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Toque nos Estados Unidos. Pergunte-lhes como
Publicado em 19/08/2019

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Uma curadora de grande festival, um diretor de agência de representação e a artista Duda Beat (foto) falam das suas experiências no maior mercado musical do mundo

Por Fabiane Pereira, de Nova York

Ficou para trás o tempo em que se apresentar fora do país era privilégio de músicos consagrados. Como já mostramos aqui no site, a produção musical brasileira contemporânea tem rodado o mundo graças à mobilização e ao planejamento dos próprios artistas. Para além da lendária receptividade na Europa, na Ásia e na América Latina, os Estados Unidos emergem como um mercado particularmente interessado na nova safra criativa nacional. E uma óbvia porta de entrada nesse imenso mercado são os festivais, sem falar em pequenas turnês que podem ser organizadas sem custos muito altos com a ajuda de produtores e representantes locais especializados na nossa música, e que fazem um bom meio de campo. 

Foi esta segunda via a procurada pela pernambucana Duda Beat. Conhecedora de certos aspectos do mercado americano, ela queria fazer algumas apresentações que tivessem sentido logística e financeiramente. E sabia que se tratava de um primeiro contato com o mercado local, sem grandes fantasias de “fazer a América” logo de cara. “Estava muito empolgada para me apresentar em Nova York, mas procurei não criar muitas expectativas. Eu sabia que daria tudo certo porque busquei um agente local que tinha todo o expertise do mercado norte-americano, e isso facilitou todas as etapas”, conta a cantora, que já se prepara para estrear na Europa ainda este ano. 

Quem quiser fazer tudo sozinho talvez até possa, mas vai ter trabalho. Um dos mercados mais competitivos e profissionalizados do mundo, os Estados Unidos têm mais de 800 festivais, e pouco mais de 10% da sua população (ou 32 milhões de pessoas) vão a eventos do gênero todos os anos, segundo um levantamento da “Billboard”. O número de casas de shows de todos os tamanhos, então, é vertiginoso: passa de 18,3 mil, de acordo com um estudo da consultoria Economics Incorporated para a RIAA, a associação da indústria fonográfica americana, e entidades de gestão coletiva como Ascap e BMI. 

Conhecer os curadores/produtores dessa massa aparentemente indistinta de palcos e oportunidades é tarefa não só hercúlea; é virtualmente impossível. Então, um bom ponto de partida é entender para qual público se quer apresentar, qual região se quer visitar, em que festival se quer estar — e atacar com precisão, fazendo um planejamento para poder se aproximar de nomes-chave que possam lhe abrir as portas. “A arte por si só se conecta sem muito esforço mas é preciso profissionalizá-la para que ela chegue a um maior número de pessoas”, diz o carioca João Felipe Severo, criador da Uhuuu Music Management, agência estabelecida no mercado americano e que ajudou Duda a organizar sua turnê. 

João Severo ao lado de Duda Beat

Ele, que atua basicamente em três frentes — apresentar pessoas, fomentar novas plateias e criar oportunidades — recomenda algo que nós aqui no site já vimos dizendo há algum tempo: participar de feiras e, nelas, fazer muito networking. São o espaço de contato por excelência. Severo mesmo estará, nos próximos meses, na alemã Womex (que, este ano, será em outubro, na Finlândia) e na SIM São Paulo (em dezembro, na capital paulista). Pelos corredores de eventos assim, passam curadores de grandes eventos, potenciais agentes, selos e distribuidores internacionais: é como viajar o mundo todo divulgando seu trabalho. 

“Vou em busca de interesses e afinidades entre artistas, culturas e marcas para promover uma maior circulação de músicos brasileiros pelo exterior”, define Severo o seu trabalho de prospecção de nomes.

Também na Womex e na SIM estará outra brasileira, Paula Abreu, diretora associada de programação do SummerStage, um enorme festival de música gratuito que acontece em Nova York, sempre durante o verão. Tome nota, ela é uma excelente ligação potencial entre a sua música e o mercado americano. 

Que, como comenta, tem um modelo de indústria da música e da arte muito particular. “Não há investimento público e, quando há, é pouco, mas ao mesmo tempo é um mercado muito estruturado e com uma abundância de profissionais em todos os níveis”, conta, destacando o peso quase total de atores privados na promoção e na divulgação. “O legado da música brasileira no mundo é inquestionável, e isso proporciona uma plataforma privilegiada (de exposição)”, acredita Abreu, que também já trabalhou em festivais como Midsummer Night Swing e Lincoln Center Out of Doors.

Responsável pela curadoria da noite emocionante do SummerStage 2019 que reuniu três artistas brasileiros (Alceu Valença, Cordel do Fogo Encantado e Labaq) no Central Park, com lotação esgotada, ela explica que seu principal critério para trazer um músico aos Estados Unidos é sua relevância no contexto atual da música e da atualidade do Brasil.

Paula Abreu com Alceu Valença durante o SummerStage

“O dia do Brasil dentro do festival conta com uma atração principal, que geralmente é um nome conhecido (este ano foi o Alceu Valença), e com uma ou duas bandas de abertura. Na maioria das vezes, são bandas estabelecidas no mercado nacional, mas ainda sem projeção internacional, ou revelações atuais que eu confio que tenham potencial de carreira internacional. Uma outra preocupação minha é a de representar diferentes regiões do Brasil, sem perder a ligação sonora dentro da programação do dia”, afirma a profissional que, em 2018, levou a banda Baiana System para se apresentar no lendário parque americano. 

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