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Deezer propõe mudar forma de pagar e causa terremoto na indústria
Publicado em 18/09/2019

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Serviço de streaming francês planeja abolir o cálculo global através de cota de mercado e centrar-se nos usuários, cujas audições serão calculadas individualmente, o que permitiria que o dinheiro fosse transferido unicamente aos artistas ouvidos por cada um

De São Paulo

O anúncio da Deezer, esta semana, de que quer implementar um novo método de distribuição das receitas do seu serviço de streaming vem provocando um pequeno terremoto na indústria musical. Apesar de a plataforma francesa não ocupar o top 5 das maiores do planeta (com 14 milhões de assinantes, está na décima posição, segundo um levantamento da revista “Forbes” publicado no ano passado), sua decisão de descartar o velho método de cota de mercado e adotar outro focado nas músicas efetivamente ouvidas por cada usuário pode influenciar todo o setor — caso venha a ser efetivamente adotada.

Atualmente, como se sabe, os valores entregues aos artistas cujas músicas estão em plataformas como Spotify, Apple Music, Pandora, Amazon Music (que estreou no Brasil oficialmente nesta quinta-feira, 12) e, também, Deezer obedece à seguinte lógica: soma-se todo o dinheiro arrecadado com assinaturas e anúncios e distribui-se aos titulares um percentual correspondente à sua cota num determinado mercado. Ou seja, os grandes do mainstream ficam com a maior parte do dinheiro, e artistas de nicho ou titulares de repertórios antigos — e, portanto, menos ouvidos — não recebem quase nada.

A nova fórmula, chamada UCPS (user-centric payment system, ou sistema de pagamento centrado no usuário) não se centra nos artistas, mas nos assinantes. O dinheiro das assinaturas será distribuído entre os artistas que cada um dos assinantes efetivamente ouvir. Ou seja, tomando-se o exemplo anterior dos artistas de nicho ou de canções antigas que tenham poucos mas fiéis fãs, esses titulares receberão sua participação, caso tenham tido audições, sem ter que passar por um "injusto" cálculo global.

De acordo com a Deezer, a discussão sobre a mudança levou anos e atende a reiterados pedidos de muitos dos atores deste mercado que cresce exponencialmente, tornando-se cada vez mais o grande alicerce da indústria musical. Entre as entidades e personalidades que demonstraram apoio público à ideia estão a entidade francesa UPFI, que representa os produtores fonográficos independentes, associações de empresários como a MMF e personalidades como Pascal Nègre.

Um dado importante: por enquanto, nada mudou, e a Deezer não tem prazo para tornar o novo sistema efetivo. “Tecnologicamente estamos prontos, mas a fórmula atual de cálculo é contratual, então precisamos da aprovação dos titulares para mudar o sistema corrente. Vai levar tempo até que todo mundo esteja a bordo. Sempre haverá a tentação de que alguns titulares (de gêneros mais populares) se atenham unicamente aos seus interesses pessoais em vez de abraçar um panorama mais justo”, descreve a companhia num comunicado oficial enviado à UBC.

“O streaming foi o grande propulsor da inovação na indústria musical. As tecnologias digitais e (as análises de) dados tornam mais fácil do que nunca que todos os artistas e criadores tenham um campo de jogo mais justo. Uma lógica focada no usuário é o próximo passo óbvio e significará que os fãs apoiarão diretamente os artistas que eles amam”, explica Alexander Holland, diretor mundial de conteúdo e estratégia da Deezer.

Outro ponto favorável destacado pela plataforma é que a medição do consumo de cada um dos assinantes e usuários será uma eficaz forma de combate aos bots que, com frequência, são usados para fraudar o total de streamings, permitindo que determinados artistas tenham uma remuneração injusta e desproporcional. É que, como cada usuário passará a “pagar" diretamente ao artista que ouve, os supostos beneficiados dessa fraude de streamings terão à sua disposição unicamente o dinheiro aportado pela própria conta-robô, não recebendo um centavo advindo das assinaturas de usuários normais que não escutaram aquela música. “Poder nos livrar desses robôs é um bônus e assegurará que o dinheiro da assinatura vá para onde deve, os artistas de que os fãs gostam”, afirma Holland.

As discussões com os titulares estão mais avançadas na França, onde a Deezer tem sua sede e é líder de mercado. Mas outras praças chave, como o Brasil, estão entre as prioridades da empresa para a divulgação do novo método. Nos próximos meses, conforme avancem as discussões, você terá atualizações aqui no site da UBC, na Revista e através dos nossos outros canais de comunicação (redes sociais e newletter). Fique ligado.


 

 



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