Maior plataforma do mundo fecha o segundo trimestre com receitas 15% maiores e quase 700 milhões de usuários mensais; veja números
De São Paulo
Banner do Spotify na fachada da Bolsa de Valores de Nova York. Foto: Christopher Penler/Shutterstock
O Spotify terminou o segundo trimestre de 2025 com 276 milhões de assinantes premium em todo o mundo, um aumento de 8 milhões em relação ao trimestre anterior. O número superou em 3 milhões as expectativas da própria empresa, e foi impulsionado por campanhas promocionais globais e crescimento em todas as regiões, com destaque para América Latina e outros mercados emergentes.
A base total de usuários ativos mensais (MAUs) — que inclui usuários pagantes e gratuitos — também cresceu significativamente, atingindo 696 milhões. Isso representa 18 milhões a mais do que no primeiro trimestre e 11% de crescimento na comparação anual. O número superou em 7 milhões a projeção feita pela empresa para o período (689 milhões).
ASSINANTES POR REGIÃO
A Europa concentra a maior fatia dos assinantes premium do Spotify, com 37% do total. Em seguida aparecem a América do Norte (25%) e a América Latina (23%), conforme detalhado na apresentação a investidores, nesta terça-feira (29).
O crescimento da base de usuários foi puxado por campanhas de marketing em mercados em desenvolvimento, desempenho superior em regiões como Resto do Mundo, América Latina e Europa, e mudanças favoráveis no cenário competitivo global.
Segundo o copresidente Gustav Söderström, o Spotify segue ampliando sua liderança global no streaming:
Como declarou Alex Norström, diretor de negócios da empresa, durante a apresentação dos números, isso é só o começo:
“É perfeitamente plausível imaginar que podemos atingir 10% ou até 15% da população mundial.”
RECEITA: ALTA ANUAL DE DOIS DÍGITOS
O Spotify registrou no segundo trimestre de 2025 uma receita total de € 4,193 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 26,99 bilhões, combinando receitas de assinaturas e publicidade. O valor representa um crescimento anual de 15%.
A maior parte dessa receita veio das assinaturas premium, que geraram € 3,740 bilhões (R$ 24,08 bilhões) — alta de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. O ARPU (receita média por usuário) da categoria premium foi de € 4,57 (R$ 29,44), com aumento de 3% ano a anoe.
Segundo a empresa, desconsiderando o impacto cambial, esse crescimento do ARPU foi impulsionado pelos reajustes de preços, uma demanda do mercado para manter a empresa saudável — e dos titulares de direitos, interessados em receber um pouco mais das distribuições.
Já a receita com publicidade somou € 453 milhões (R$ 2,92 bilhões), o que representa um crescimento de 5% em relação ao segundo trimestre de 2024, com destaque para o desempenho tanto em anúncios de música quanto de podcasts.
PREJUÍZO FINANCEIRO
O Spotify teve um lucro operacional de € 406 milhões (R$ 2,61 bilhões) no trimestre, um crescimento de 50% em relação ao ano anterior. Apesar disso, o valor ficou abaixo das expectativas e foi inferior ao registrado no primeiro trimestre, impactado por custos mais altos com pessoal e encargos trabalhistas.
Foram contabilizados € 116 milhões (R$ 746 milhões) em "encargos sociais" — tributos sobre a folha de pagamento em países específicos, atrelados à remuneração em ações. A valorização das ações do Spotify no período fez esses custos superarem em € 98 milhões (R$ 631 milhões), o que estava previsto inicialmente.
Apesar do bom desempenho operacional, a empresa reportou um prejuízo líquido de € 86 milhões (R$ 553 milhões) no segundo trimestre. Para comparação, houve lucro líquido de € 225 milhões no primeiro trimestre de 2025, e de € 274 milhões no mesmo período de 2024.
A razão principal para o prejuízo foi o custo financeiro elevado, que chegou a € 447 milhões (R$ 2,88 bilhões), superando de longe a receita financeira de € 89 milhões (R$ 573 milhões). Isso resultou em um custo financeiro líquido de € 358 milhões (R$ 2,30 bilhões). Quando somados os gastos com impostos, que totalizaram € 134 milhões (R$ 862 milhões), o resultado líquido ficou negativo.
A margem bruta do Spotify, por outro lado, subiu de 29,2% no segundo trimestre de 2024 para 31,5% no mesmo período de 2025.
PROJEÇÕES
Para o terceiro trimestre de 2025, o Spotify projeta continuar expandindo sua base de usuários:
A empresa também estima uma receita total de € 4,2 bilhões (R$ 27,05 bilhões) no próximo trimestre, com lucro operacional previsto em € 485 milhões (R$ 3,12 bilhões).
Perguntado sobre o aguardado lançamento do plano “Music Pro”, também conhecido como “superpremium”, algo com que o mercado especula há muito tempo, Norström foi evasivo:
“Estamos animados com os superfãs e estamos construindo algo ótimo para eles. Mas levamos muito a sério quando lançar um novo produto.”
A única novidade concreta foi a expansão do add-on de audiolivros, já disponível em 13 mercados.
Vale lembrar que, há alguns dias, durante uma entrevista com a UBC, pessoas ligadas ao Spotify no Brasil foram na mesma linha do executivo global: as iniciativas para superfãs continuam a proliferar, mas não há nada garantido sobre o lançamento de um novo plano, com preço extra de assinatura, para essa modalidade de consumidores de música. Pelo menos por enquanto.
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