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Quando a música se torna "palpável"
Publicado em 20/08/2018

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Licenciamentos permitem que camisetas, canecas, livros, óculos e um mundo de outros objetos usem trechos de canções - e aumentem os ganhos dos seus criadores

Por Kamille Viola, do Rio

Num mundo em que indústria da música ainda está se adaptando às mudanças trazidas pela internet, o licenciamento de obras pode ser uma importante fonte de receita para o compositor. Mas a cessão de uma criação para uso vai muito além de filmes, programas de TV e rádio e anúncios através de sincronização, caminhos já consagrados. Parcerias com marcas são um nicho que vem sendo explorado e pode render bons frutos: óculos de sol, camisetas, chinelos e até embalagens de chicletes são alguns produtos que já trouxeram trechos de letras de música recentemente. 

“O compositor tem que otimizar ao máximo as possibilidades de utilização de sua obra. O licenciamento é estratégico sobretudo num mundo onde a venda no suporte físico não existe mais e a monetização da distribuição online ainda é pequena. A gente consegue contabilizar em termos globais numeros expressivos, são milhões, mas, quando você vai na ponta da distribuição, esses valores são pequenos”, comenta o advogado Sydney Sanches, consultor jurídico da União Brasileira de Compositores (UBC).

E as possibilidades são inúmeras, em termos de licenciamento. "A gente pode usar música em qualquer produto, na minha opinião. Basta unir a nossa expertise de licenciar música com um bom criativo", comenta Flávia César, gerente de licenciamento da editora Warner Chappell. "Acredito muito que a música ajuda a vender a marca e o produto. Então, é só começar a trabalhar a parte do criativo das empresas junto a nós que vamos longe."

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Não há números específicos sobre o licenciamento de músicas para livros e objetos usáveis, mas as editoras apostam que é um ramo com potenciais ganhos consideráveis. Normalmente, as obras mais procuradas para licenciamentos em objetos são os de artistas consagrados, mas há espaço para os menos conhecidos também. Nesse caso, o próprio autor pode incentivar que suas músicas sejam licenciadas. Os preços são negociados caso a caso, em função do produto em questão, do alcance que ele terá, do tamanho da empresa, da quantidade de unidades do objeto que serão fabricadas... Mas, dizem os especialistas, dá, sim, para ganhar bem com isso se houver foco na hora de tentar emplacar suas criações. 

"O que eu também falo para os próprios compositores é: mais do que ninguém, ele conhece a música dele, o catálogo dele. E aí é pensar em que marcas poderiam se interessar por aquela determinada música, e em que poderiam incluir a música. Cabe ao criador direcionar o repertório dele, procurar a editora e mostrar: 'Essa música aqui acho que cabe para uma camiseta', ou para óculos de sol, para um chinelo, seja lá o que for. A gente faz muito isso aqui com o compositor. Ele fala: 'Acabei de fazer uma supermúsica e acho que ela encaixa no Dia das Crianças.' Aí a gente vai atrás. E não estou falando de autor renomado, não, falo de autor que está começando", ensina Flávia César.

Ela comenta que livro didático, que traz com regularidade trechos de canções para as lições de português e até outras disciplinas, é outro nicho forte: tem pedido o ano todo. "Mas aí as músicas pedidas já são as mais conhecidas", frisa. No momento, ela conta, o que está "bombando" no mundo do licenciamento é o audiovisual em geral, com destaque para o cinema: "Festival do Rio chegando, todo mundo quer colocar filme com tudo certinho."

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Sydney Sanches destaca que, ainda que o ambiente digital tenha trazido dificuldades de remuneração, enfraquecendo o mercado das mídias físicas, abriu outras possibilidades. “Hoje, é possível fazer com que uma canção seja conhecida de forma mais rápida e mais barata do que antes. Um editor de música ou uma gravadora continuam tendo papel estratégico pelo fluxo informação e pelo contato com as grandes plataformas a que o compositor sozinho não tem acesso. Mas isso não retira do autor a possibilidade de ter ações próprias independentes. O custo diminuiu, a distribuição apresenta mais possibilidades hoje. O compositor tem que se virar nos 30 para ter o máximo de exposição da sua criação e, com isso, a oferta de muitas possibilidades”, defende o advogado.

Para ele, é fundamental que o autor consiga estabelecer boas associações. “Por mais que seja autossuficiente, o papel principal dele é a criação. É importante estar associado a bons representantes, como editoras, não necessariamente grandes, poia hoje o mercado independente tem muita gente boa. Ter essas ferramentas de apoio ajudará muito nessa difusão. Você tem a possibilidade de ser sua obra oferecida a agências de publicidade, empresas de audiovisual etc.", afirma Sanches. 

 

 


 

 



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