos de preços em mercados europeus e latino-americanos, programados para o verão do Hemisfério Norte. O mercado dos EUA, maior para a empresa, ficará de fora dessa rodada — o último reajuste no país aconteceu em junho de 2024.

Reportagem publicada na segunda-feira (28) no jornal Financial Times antecipou a rodada de aumentos. Supostamente, atingirá o Brasil, que poderá ter um incremento no preço da assinatura premium em cerca de um euro, ou pouco mais de seis reais. Porém, ainda não foi definido exatamente quando ou quanto será esse aumento.

O último aumento nos preços das assinaturas do Spotify no país foi em julho de 2023, quando a assinatura básica passou de R$ 19,90 para R$ 21,90, e o plano duo, de R$ 24,90 para R$ 27,90. Já o plano família se manteve nos mesmos R$ 34,90 anteriores. 

PLANO SUPERPREMIUM

Em fevereiro, a agência Bloomberg noticiou que o Spotify prepara o lançamento de uma nova modalidade chamada “Music Pro”, com benefícios especiais para superfãs. Em julho do ano passado, o CEO Daniel Ek afirmou a investidores que a empresa desenvolvia uma versão “deluxe” mais cara da assinatura. O Financial Times, na reportagem desta semana, também mencionou um plano “super-premium” que custaria US$6 adicionais ao plano de US$11 mensais nos EUA. Ainda não há nada definido em termos de preço para o resto do mundo.

Segundo o jornal, essas assinaturas premium devem variar de plataforma para plataforma, com Apple, Amazon e YouTube também preparando versões premium de seus serviços de streaming musical.

Alguns analistas demonstram ceticismo quanto à reação dos consumidores a esses aumentos após mais de uma década de preços em torno de US$ 10.

“Será que as pessoas querem algo novo?”, questionou o analista Mark Mulligan, do MIDiA Research, ao jornal. “É quase como se fosse necessário um elemento de ‘obrigação’ no super-premium. E esse elemento é: se quiser ouvir as músicas primeiro, vai precisar do super-premium.”

Para além das reações dos assinantes, os titulares de direitos não devem esperar grandes mudanças nos pagamentos, mesmo com a enxurrada de bons números e aumentos de preços no Spotify.

“Os aumentos têm como objetivo equilibrar as finanças da plataforma, por anos no vermelho e há apenas alguns trimestres registrando lucro real. É uma demanda dos investidores do Spotify, como grandes bancos internacionais que o vêm financiando e apostando na consolidação do streaming como a grande locomotiva da indústria musical”, diz Elaine Brandão, advogada e analista musical. “Mas, para que os centavinhos que os titulares recebem por reprodução melhorem, vai ser preciso mais do que só um lucro maior. Fundamental será chegar a um rearranjo com as grandes gravadoras, que ficam com 60% de tudo o que streaming arrecada. E esse vespeiro vai ser difícil de tocar tão cedo.”

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