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Mulheres têm crescimento mais rápido no número de novas filiações à UBC
Publicado em 02/03/2020

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Edição 2020 do relatório Por Elas Que Fazem a Música mostra que, entre os novos associados, elas tiveram salto de 56% em relação ao ano anterior, contra 34% de homens e mulheres somados; evento no Rio dá destaque à produção de grandes criadoras

Do Rio

O índice de novas filiações de mulheres à UBC teve um salto de 56% em 2019, se comparado com 2018. É bastante superior ao crescimento geral (34%) de homens e mulheres somados, mas um dado ainda insuficiente para aproximar-nos da desejada paridade de gênero. Elas continuam sem passar de 15% do quadro total de filiados e ficam com só 9% dos valores distribuídos. É o que revela a terceira edição do relatório Por Elas Que Fazem a Música, lançado nesta semana de intensas reflexões sobre o papel feminino na sociedade, e cujo ponto alto será a celebração do Dia Internacional da Mulher, no próximo domingo.

A partir desta segunda-feira (2), e até a quinta-feira (5), a Casa UBC, no Centro do Rio, receberá a gravação de edições especiais do programa Papo de Música. Promovido pela jornalista Fabiane Pereira, o Papo terá como convidadas Paula Toller, Day, Paula Lima e MC Tha, que compartilharão suas experiências como mulheres criadoras de música. Em breve, os programas editados estarão no canal do Papo de Música no YouTube. E os melhores momentos dos bate-papos integrarão a playlist dedicada às mulheres no canal da UBC no YouTube, recheado de depoimentos de grandes criadoras. 

LEIA MAIS: Mulheres são maioria em só 17% dos grandes festivais

VEJA MAIS: Claudia Assef, organizadora do Women's Music Event, comenta a edição do Por Elas Que Fazem a Música do ano passado

Dados relacionados ao relatório elaborado pela UBC também deverão aparecer ao longo da semana de bate-papos. Ao ser uma iniciativa sem paralelo entre todas as sociedades que compõem o Ecad — e que, pelo tamanho da UBC, é muito representativo do mercado musical brasileiro como um todo —, o Por Elas Que Fazem a Música é um documento que acrescenta grande valor ao necessário debate sobre o tema.

“Promover e ser um dos agentes ativos por uma maior e mais equilibrada participação feminina na música é uma das prioridades da UBC. Perceber a evolução contínua deste quadro nos provoca ainda mais responsabilidade e motivação para trabalhar esta inclusão em todas as nossas frentes e ações. Este relatório é um mapa perfeito da sensibilidade da questão e do muito que ainda deve ser feito para precipitar avanços inadiáveis”, diz Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC.

A evolução à qual ele se refere se traduz nos números das edições anteriores do relatório. No ano passado, por exemplo, com dados de 2018, elas eram 9 entre os 100 maiores arrecadadores, e seu crescimento numérico em relação a 2017 era só dois pontos percentuais maior que o do total de associados (15% contra 13%, respectivamente).

Em 2019, as mulheres melhoraram um pouquinho, mas continuam estacionadas numa incômoda faixa de apenas 10 entre as cem maiores arrecadações com direitos autorais de execução pública musical. Outros dados que o relatório trouxe:

  • As compositoras ficam com 66% do dinheiro distribuído às mulheres. Os compositores recebem 76% do total entregue aos homens, o que revela um maior peso autoral entre eles. 
  • Elas ainda são vistas prioritariamente como cantoras/intérpretes: 27% dos recebimentos de mulheres são para essa categoria, contra 14% dos homens.
  • Produtoras fonográficas só recebem 1% do valor que corresponde às mulheres, contra 2% no caso dos homens. Entre todos os valores transferidos a produtores fonográficos, eles capturam 93%, contra só 7% delas.
  • Como dissemos na abertura do texto, as mulheres só recebem 9% do total distribuído aos associados, dadas a sua pequena presença numérica e o esmagador uso de canções escritas, interpretadas, tocadas e produzidas por homens.
  • Por segmento de arrecadação, a TV aberta (canções executadas na programação dos canais abertos) é a que apresenta maior disparidade de gênero: só 7% dos valores foram para as mulheres. Apesar disso, a TV aberta (20%) só perde para a rádio (25%) como fonte de receita para as associadas. Isso mostra que, no total, elas têm um rendimento global muito aquém da sua potencialidade.

"No relatório deste ano, pela primeira vez, nos preocupamos em analisar a diferença entre homens e mulheres nas fontes pagadoras. A questão da TV mostra um ponto importante a ser atacado. As grandes emissoras têm o poder de mudar essa realidade, contratando novas produtoras de trilha original ou na hora de pensar na sua programação musical. Há um grande potencial criativo que está sendo deixado de lado”, pondera Elisa Eisenlohr, gerente de Comunicação da UBC e idealizadora do Por Elas Que Fazem a Música.

Ela celebra a grande diferença de crescimento numérico entre as mulheres e o conjunto dos associados: “Foi um dado que surpreendeu. Demonstra que é possível mudar uma realidade de desigualdade ou, pelo menos, mover-nos nesta direção.”

Para a compositora e cantora Paula Fernandes, a tomada de consciência das mulheres é um passo vital na direção da igualdade: "A desproporção no mercado, infelizmente, é histórica. Nós, mulheres, temos que mudar isso. Tenho muito orgulho da minha trajetória e de saber que sou uma das que contribuem (para diminuir a desigualdade). Não podemos desistir. Temos artistas talentosíssimas no país que merecem mais reconhecimento."

O relatório completo está disponível aqui no site. Analisá-lo nos ajuda a pensar em soluções para acelerar a redução da desigualdade entre homens e mulheres, uma preocupação sem volta da UBC. E que se reflete no evento que promoveremos esta semana. Participe das discussões e envie suas dúvidas, ponderações e histórias através das nossas redes sociais.


 

 



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