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A corrida pelo hit do carnaval
Publicado em 06/03/2019

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Atentos à resposta do público, autores das canções que mais bombam na temporada da folia surfam o sucesso movido a cliques no YouTube e à ajuda de celebridades e influencers nas redes sociais

Por Andrea Menezes, de Brasília 

Foto de divulgação do clipe "Piscinha, Amor", com os cantores Whadi Gama e Gretchen (ao centro) e os 'influencers' João Quirino e Isabel Nogueira

“Favela Chegou” e mergulhou na “Piscinha, Amor”. Fez barulho tipo "Terremoto", tocou a “Buzina” das rádios e redes sociais e pregou “Coisa Boa” e alegria, porque, no carnaval, “Homem Não Chora” e quer mais é saber de “Xenhenhém” e “Lepo Lepo”...

Não entendeu nada? A gente também não. Mente quem se diz capaz de prever com 100% de acerto o hit que vai bombar, a cada temporada carnavalesca — como alguns destes aí acima, os mais executados durante a festa nos últimos cinco anos. Mas uma coisa é óbvia: a fórmula deve passar necessariamente por mensagens de curtição, hedonismo ao máximo, ilusões e desilusões amorosas (com humor), batida dançante e um bom refrão chiclete com coreografia engraçada. De preferência, dançada por um jogador de futebol influencer nos dias prévios aos festejos e, principalmente, colhendo milhões de views no YouTube. 

A parte do jogador, para o jovem baiano Whadi Gama, de apenas 17 anos, foi a mais fácil. “Eu peguei uma frase do Egídio (jogador de futebol da equipe do Cruzeiro, estrela nas redes sociais com milhões de seguidores, e que elogiou o caráter 'piscinha' do mar num post durante uma temporada de férias). Escrevi a letra, musiquei com a ajuda de um amigo e lancei numa gravação simples. Tive a sorte de o próprio Egídio, do Fred e de outros jogadores cantarem e ajudarem a espalhar. Nunca imaginei que viraria o que virou”, diz Whadi, que inscreveu seu nome na história dos fazedores de hits carnavalescos quando as estrelas Ivete Sangalo e Claudia Leitte cantaram a música em desfiles prévios dos seus respectivos blocos em Salvador. 

Com 6,5 milhões de visualizações só em uma de suas versões, o vídeo da música bombou no YouTube nas últimas semanas. Junto de outros como “Jenifer” (Júnior Lobo, Allef Rodrigues, Juninho Avelar, Fred Willian, Thallys Gui, João Pala, Léo Sousa e Thawan Alves), “Atrasadinha” (Diego Barão, Winnie Nogueira e Léo Brandão), "Terremoto" (Jefferson Junior e Umberto Tavares), "Coisa Boa" (Gloria Groove, Pablo Bispo, Sergio Santos e Ruxell), "Vamos Pra Gaiola" (MC Kevin o Chris) e "Só Depois do Carnaval" (Anderson Brito, André Vieira, Pedro Breder e Wallace Vianna).

De fato, a golpes de cliques, é cada vez mais frenética a corrida por lançar antes a música candidata a embalar as festas de rua, blocos e rádios e programas de TV. Estar atento à resposta do público e reposicionar a canção, neste sentido, é vital para aumentar os rendimentos com direitos autorais. Não tanto pelos pagamentos (ainda baixos) do streaming, notadamente do YouTube, mas pelo potencial difusor que a plataforma representa.

“Tanto 'Lepo Lepo' quanto 'Xenhenhém' não eram as canções de trabalho, o sucesso inesperado junto ao público nos levou a mudar a estratégia”, explica Márcio Victor, líder da banda baiana Psirico, por trás dos hits que embalaram os carnavais de 2014 e 2015. Em ambos os casos, ele conta, os clipes foram gravados rapidamente para ampliar a possibilidade de colher cliques e permitir que a música embarcasse na “cauda longa da internet”, sem sair das listas de mais executadas. 

Para o clipe de “Piscininha”, Whadi decidiu convidar uma estrela sempre em evidência nas redes sociais, a cantora e dançarina Gretchen, que aceitou ser a protagonista do vídeo. O foco na resposta do público, e no potencial difusor pelo YouTube, fica evidente pelas participações dos influencers João Quirino e Isabel Nogueira, ambos com perfis e canais bombados e repletos de seguidores. 

Já no caso de outro hit da folia deste ano, “Favela Chegou”, parceria de Ludmilla e Anitta, o apelo ao cada vez mais popular funk (agora em versão mais rápida, de 150 batidas por minuto, contra os tradicionais de 130 e 90 BPM), ao orgulho de vir de comunidades e à presença de duas das maiores estrelas da música pop brasileira fez o trabalho quase todo sozinho. Com quase 11 milhões de visualizações em menos de uma semana, os vídeos da música (que ainda nem ganhou clipe oficial) mostram o poder da exploração certeira do maior portal de vídeos para propagar um hit.

A distribuição de carnaval ocorre no próximo mês de maio, e, na Revista UBC do mesmo mês, você lerá uma reportagem sobre as (possíveis) razões que mantêm um hit carnavalesco no topo das paradas por vários anos.

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