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Anaadi: fórmula independente para brilhar no Grammy Latino
Publicado em 18/10/2018

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Gaúcha indicada em quatro categorias do prêmio mais prestigioso da música em espanhol e português pelo álbum de estreia, "Noturno", fala sobre a autoprodução do disco e sobre o primeiro clipe, da canção "É Fake"

De São Paulo 

Foto de Raul Krebs

Ela surgiu na edição de 2013 do The Voice Brasil, da TV Globo, brilhou, acabou eliminada no nono episódio e, aparentemente, desapareceu para o grande público. Mas a gaúcha Ana Lonardi, agora conhecida como Anaadi, não estava de modo algum ausente dos palcos e estúdios; estava fermentando seu potente primeiro trabalho, o totalmente independente álbum “Noturno”, um amálgama de MPB, pop e uma inconfundível batida brasileira com tempero jazz. As onze faixas surpreenderam e conquistaram a crítica, rendendo à artista nada menos do que quatro indicações ao Grammy Latino deste ano. 

LEIA MAIS: Os associados indicados ao Grammy Latino deste ano

Uma das canções, “É Fake (Homem Barato)”, concorre na categoria principal, a de Gravação do Ano, ao lado de nomes como Jorge Drexler, J Balvin, Rosalía e Pablo Alborán. Nos próximos dias, o clipe, produzido na semana passada, será lançado no canal oficial dela no YouTube. 

Nas categorias gerais, Anaadi também disputa o troféu de Artista Revelação e o de Melhor Engenharia de Gravação e, nas exclusivas da língua portuguesa, Melhor Álbum de Pop Contemporâneo.

“Fiquei bastante surpresa, por eu não ser famosa e ter tantas indicações. Ao mesmo tempo, me sinto muito feliz, realizada, valorizada! Tenho notado que os estrangeiros muitas vezes gostam mais da minha música do que os brasileiros. Esses sinais que a vida nos traz ajudam a conduzir um caminho”, ela diz, destacando que a viagem que fará para assistir à cerimônia de premiação, no próximo dia 15 de novembro, em Las Vegas, será sua segunda aos EUA este ano. “A primeira foi a convite de um festival em Nova Orleans. Dias depois, me apresentei em Nova York também. Agora farei a segunda viagem e já estamos fechando uma turnê por algumas cidades como Los Angeles, San Diego e Miami. As indicações abrem portas e agregam valor ao trabalho. Isso é muito bacana!”

Confira o que mais ela disse em entrevista ao site da UBC:

 

Por que enfrentar a aventura de fazer um disco de modo independente? Houve a possibilidade de fazer por gravadora?

Fiz um disco independente porque foi o único caminho que encontrei de concretizar o projeto. Os editais em que inscrevi o disco não se interessaram, empresas também não. Fui sondada por um selo pequeno e fiz uma reunião com uma gravadora grande, mas já estava muito longe no processo para fazer acordos de distribuição baseados em incertezas. Tenho a impressão de que é muito difícil de contar com patrocínios no Brasil quando você ainda não é conhecido. Mas, como se tornar conhecido sem uma obra? Nos EUA, ainda que não seja fácil também, vejo empresas, rádios ou até gravadoras investindo em novas apostas. Aqui me parece algo quase impossível. Então achei melhor eu ser a dona da obra e distribuí-la também de forma independente. Assim eu teria liberdade para batalhar por qualquer oportunidade que quisesse.

Qual a principal vantagem e a principal desvantagem de ser independente? 

O caminho independente tem suas dificuldades, entre elas o fato de você não ter uma estrutura de poder que o apresente a possíveis catalisadores do seu trabalho no mercado, como artistas, influenciadores e produtores. E a principal delas: o fato de você não ter ninguém investindo dinheiro a não ser você mesmo ou, no caso de crowdfundings, as pessoas que consomem a sua música. Mas tem suas vantagens também. A principal delas é a liberdade em todas as etapas dos processos de criação e produção. Alem disso, me gratifico com a dimensão humana e ética do trabalho independente. Muitas vezes se consegue driblar o que era impedimento material através de parcerias e colaborações entre as pessoas que acreditam na música e no trabalho que está sendo feito. É lindo ver que há pessoas tão verdadeiras e generosas que fazem arte de forma idealista, e de alguma forma investem junto.

Há vários indícios de alguma coisa nova acontece na música gaúcha. Há mesmo uma renovação?

Eu acho que nossa cultura é diferente, bebe em outras fontes, então isso acaba afastando um pouco nossas produções do cenário musical brasileiro. Não sei se temos um papel de vanguarda, mas sei que tem grupos que admiro muito no Rio Grande do Sul e que, independentemente do estilo, estão se propondo a fazer música de forma livre, sem se se influenciar muito pelo circuito comercial. Se, por um lado, isso pode nos afastar do mercado, por outro traz também uma liberdade artística. O investimento na qualidade de composição, de execução, nos arranjos e na produção musical tem sido uma tônica em diversos trabalhos gaúchos. Acho que as indicações ao meu disco falam também disso. 

Como foi a produção do clipe de “É Fake”? E qual a ideia por trás?

A ideia desse clipe é ser um manifesto pelo protagonismo feminino e LGBT, especialmente neste momento histórico e político em que vivemos. A ideia da música é um reposicionamento de quem sempre esteve no lugar de “escolhido” ou “não escolhido” para o lugar de “quem agora escolhe”. O clipe materializa isso, dando voz a essas pessoas fora do padrão de poder, para que agora elas digam quem elas querem e quem elas não querem; para que elas decidam quem é fake, quem é de verdade, quem é desejável e quem é desprezível. São mulheres de várias cores, tamanhos e gêneros, homens gays e travestis. Pessoas que representam as vozes que ecoam essa letra e esse manifesto. A direção é do Leo Bracht, produtor do disco, e a direção de fotografia é da Lívia Pasqual. 

 

 


 

 



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