Cantor, compositor e músico alagoano se soma à onda de grandes criadores brasileiros que pedem reflexão e ação em meio ao conturbado panorama pré-eleição
Do Rio
Foto de Nana Moraes
Em resposta à cacofonia das amargas discussões políticas, das agressões nas ruas, das notícias falsas nas redes sociais, música. Mais um grande compositor brasileiro dá seu quinhão para o debate sobre o estado do país e do mundo e lança uma canção-manifesto que conclama à reflexão e à ação. É Djavan, com o recém-lançado single “Solitude”, primeira das faixas do seu próximo álbum, “Vesúvio”, que sai pela Sony Music/Luanda Records no próximo mês de novembro. A batida pop ditada pelo violão do cantor, compositor e músico alagoano abre a música, que traz uma série de mensagens potentes que os dois polos enfrentados nesta turbulenta eleição precisam escutar.
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“Quanta dor/ Muita dor/ Parece tarde/ Falar de amizade/ Ver com o coração/ E desse jeito/ Reparar defeito/ Estendendo a mão”, canta Djavan num trecho do manifesto, que expõe a destruição das guerras — as reais e as metafóricas, como a que vivemos. “Amor em queda/ Mesmo tal moeda/ Perde cotação/ Um mundo louco/ Evolui aos poucos/ Pela contramão”, ele prega em outra parte. E convoca: “Quem é que sabe/ O quanto lhe cabe/ Dessa solitude?/ Por isso a hora/ De fazer é agora/ Tome uma atitude.”
“Estamos vivendo um momento de grande incerteza no Brasil e no mundo, tudo é complexo, confuso e nebuloso. Estou apreensivo com o futuro, todas as possibilidades são complicadas”, analisa Djavan, que faz alusão não só ao ódio perigoso da extrema-direita e ao rancor da esquerda que se enfrentam no segundo turno das eleições brasileiras mas ao avanço dos extremistas xenófobos na Europa e nos Estados Unidos e aos conflitos bélicos ativos em lugares como a Síria. “O erro invade/ Tudo o que é cidade/ Cai na imensidão/ Guerra vende armas/ Mantém cargos/ Destrói sonhos/ Tudo de uma vez”, denuncia o artista.
A ideia de lançar o single agora, semanas antes da chegada do álbum, não foi gratuita. Com “Solitude”, Djavan espera poder contribuir para a necessária pacificação dos ânimos no Brasil nestes dias que antecedem a decisiva escolha do próximo presidente da República. Para isso, ele convocou históricos parceiros, como o guitarrista Torcuato Mariano e os pianistas Paulo Calazans e Renato Fonseca, e dois músicos novos, o baixista Arthur de Palla e o baterista Felipe Alves, para formar a banda que deu cara e som ao seu 24º disco de carreira.
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Confira a letra do primeiro single:
Solitude
(Letra e música de Djavan)
Amor em queda
Mesmo tal moeda
Perde cotação
Um mundo louco
Evolui aos poucos
Pela contramão
O erro invade
Tudo o que é cidade
Cai na imensidão
Guerra vende armas
Mantém cargos
Destrói sonhos
Tudo de uma vez
Sensatez
Não tem vez
Vidas fardos
Meros dados
Incontáveis casos
De desamor
Quanta dor
Muita dor
Parece tarde
Falar de amizade
Ver com o coração
E desse jeito
Reparar defeito
Estendendo a mão
Guerra vende armas
Mantém cargos
Destrói sonhos
Tudo de uma vez
Sensatez
Não tem vez
Vidas fardos
Meros dados
Incontáveis casos
De desamor
Quanta dor
Muita dor
Quem é que sabe
O quanto lhe cabe
Dessa solitude?
Por isso a hora
De fazer é agora
Tome uma atitude.