Somadas, majors arrecadaram quase US$ 13 bilhões globalmente, incluindo gravação e edição; streaming continua a liderar resultados
De São Paulo
A divulgação, esta semana, dos resultados da Warner Music e da Sony Music no primeiro semestre deste ano — a Universal já havia soltado seus números no final de julho — confirma o excelente momento para a música gravada mundialmente. As três majors geraram, entre seus negócios de gravação e edição, US$ 12,99 bilhões, ou US$ 1 bilhão a mais do que no mesmo período de 2022.
Isoladamente, todas elas tiveram saltos expressivos nas receitas. Universal, a maior do planeta, somou US$ 5,556 bilhões (+7,8% em um ano); Sony, a segunda, alcançou US$ 4,465 bilhões (+11,15%); Warner, a terceira, chegou a US$ 2,963 (+5,5%).
Se analisadas as operações de edição e gravação separadamente, os resultados são interessantes. Na edição, a Sony assume o primeiro lugar mundial, com US$ 1,047 bilhão (alta de 10% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022). A Universal vem depois, com US$ 961 milhões (+3,55%), e a Warner fecha a lista, com US$ 540 milhões (+13,7%).
No caso da música gravada, a Universal mantém o primeiro posto, com US$ 4,613 bilhões em receitas (alta de 8,6%). A Sony vem em seguida, com US$ 3,417 bilhões (+11,5%), e a Warner aparece em terceiro mundialmente, com US$ 2,425 gerados (+3,8%). Estes valores incluem o negócio de gravação/distribuição de música gravada e também negociações de merchandising.
Ainda dentro do contexto da música gravada, é interessante observar como o streaming continua a representar algo como 66% das receitas totais, consolidando-se como o grande motor de crescimento anual das gravadoras. Somadas, as três arrecadaram US$ 6,9 bilhões em royalties pagos pelas plataformas de streaming de áudio e vídeo. Sozinha, a Universal abarcou 43% do total; a Sony, quase 34%; e a Warner, 23%.
Vale lembrar que esse resultado de streaming ainda não está impactado — ao menos não expressivamente — pelos recentes aumentos nos preços das assinaturas promovidos só algumas semanas atrás por Spotify e Tidal, por exemplo. Analistas do mercado, portanto, esperam que os próximos resultados trimestrais e semestrais das três majors tragam ainda melhores números advindos do streaming.
“No mês passado, Tidal, YouTube e Spotify seguiram Apple, Amazon e Deezer e aumentaram seus preços”, disse o diretor-executivo do Warner Music Group, Robert Kyncl, ao anunciar o balanço da empresa esta semana. “Foi a coisa certa a fazer, do ponto de fiscal. Para eles e para a comunidade criativa. Gostaria de agradecer a todos por terem dado esse importante passo.”
Para especialistas, não só as gravadoras se beneficiam dos aumentos nas assinaturas, que, em geral, foram da ordem de 20%, depois de mais de 15 anos congelados nos mercados maduros. Também os compositores tendem a receber mais royalties pela execução das suas músicas nas plataformas.
Foi o que concluiu um estudo feito ano passado pelo pesquisador Emmanuel Legrand para o Gesac, o Grupo Europeu das Sociedades de Autores e Compositores. De acordo com os cálculos de Legrand, a maior parte das receitas dos titulares de direitos no streaming vem de assinaturas premium, com as assinaturas gratuitas e seus anúncios gerando 10 vezes menos royalties. Ou seja, assinaturas premium mais caras = mais ganhos para os titulares de direitos autorais.
"(A subida dos preços) beneficia autores e compositores, que provavelmente verão um aumento nas receitas à medida que o volume geral de usuários e as taxas de assinatura crescerem. Uma vez que a receita de streaming cresça, a divisão da receita alocada a autores, compositores e editores de música deve evoluir de maneira mais justa", ponderou Legrand.
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